
Alunos
de 5.ª a 8.ª Série realizam trabalho interdisciplinar e mostram a contribuição
de diferentes culturas no desenvolvimento político-social brasileiro
Por Tony Carvalho
Abordar as
transformações ocorridas ao longo da história a partir dos avanços da
Matemática, da Ciência e da evolução da Língua Portuguesa foi o grande
desafio dos alunos do 2.º segmento do Ensino Fundamental da Escola Municipal
Monte Castelo, localizada em Coelho Neto, durante a culminância da II
Feira de História, a qual abordou o tema “Só a História Conta”.
Para o professor Jonas Vieira Lima, um dos coordenadores da Feira, o ponto
alto do evento foi conseguir congregar todas as disciplinas em um mesmo
projeto sem perder o fio condutor. “Para cada uma das séries foi proposta
uma abordagem diferente, até para que o alunato tivesse a oportunidade
de trabalhar outros assuntos que não fizessem necessariamente parte da
grade curricular”, explica.
Um desses temas enfocados foi o movimento sindical brasileiro, desde o
seu surgimento até os dias de hoje. Paula e alguns de seus colegas de
8.ª Série confeccionaram uma maquete retratando as atividades sindicais
e as manifestações de trabalhadores. “Aqui no Brasil, os primeiros sindicatos
surgiram em 1930 e, hoje, são mais de 8 mil. Isso também faz parte da
história, até porque o nosso presidente eleito é oriundo dos movimentos
sindicais”, frisa.
Já os alunos de 6.ª Série viajaram pela história para contar a vida do
imigrante brasileiro e as contribuições trazidas por eles para a construção
do país. Outra turma, também de 6.ª Série, trabalhou com as transformações
sociais e as diferenças entre grupos sociais e culturais. Um painel retratou
a aparência física de brasileiros que moram no campo e nas grandes cidades.
Maquetes e painéis reproduziram as diferentes manifestações culturais
características de cada região do país. O carnaval, as festas juninas
e o folclore, com suas lendas e mitos, não foram esquecidos.
A professora
de Língua Portuguesa e Língua Espanhola, Rogéria Pereira da Costa, abordou
as contribuições africanas na nossa língua. “Fizemos um trabalho de rastreamento,
via Internet, na busca de sites que indicassem essa contribuição e encontramos
várias vertentes em campos semânticos (estudo das mudanças ou translações
sofridas, no tempo e no espaço, pela significação das palavras), que podem
ser encontradas na religiosidade, na culinária e em outras atividades
do nosso povo. Estudamos a lingüística e dialetos, além de identificarmos
traços culturais que permanecem até hoje sem que nós percebamos”, atesta.
Como recurso bibliográfico, os alunos utilizaram um dicionário etimológico
e, segundo a professora, a metodologia aplicada foi, inicialmente, a procura
de palavras com introdução histórico-geográfica, seguida de pesquisa de
material icônico e ilustrações da época do Brasil Colônia, buscando correlacionar
os textos com as imagens.
Para apresentar
os trabalhos de suas turmas, a professora Rogéria utilizou os recursos
multimídia da escola. Berenice, professora de Língua Portuguesa, também
explorou o mesmo tema. “Estudamos a influência das línguas africana e
indígena na Língua Portuguesa, identificando as palavras incorporadas
ao nosso vocabulário. Os alunos montaram painéis sobre prefixos e sufixos
que comprovam essa influência”, afirma.
Cremilda Maria de Santana, professora de 7.ª Série, abordou a influência
do tupi na sintaxe e no léxico da Língua Portuguesa e explicou como os
bandeirantes colaboraram na divulgação desse vocabulário tupi durante
as entradas e bandeiras.
|
Roberto
Pereira, professor de Geografia, destacou a ocupação do espaço pelo
homem. “A idéia foi retratar, de forma simples, a história da humanidade
em três etapas: na primeira, o surgimento do homem, dando início à ocupação
da terra. Os alunos fizeram uma maquete, com o uso de massas, representando
o homem primitivo da caverna. Na segunda etapa, retrataram o homem se
organizando em grandes civilizações, com destaque para a Grécia Antiga
e o Império Romano. E, na terceira, o surgimento da indústria, que determinou
a vida atual da sociedade capitalista”, explica.
