Através dos trabalhos desenvolvidos no Projeto Índio, os alunos perceberam a importância de valorizar e respeitar as diferenças culturais entre os povos

Vivenciar valores por meio do conhecimento de novas culturas. Foi assim que os alunos da Educação Infantil do Centro de Educação Abeuzinho, localizado em Belford Roxo, Rio de Janeiro, descobriram as lendas, costumes e hábitos dos povos indígenas. Durante cinco dias, eles se envolveram no Projeto Índio, que teve sua culminância no dia 19 de abril, com uma exposição de trabalhos e apresen-tações musicais.

Segundo a coordenadora do segmen-to, Ghislaine Lima da Silva, o projeto buscou passar aos pequenos alunos o respeito às diferenças, resgatando a cultura de um grupo étnico que tem o seu universo de valores, ao mesmo tempo em que se procurou sensibilizá-los do quanto é importante valorizar outras culturas e tradições. Ao todo, 100 alunos – divididos em seis turmas – e 15 professores participaram do evento.

Durante a semana, eles interagiram, ouviram histórias relativas ao tema, participaram de dramatizações baseadas em lendas indígenas, construíram índios de sucata, montaram um livro e ainda tiveram um contato real com o índio e seu habitat, durante a visita ao Museu do Índio, em Botafogo.

“Os nossos objetivos são voltados para a realidade, através de experi-mentações e vivências, instrumen-talizando o aluno para a vida. O contato direto com o índio é um exemplo desse aprendizado. No primeiro momento, os estudantes ficaram meio assustados, mas, aos poucos, foram percebendo que os índios são pessoas como nós. Essa experiência é fundamental para a formação de um conceito”, ressalta Ghislaine.

Para Juan, 6 anos, aluno do Nível IV, o que ele vivenciou nesses cinco dias não esquecerá jamais. “Aprendi um pouco da vida do índio e, lá no Museu, entrei numa oca. No começo, estava com medo, mas, na hora de vir embora, até beijei o índio”, conta com ar de felicidade.

À medida que iam adquirindo novos conhecimentos sobre a cultura indígena, os alunos dosquatro níveis do Ensino Infantil reforçaram o aprendizado realizando procedimentos lúdicos,como a construção de vários índios utilizando materiais recicláveis. Também foi proposta a montagem de um grande livro contendo tudo o que os alunos haviam descoberto sobre o assunto. Cada turma ficou responsável por um dos temas: Lendas; Vestimentas e Bijuterias; Moradias e Utensílios; Hábitos e Costumes.

Nesta etapa, as professoras incen-tivaram a criatividade de cada aluno, que se valeu de tinta guache, massa de modelar e palitos de picolé para desenhar e pintar a “Lenda da Serpente” e construir lanças, ocas, canoas, adereços, arco-e-flecha, enfim, tudo que faz parte do universo indígena.

Outro ponto forte do projeto foi a participação da professora Rosana, de Música. Ela desenvolve um trabalho de percepção de ritmos e sons desde o Maternal, agregando criatividade e senso artístico, o que ajuda a criança a desen-volver melhor as suas habilidades e ainda facilita a integração com o grupo. “Os índios estão inseridos em grande parte das nossas lendas. Nesse projeto, buscamos valorizar sua cultura, ensinando às crianças cantos em tupi-guarani que falam da força, da raça e das tradições indígenas”, explica.

A última etapa do projeto contou com a presença dos pais, que foram à escola prestigiar a exposição e as apresentações de cada turma. Dona Vera, mãe da aluna Caroline do Nível I, admitiu estar emocionada. “Eu lem-bro que na minha época não existia este tipo de interação dos pais na escola, parti-cipando e acompanhando cada aprendizado com o filho. É muito bom ver o nosso filho crescendo para a vida. Em apenas três meses de escola, ela já conta historinhas, demonstra novos conhecimentos, e isso é fantástico”, diz.

De acordo com a coordenadora de Ensino da Instituição, Patrícia Seixas, o Projeto Índio está inserido em um programa maior, desenvolvido pela escola há cinco anos. Trata-se do programa Vivendo Valores na Escola – um trabalho voltado para o resgate de valores como solidariedade, amor, amizade e união, valores humanos universais e básicos para qualquer convivência pacífica.

“O projeto, que tem a coordenação geral da professora Marilane Gonçalves, não visa somente ao desenvolvimento intelectual do aluno, mas estimula também o respeito ao próximo e a convivência com as diferenças. As crianças começam a entender, desde cedo, que nós temos a nossa cultura e os nossos costumes, mas que também existem outros povos com suas culturas e seus valores, e que, nem por isso, são melhores nem piores, apenas diferen-tes”, concluiu.

Etapas do Projeto Índio – Educação Infantil

Etapa 1: No primeiro dia do projeto, os alunos ouviram a história “Brasileirinho”, contada pela índia Mani (representada pela professora Vera). Em seguida, cada professora conversou informalmente com seus alunos sobre os índios, evidencian-do seus costu-mes e crenças. Em seguida, cada turma confeccionou um índio de sucata de acordo com a sua tribo: Nível I – Tribo do Amor (cor vermelha); Nível II – Tribo da Amizade (cor azul); Nível III – Tribo da União (cor verde); Nível IV – Tribo da Alegria (cores amarela e laranja).

Etapa 2: No segundo dia, todas as crianças se reuniram no pátio para a dramatização da lenda do Sol e da Lua, na qual um índio e uma índia (representados por duas professoras) admiravam o reflexo do Sol e da Lua todos os dias em um rio e, de tanto admirar, eles acabaram se tornando o Sol e a Lua, representando o dia e a noite. No final, todos os alunos dançaram a música “O Dia e a Noite” de Bia Bedran. Em seguida, as crianças confeccionaram bijuterias indígenas com argila.

Etapa 3: Para o terceiro dia foi programada uma aula-passeio ao Museu do Índio, em Botafogo.

Etapa 4: O penúltimo dia do Projeto foi destinado à confecção de um grande livro, tendo oíndio como tema central. Baseado-se no aprendizado da semana, cada nível desenvolveu um tema específico: Nível I – Vestimentas e Bijuterias; Nível II – Moradia e Utensílios; Nível III – Hábitos e Costumes; Nível IV – Suas Lendas.

Etapa 5: A culminância do projeto contou com a participa-ção dos pais, que prestigiaram a exposição dos trabalhos rea-lizados. Em seguida, eles assistiram às apresentações musicais de cada turma, sob a regência da professora Rosana.