
Projeto
reforça valor da pesquisa e da arte na Educação
Estimular o aprendizado através da arte e da pesquisa. Esta é a proposta
do projeto Expocambaúba desenvolvido pela escola Modelar Cambaúba, localizada
na Ilha do Governador. Em forma de exposição anual, a atividade envolve
todos os alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, reunindo trabalhos
desenvolvidos entre o primeiro e o segundo bimestres.
A Expocambaúba surgiu na escola há quatro anos em substituição a outros
dois projetos – o Geociências e a Festa da Cultura. O primeiro era voltado
para as atividades de pesquisa, já o segundo, para as de artes visuais.
No entanto, para um melhor aproveitamento da grade curricular, a coordenação
decidiu unir as duas áreas. E o resultado foi o melhor possível. Embora
a participação dos estudantes não seja obrigatória, os professores garantem
que a adesão é de quase 100%.
A exposição começa a ser elaborada em maio. A cada ano é escolhido
um tema que servirá de base para o trabalho com os alunos. Os professores
se reúnem e definem o assunto que será levado para a sala de aula. Pode
ser uma data comemorativa, um acontecimento social ou um fato histórico.
No final do encontro, são apresentados dois temas às turmas, as quais
vão eleger aquele que considerarem melhor para trabalhar. Este ano, as
opções foram “América Latina” e “A Paz Invadiu o Meu Coração”.
Venceu o segundo. E a missão dos estudantes foi, por meio da pesquisa
e da arte, mostrar os motivos que levam o homem a fazer a guerra e os
caminhos para se atingir a paz.
“Foram quatro meses de muito trabalho. Mas valeu a pena. O envolvimento
dos alunos foi muito bom e os trabalhos apresentados tinham muita qualidade.
Eles fizeram painéis, peças teatrais, interpretaram canções etc. O resultado
foi excelente”, comemora a professora Vera Lúcia Martins de Carvalho,
coordenadora de História e Geografia e uma das responsáveis pela organização
da Expocambaúba.
Processo
Após
a eleição que define o tema central da exposição, os professores escolhem
subtemas que são passados aos alunos do segundo segmento do Ensino
Fundamental até o Ensino Médio por meio de sorteio. Nas turmas da Educação
Infantil e do primeiro segmento do Ensino Fundamental, os subtemas são
selecionados de acordo com a faixa etária e desenvolvidos a partir de
atividades realizadas em salas de aula. “Comunidades Indígenas
e a Paz”, “Violência Contra a Criança”, “Drogas: Tô Fora!”,
“Paz nas Escolas” e “Hiroshima e Nagasaki Nunca Mais” foram
alguns dos assuntos sorteados. A Educação Infantil trabalhou os “Direitos
das Crianças”; o C.A. ficou com “Paz, Compromisso Com o Outro”;
a 1.ª série, com “Infância, Compromisso Com a Paz”; e a 2.ª série, com
“O Homem e a Natureza, Compromisso Com a Paz”.
Para os alunos que tiveram temas sorteados, foi escolhido um professor-orientador
o qual ficou encarregado de ajudá-los nas pesquisas e na elaboração dos
trabalhos. Os estudantes se dividiram em grupos para executar as tarefas.
Segundo a professora Vera, o número máximo de participantes por grupo
era de cinco estudantes. Também era permitida a formação de equipes entre
alunos de duas turmas diferentes da mesma série. “Queríamos o máximo de
12 trabalhos por série para que a exposição não ficasse muito sobrecarregada”,
justifica.
Todas as disciplinas foram envolvidas no projeto – até a Educação Física
ganhou espaço com o subtema “Esporte Como Agente da Paz” – embora
o tema e os subtemas não fossem, necessariamente, vinculados aos conteúdos
programáticos das séries. Por isso, explica a coordenadora, os alunos
tiveram horários específicos, depois das aulas, para fazer a pesquisa
acadêmica relacionada ao assunto que iriam apresentar.
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A
Expocambaúba ocupou as salas de aula, o pátio e a quadra da escola. Os
painéis produzidos nas aulas de artes visuais foram utilizados na decoração
dos espaços, enquanto os trabalhos de pesquisa deram conteúdo à exposição.
A exemplo do que acontece nas tradicionais feiras de ciências, os estudantes
da Cambaúba montaram estandes através dos quais, com o auxílio de maquetes
e quadros, mostravam aos visitantes os detalhes de cada trabalho.
“O envolvimento deles com o projeto é tão grande que a maioria dos grupos
chega a criar camisetas ou se caracterizar de acordo com o tema. O pessoal
que falou sobre as comunidades alternativas, por exemplo, estava vestido
em estilo hippie”, conta Vera.
Um dos grandes estímulos para a participação dos alunos na Expocambaúba
é o fato de o projeto representar uma nota a mais (de zero a dez) no terceiro
bimestre. A avaliação dos trabalhos é feita pelo professor-orientador
durante todo o processo de elaboração até a apresentação. Vera Lúcia explica
que a postura e o comportamento dos estudantes na montagem e desmontagem
da exposição também são levados em conta pelo professor.
Com isso, pessoas do mesmo grupo podem obter notas diferentes. O melhor
é que os alunos podem escolher, dentre as disciplinas com as quais o tema
do seu trabalho estiver relacionado, aquela em que a nota da exposição
poderá ser aproveitada.
Canções da Paz
Além dos trabalhos
de arte e das pesquisas, os professores de Língua Portuguesa selecionaram
letras de músicas que falavam sobre a paz e distribuíram aos colegas para
que fossem trabalhadas em sala de aula. Na coletânea, estavam sucessos
como A Rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes; A Paz,
de Gilberto Gil e João Donato; O Sal da Terra, de Beto Guedes e
Ronaldo Bastos; e a clássica Imagine, de John Lennon. Durante a
Expocambaúba, foi apresentada ainda a peça “Ditadura, Anos de Chumbo”
pelo grupo de teatro da escola, formado por alunos de várias séries.
A exposição teve, ainda, um espaço para a solidariedade: em parceria com
um grupo de pais que trabalha no Hospital Municipal Nossa Senhora do Loreto,
também na Ilha do Governador, a direção da escola solicitou que cada família
que fosse participar do evento levasse uma lata de leite em pó. Foram
arrecadadas cerca de 430 unidades.
“O objetivo de nossos projetos é mostrar que não estamos apenas preocupados
em ter um bom conteúdo nas salas de aula. Queremos formar cidadãos plenos,
por isso lançamos mão dos projetos. Esse tipo de trabalho dá ao aluno
instrumentos para analisar e criticar o meio onde vive, além de capacitá-lo
para transformar a sociedade na qual está inserido”, explica Maria Masello
Leta, diretora pedagógica.
“Atualmente, é preciso desenvolver o aluno culturalmente, na sua dimensão
ética e estética.Isso é que é formar um ser humano”, conclui Maria, acrescentando
que a Escola Modelar Cambaúba é uma associação de pais e, a cada dois
anos, é eleita uma nova diretoria para gerir a unidade financeira e administrativamente.
Escola
Modelar Cambaúba
Tel.: (21) 2462-3583
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