Creude, professora
de História da 5.ª Série, trabalhou a cultura árabe e suas contribuições
para o Ocidente durante o período de expansão, ressaltando o respeito
que se deve ter com os diferentes cultos e religiões. “No momento de
globalização em que vivemos, é importante aprender a entender e a respeitar
outras culturas, conhecendo suas diferenças e aprendendo a conviver
com elas”, afirma.
Miguel,
professor de Ciências, relacionou fatos históricos às contribuições
dos cientistas. Anderson, aluno da 5.ª Série, se preparou para explicar
a biografia de cientistas que escreveram seus nomes na história. A estudante
Alessandra produziu painéis sobre Carlos Chagas, Osvaldo Cruz, Albert
Einstein, Galileu Galilei, entre outros. Os alunos de 6.ª Série enfocaram
as relações ecológicas positivas e negativas, como a biodiversidade
e os desmatamentos.
A professora Deise Mara Matos, responsável pelo projeto de Educação
Religiosa na escola, trabalhou a diversidade religiosa no país. As turmas
construíram uma espécie de teia, que representava as várias opções religiosas.
Na mesma sala, o visitante se deparava diante de um espelho, simbolizando
o encontro com ele mesmo. “Sem dúvida, um dos grandes avanços da nossa
sociedade é a liberdade religiosa. Afinal, o indivíduo é livre para
escolher o seu caminho”, afirma.
A professora
ressalta que os alunos trabalharam não por causa de uma nota, mas movidos
pelo sentimento de participação e cooperação. Maria Lúcia, professora
de Educação Musical, inseriu a sua disciplina no projeto fazendo com
que seus alunos viajassem no tempo para resgatar a origem das canções,
com destaque para a Música Popular Brasileira e a folclórica.
Já os professores de Matemática trabalharam com figuras geométricas,
mostrando como a Geometria se fez presente ao longo da história. Os
alunos apresentaram a classificação dos poliedros e montaram maquetes
representando cidades construídas a partir de figuras geométricas. “Os
arquitetos primitivos já se inspiravam nessas figuras para desenvolver
os seus projetos”, explica Monique, aluna da 6.ª Série. O Ábaco, um
instrumento para efetuar operações algébricas elementares, também foi
representado. Os alunos reproduziram essa espécie de calculadora primitiva
e, durante a feira, explicavam aos visitantes como e em que época ela
foi utilizada.
A feira contou,
ainda, com palestras sobre três temas: as transformações sociais ocorridas
no Brasil, os movimentos sindicais, e a história do rádio. Um dos palestrantes
foi o comunicador Pedro Augusto, da Rádio Tupi, que considera o rádio
uma testemunha da história do país. “Pelo imediatismo com que transmite
as informações, o rádio, além de um grande companheiro, é o veículo
de comunicação de maior alcance e sempre se fez presente nos grandes
fatos que marcaram a nossa história”.
Anderson, aluno de 8.ª Série, apresentou um trabalho sobre a evolução
da imprensa no mundo, destacando as antigas máquinas tipográficas e
a revolução tecnológica no setor. Taís, da 7.ª Série, encarregou-se
de contar a história da Televisão e do Rádio no Brasil. Os estudantes
confeccionaram vários modelos de rádio, utilizando madeira e papelão.
A professora
Ademilde da Paixão Santana, que também coordenou a feira, ressalta que
o objetivo de integrar o alunado e conhecer a história de uma forma
mais dinâmica foi alcançado. “Houve um envolvimento dos alunos, que
participaram exaustivamente de todas as atividades, desde a fase de
pesquisa até a produção de murais, painéis e maquetes. Do ponto de vista
cultural, o resultado foi enriquecedor, porque o aluno pôde ligar vários
fatos a outros e ainda contextualizar o que a história conta”, conclui.
Escola Municipal Monte Castelo
Tel.: (21) 3372-6587
|