Em 1919, em Stuttgart, na Alemanha, Rudolf Steiner (1861-1925) foi convidado por Emil Molt, o proprietário da fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, com a finalidade de ministrar palestras para os trabalhadores de sua fábrica. Entusiasmados, os trabalhadores pediram a Steiner que fundasse e dirigisse uma escola para seus filhos. Com isso, Emil Molt apoiou e financiou a concretização da idéia.

No entanto, algumas condições foram impostas para que a fundação da escola pudesse ser realizada. A primeira dispunha que esta deveria ser aberta a todas as crianças; a segunda exigia que a escola fosse co-educacional e que os professores fossem também seus próprios diretores e dirigentes, pois a intenção era de que a Escola Waldorf tivesse o mínimo de interferência gover-namental e não objetivasse lucros.

Em 7 de setembro, foi aberta a Du Freie Waldorfschule (Escola Waldorf Livre) na Alemanha. Aqui no Brasil, a Pedagogia de Waldorf é aplicada desde 1956 e se baseia no ser humano a partir da Antroposofia (do grego “conhecimento do ser humano”). Ela foi introduzida no início do século pelo austríaco Rudolf Steiner e pode ser caracterizada como um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o saber obtido pelo método científico convencional, bem como a sua aplicação em praticamente todas as áreas da vida humana.

Os campos de aplicação dessa pedagogia são os Ensinos Fundamental e Médio, nos quais estão inseridos, regularmente, alunos entre sete e dezoito anos. Essa escola abrange doze séries divididas em dois ciclos, de oito e quatro séries respectivamente. Em geral, existe ainda um Jardim de Infância dividido em vários grupos e, às vezes, uma 13.ª série que serve como um curso preparatório para os exames oficiais de conclusão do Ensino Médio.

A escolha das matérias e a metodologia usada dependem, em parte, das sugestões feitas por Steiner e das experiências acumuladas durante o tempo descorrido desde então; e, também, das exigências curriculares feitas pela legislação dos respecti-vos países. Os currículos oficiais são sempre satisfeitos, embora fiquem, às vezes, um pou-co defasados por causa da época em que são postos em prática.

As matérias são obrigatórias, podendo haver opções entre as várias atividades artísticas e língua estrangeira. O professor que trabalha na Escola Waldorf acompanha seus alunos até a oitava série, ministrando as matérias tradicionais para as quais não há necessidade de uma formação específica (Aritmética, Geometria, Geografia, História, Física, Química etc.). E, quando o professor sente afinidade com alguma outra disciplina como Educação Artística ou Educação Física, ele também ministra essas aulas para sua classe. Além de fazer nascer uma intimi-dade entre o professor e o aluno, o educador acompanha o desenvolvimento de cada um, sabendo quais são suas dificuldades e facilidades no aprendizado.

O trabalho pedagógico do professor baseia-se na diversidade das disciplinas, pois, como ele ministra muitas matérias, pode partir de vários ângulos, tendo a oportu-nidade de completar em uma disciplina o que falta na outra. Tendo em vista que o professor tem oito anos para formar o aluno, ele deve procurar desenvolver-se durante esse tempo, participando de conferências, cursos, semi-nários e reuniões, pois, caso contrário, a turma acabará se desinteressando de suas aulas.

Para que o professor conheça melhor a classe, é indispensável a presença dos pais na escola, pois, só assim, o educador terá a oportunidade de conhecer mais detalhes da vida particular dos alunos e de sua família. A partir daí, o professor terá uma atuação pedagógica de cunho mais pessoal, uma vez que terá facilidade de corrigir, amenizar, compensar e reforçar certos aspectos mais facilmente, possuindo recursos e critérios mais objetivos, pois terá o mesmo trabalho com trinta ou trinta e cinco alunos, o que lhe proporcionará uma experiência rica e variada.

Na nona série, o sistema de professor de classe cessa e todas as disciplinas passam a ser ministradas por professores especializados, porém cada classe permanece com um tutor que é geralmente escolhido pelos próprios alunos. Esse tutor é o elemento de ligação entre a escola, os pais e os alunos e também centraliza as informações de todos os profes-sores que lecionam em sua classe.

Um dos princípios relevantes da Peda-gogia de Waldorf é o da não-reprovação, pois, dessa forma, os estudantes não são traumatizados ou eliminados em conseqüên-cia de um rendimento insuficiente. Portanto, não há necessidade de provas ou exames de avaliação, uma vez que o ren-dimento de cada um é observado pelo professor em sala de aula. Isso acaba evitando alguns tipos de traumas ligados a notas.

O corpo docente da escola é formado por um grupo de “pedagogos”, responsáveis apenas por sua própria consciência pedagógica. Estes profissionais são chamados para o ensino na escola de uma forma livre, isto é, sem necessidade de formação especializada representada por um diploma. O que é analisado na seleção é a sua perso-nalidade, sua prática pedagógica, seus conhecimentos e suas experiências de vida.

A pedagogia Waldorf consiste em evitar o uso de qualquer tipo de livro didático nas aulas. Isso não quer dizer que os alunos, principalmente das classes superiores, não possam consultar livros especiais, mas o próprio ensino baseia-se sempre na palavra viva do professor. A matéria exposta por ele é transcrita, em seguida, para o caderno de época, que contém redação própria dos alunos (a partir da 5.ª série).

Da mesma forma, não é recomendado que as crianças aprendam a ler antes da 1.ª série. Como o computador força um pensamento lógico-simbólico, nenhuma escola Waldorf digna desse nome utiliza essa máquina, sob qualquer forma, antes do Ensino Médio (9.ª série na seriarão Waldorf).

“A natureza faz do homem um ser natural; a sociedade faz dele um ser social; somente o homem é capaz de fazer de si um ser livre.” (Rudolf Steiner)



Fonte de Pesquisa: http://www.sab.org.br