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Carl
Rogers nasceu em Chicago em 1902. Formado em História e Psicologia, aplicou
à Educação princípios da Psicologia Clínica e foi psicoterapeuta por mais
de 30 anos.
No Brasil, suas idéias tiveram difusão na década de 70, em confronto direto
com as idéias comportamentalistas (behaviorismo), que teve em Skinner
um de seus principais representantes.
Rogers é considerado um representante da corrente humanista, não diretiva,
em Educação. O rogerianismo na Educação aparece como um movimento complexo
que implica uma filosofia da Educação, uma teoria da aprendizagem, uma
prática baseada em pesquisas, uma tecnologia educacional e uma ação política.
Ação política, no sentido de que, para desenvolver-se uma Educação centrada
na pessoa, é preciso que as estruturas da instituição - escola - mudem.
Aprendizagem Significativa em Psicoterapia
“Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais do
que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca uma modificação,
quer seja no comportamento do indivíduo, na orientação futura que escolhe
ou nas suas atitudes e personalidade. É uma aprendizagem penetrante, que
não se limita a um aumento de conhecimentos, mas que penetra profundamente
todas as parcelas da sua existência”. Rogers, in Tornar-se Pessoa,
1988, Editora Martins Fontes.
As condições de Aprendizagem em Psicoterapia:
• enfrentando um problema;
• o terapeuta precisa possuir um considerável grau de congruência na relação;
• consideração positiva incondicional;
• compreensão empática;
• necessidade de que o terapeuta consiga comunicar ao cliente as condições
anteriores.
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Implicações
no Domínio da Educação:
• necessidade de a aprendizagem ser significativa, o que acontece mais
facilmente quando as situações são percebidas como problemáticas. Portanto,
pode-se dizer que só se aprende aquilo que é necessário, não se pode ensinar
diretamente a nenhuma pessoa;
• autenticidade do professor, isto é, a aprendizagem pode ser facilitada
se ele for congruente. Isso implica que o professor tenha uma consciência
plena das atitudes que assume, sentindo-se receptivo perante seus sentimentos
reais, tornando-se uma pessoa real na relação com seus alunos;
• aceitação e compreensão: a aprendizagem significativa é possível se
o professor for capaz de aceitar o aluno tal como ele é, compreendendo
os sentimentos que este manifesta, pois a aprendizagem autêntica é baseada
na aceitação incondicional do outro;
• tendência dos alunos para se afirmarem, isto é, os estudantes que estão
em contato real com os problemas da vida procuram aprender, desejam crescer
e descobrir, querem criar, o que pressupõe uma confiança básica na
pessoa, no seu próprio crescimento;
• a função do professor consistiria no desenvolvimento de uma relação
pessoal com seus alunos e do estabelecimento de um clima nas aulas que
possibilitasse a realização natural dessas tendências. Portanto, o professor
é um facilitador da aprendizagem significativa, fazendo parte do grupo,
e não estando colocado acima dele; este também é um dos pressupostos básicos
da teoria de Rogers, ou seja, o aspecto interacional da situação
de aprendizagem, visando às relações interpessoais e intergrupais;
• o professor e o aluno são co-responsáveis pela aprendizagem. Não havendo
avaliação externa, a auto-avaliação deve ser incentivada; isso implica
uma filosofia democrática;
• organização pedagógica flexível.
Como
metodologia, a não-diretividade é característica. É um método não
estruturante de processo de aprendizagem, pelo qual o professor não interfere
diretamente no campo cognitivo e afetivo do aluno. Na verdade, Rogers
pressupõe que o professor dirija o estudante às suas próprias experiências,
para que, a partir delas, o aluno se autodirija.
Na obra anteriormente citada, páginas 271, 272, Rogers coloca:
“Algumas questões para concluir”
“ ...Mesmo que tentemos esse método para facilitar a aprendizagem, levantam-se
muitas questões difíceis. Podemos permitir aos estudantes que entrem em
contato com os problemas reais? Toda a nossa cultura procura insistentemente
manter os jovens afastados de qualquer contato com os problemas reais.
Os jovens não têm que trabalhar, assumir responsabilidades, intervir nos
problemas cívicos ou políticos, não têm lugar nos debates das questões
internacionais. ...Será possível inverter essa tendência?
...Uma outra questão é saber se podemos permitir que o conhecimento
se organize no e pelo indivíduo, em vez de ser organizado para o indivíduo.
Sob esse aspecto, os professores e os educadores se alinham com os pais
e com os dirigentes nacionais para insistirem que os alunos devem ser
guiados....Espero que, ao levantar essas questões, tenha mostrado claramente
o duplo problema que é a aprendizagem significativa e como a forma
de realizá-la nos coloca perante problemas profundos e graves. ...Tentei
apontar algumas dessas implicações das condições facilitadoras da aprendizagem
no domínio da Educação e propus uma resposta a essas questões...”
A grande crítica à teoria de Rogers é feita pela utopia que ela implica,
sua teoria é idealista, da corrente também denominada de romântica, irrealizável
para seus críticos. Porém, na obra rogeriana, são notáveis os seguintes
aspectos: o desejo de mudança, a intenção de realização de algo concreto
e a preparação da opinião pública para as mudanças possíveis.
“A escola evita a promoção de atividades significantes” (Carl Rogers)
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