Uma realção de amor: o livro e eu

Por Beatriz Dusi

Mês de abril. Grandes datas a comemorar. Agora é lei: o dia 18 de abril é oficialmente o Dia Nacional do Livro Infantil – Lei n.º 10.402 de 2002, publicada no D.O.U de 09.01.02 – em homenagem ao maior e melhor escritor brasileiro para crianças: Monteiro Lobato, que nasceu no dia 18 de abril. Não esquecendo que no dia 02 do mesmo mês é comemorado o Dia Internacional do Livro Infantil em homenagem ao escritor Hans Christian Andersen.

O primeiro livro infantil (já que Lobato também escreve para adultos) foi publicado no Natal de 1920. “A Menina do Narizinho Arrebitado” com ilustrações de Voltolino, com uma tiragem de 50 livros colocados para venda em todo o país. O autor guardou 500 exemplares para serem distribuídos como propaganda. Todos os grupos e escolas públicas de São Paulo receberam “Narizinho”. Esse golpe do editor/escritor, que ainda não ocorrera com nenhum outro, acabou dando certo. Esta tiragem se esgotou em 8/9 meses.

Mês em que se comemora a Dia do índio (19). Essa homenagem foi uma das maneiras que o branco/invasor/colonizador inventou para tentar se redimir dos maus tratos e abandono sofridos pelos nossos primeiros habitantes – os donos da terra.
Este ano, a Campanha da Fraternidade tem como tema “Fraternidade e Povos Indígenas” e o lema “Por uma Terra sem Males”. E todas as ações deverão ter em mente o resgate das causas indígenas: delimitação de suas terras, proteção e divulgação de suas culturas e religiões, respeito a sua liberdade etc.
Apresento a vocês alguns títulos que irão mostrar às crianças o quanto a cultura indígena influenciou a nossa e o quanto está presente no nosso dia-a-dia.

Incrível Tribo Pé-no-Traseiro, Luís Pimentel, il. Flávio. Ed. Ao Livro Técnico.
Em versos, o autor nos brinda com um texto realista, irreverente, sarcástico e também com uma boa dose de humor negro ao apresentar uma família indígena. O livro traz um pequeno glossário e a posição das tribos em termos populacionais.
Flávio usa a caricatura para retratar os personagens que vivem numa cidade grande, longe de sua terra natal.
Lendas de Amor dos Índios Brasileiros, de Kátia Canton, aquarelas de Lina Kim. Ed. DCL, SP.
O título já diz tudo e o livro nos conta a história da formação das cataratas do Iguaçu e do aipim/ mandioca/ macaxeira. As aquarelas de Lina Kim dão um suporte ideal para o texto, convidando à leitura todo tipo de leitor.
O Curumim que Virou Gigante, Joel Rufino dos Santos, il. Lúcia Lacourt. Ed. Ática, SP.
De uma maneira singela e poética, Joel nos conta uma lenda indígena em que as serras em torno do Rio de Janeiro – conhecidas como “O Gigante Adormecido” – são o desfecho de uma vontade não realizada. Lúcia em belos quadros envolve num traço forte e altamente expressivo a narrativa do autor.

As crianças têm como conhecer a vida deste escritor através de “Minhas Memórias de Lobato”, contadas pelas personagens Emília, Marquesa de Rabicó e Visconde de Sabugosa, da autora Luciana Sandroni, il. de Laerte. Cia das Letrinhas/SP.
E, quando Emília, a boneca falante, resolve contar, à sua moda, a história de Lobato, ajudada pelo estudioso Visconde de Sabugosa, o que estará reservado para os leitores? É ler para conferir.

 


“... deixa o índio vivo no sertão,
deixa o índio vivo nu,
deixa o índio vivo
deixa o índio
deixa...”
(Antônio Carlos Jobim, Borzeguim)

Lendas Indígenas, Antoracy Tortolero Araújo, il. d Juvenal ramos. Ed. Do Brasil, SP.
Este livro nos revela as “origens” do homem, peixes, plantas em geral, noite, fogo etc., contadas pelas várias nações indígenas. O leitor vai conhecer a cultura de nossos índios. Através de sua percepção, nos faz entrar no seu mundo mágico, em que os espíritos do bem e do mal estão presentes. Há várias notas explicativas sobre as palavras indígenas. As ilustrações dão um belo toque ao livro, completando com requinte o bem-acabado projeto gráfico.
Amor de Índio, Januária Cristina Alves, il. Andréa Vilela. Ed. Paulinas, SP.
História de amor que se preze tem final feliz: “E viveram felizes para sempre”. Este livro nos conta como Jaci e Caubi formaram uma família/tribo. Mas, será que tudo correu bem? Sem percalços ou desafios?
As ilustrações de Andréa dão um ritmo e colorido especiais ao texto.

Inã, Menino Carajá e Inã, o Herói de Seu Povo, Sercilga S. de Almeida, il. de Ofeliano de Almeida. Ed. Ao Livro Técnico, RJ.
Histórias de heróis sempre despertam interesse nos leitores. Herói-menino é bem mais emocionante, pois a criança que lê o texto vai, naturalmente, incorporar este personagem. As histórias se passam na tribo Carajá, onde nosso herói Inã é figura de destaque, pois salvou sua tribo da Ubroró e libertou Isuú. O que serão? Há um glossário para se entender os termos indígenas.
As ilustrações são em cores vibrantes, que tomam toda a página e, por certo, irão agradar a todos os leitores.