A
mensagem afixada logo na entrada da Escola Estadual Favo de Mel, em Quintino,
subúrbio carioca, dá uma dica do que se encontra lá
dentro. Voltada para a educação especial, a escola atende
a 243 portadores de deficiência mental com idades que variam de
6 a 21 anos. Na Favo de Mel, também é permitido romper limitações. Em paralelo aos métodos de alfabetização, os professores utilizam arte, esporte, teatro, dança e cursos profissionalizantes para inserir na sociedade crianças e adolescentes com necessidades educacionais especiais. O trabalho da equipe rendeu ao colégio o selo ISO 9002 e o prêmio Qualidade Rio de Educação, categoria bronze, no ano passado. Para a diretora, Maria Cristina Lacerda, a certificação mostra que a escola de educação especial também tem qualidade. O método pedagógico da escola Favo de Mel, vinculado à Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), é desenvolvido com base em um tripé: escolaridade, ludicidade e trabalho. Levando em conta que na educação especial a socialização dos alunos é considerada o ponto-chave do processo ensino-aprendizagem, o item trabalho tem a função de inserir a criança e o adolescente em cursos profissionalizantes. É
a Educação pelo Trabalho. Desenvolvemos oficinas que buscam
a autonomia dos alunos e que dêem a eles condições
de freqüentar cursos profissionalizantes convencionais, explica
Cristina, acrescentando que entre as oficinas oferecidas pela escola estão
informática, cartonagem, culinária, marcenaria e encadernação. A
escolaridade representa a alfabetização, que inclui métodos
convencionais e especiais. Para alunos com muita dificuldade de se comunicar,
por exemplo, foi criada a comunicação alternativa com símbolos
que os ajudam a expressar aquilo que desejam. Programas especiais de computadores
também auxiliam os professores nessa tarefa. A alfabetização é trabalhada por ciclos de desenvolvimento: infantil, infanto-O método pedagógico da escola Favo de Mel, vinculado à Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), é desenvolvido com base em um tripé: escolaridade, ludicidade e trabalho. Levando em conta que na educação especial a socialização dos alunos é considerada o ponto-chave do processo ensino-aprendizagem, o item trabalho tem a função de inserir a criança e o adolescente em cursos profissionalizantes juvenil, jovens e adultos. A classificação é feita pelo desenvolvimento cronológi-co e pedagógico de cada um.
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No
início de cada ano letivo, os professores escolhem um tema que
será trabalhado com os alunos. Esse tema central recebe o nome
de projeto e, a cada seis meses, é di-vidido em subprojetos. Este
ano, por exemplo, o projeto geral é Assim Caminha a Humanidade,
cujo objetivo é fazer as crianças e adolescentes entenderem
a evolução da espécie, a formação da
famílias, além de questões atuais como os avanços
tecnológicos. As
atividades desenvolvidas sob a forma de projeto favorecem a articulação
em diferentes campos do conhecimento, levando os alunos a se interessar
mais pelos temas, justifica a diretora. Nos
primeiros seis meses do ano, a escola apresentará o subprojeto
intitulado Meus Passos, Caminhos e Rumos. Lembrando versos da música
Como Uma onda, gravada por Lulu Santos (Nada do que foi será/
De novo do jeito que já foi um dia/ Tudo passa, tudo sempre passará...),
os professores querem fazer com que os estudantes reflitam e questionem
o lugar deles no grupo social, sua origem, para onde estão caminhando,
seus desejos, anseios e necessidades. Nessa fase, serão realizados
passeios culturais e pesquisas que possam auxiliar os estudantes. De
acordo com a equipe docente, o subprojeto repre-senta, num primeiro momen-to,
o resgate da história e da identidade de cada um, a fim de que
todos entendam os caminhos da humanidade como um todo. No dia 10 de julho,
haverá a culminância do subprojeto, quando tudo o que foi
produzido será exposto por alunos e professores. O segundo subprojeto
será definido após a avaliação do primeiro. É
com essa dinâmica que os professores da Favo de Mel conseguem atingir
os principais objetivos da escola: combater preconceitos e inserir os
portadores de necessidades educa-cionais especiais na sociedade. E, para
os professores, a diretora Maria Cristina deixa um alerta: É
crime rotular uma criança. Antes de dizer que ela tem necessidades
especiais, o professor deve encaminhá-la para um especialista em
genética para chegar a uma conclusão. Nem sempre as dificuldades
de aprendizagem estão ligadas à deficiência mental.
Ela pode ser provocada
por problemas emocionais ou de outra natureza. O professor sozinho não
pode fazer essa avaliação. Na
Escola Favo de Mel também há espaço para os pais.
Aqueles que moram longe ou não têm onde deixar os filhos
podem contar com dois projetos da escola: Casa do Integral e Sala dos
Pais. Na primeira, os alunos, cujos pais traba-lham fora, podem ficar
após o horário de aula. Lá, eles estudam, fazem o
dever de casa, apren-dem música e artesanato e praticam atividades
de esporte e lazer. Já os pais que moram longe podem optar por
ficar na escola até o filho terminar as atividades. Em uma sala
exclusiva, eles podem jogar, ler ou trocar experiências sobre os
filhos. E ainda contam com o apoio de uma orientadora educacional. O papel da família é muito importante na educação especial. Os pais devem acreditar nos seus filhos. O sucesso desse tipo de educação depende de várias questões, entre elas a participação da família. Por isso, fazemos questão de abrir um espaço para os pais aqui, comenta a diretora da escola.
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