Projeto resgata e valoriza a questão da solidariedade através de trabalhos extraclasse

Por Solange Ramos

Trabalhar e conscientizar os alunos no exercício da cidadania, esse é um dos objetivos da I Mostra de Arte e Cultura, desenvolvida pela ABEU – Associação Brasileira de Ensino Universitário. O projeto pretende resgatar e estimular, principalmente, a sensibilidade e a criatividade dos alunos, visando a um melhor aproveitamento na aprendizagem. Seu principal intuito é desenvolver capacidades que se canalizem para uma ação transformadora da realidade, uma vez que a arte criada e praticada pelos jovens é capaz de identificar seu estilo de vida, refletindo seus desejos, alegrias e esperanças.

A I Mostra de Arte e Cultura abordou vários assuntos diferentes. Entre os meses de outubro, novembro e dezembro, sempre aos finais de semana, os alunos, devidamente divididos por colégios e turmas, mostraram parte de tudo que aprenderam durante o ano letivo. Esse processo foi feito através de mostras que ocorrem dentro das próprias unidades, em Belford Roxo e Nilópolis, ou em lugares públicos, como no SESC de Nova Iguaçu.

Entre as mostras que mais se destacaram estavam as exposições de pinturas em telas, colagens, maquetes, trabalhos com sucata, cartazes, textos, poesias, apresentações de músicas, danças e encenações teatrais.

Em outubro, foram apresentadas duas mostras de dança, em dias diferentes, cujo tema Voluntários, esperança da vida. Quem crê faz acontecer fez o público aplaudir de pé. Na área teatral, os artistas mirins encenaram a peça “A Menina e o Vento”, de Maria Clara Machado.
O mês de novembro foi aberto com o musical “O Circo”, apresentado pelos alunos da classe de alfabetização em quatro dias diferentes. E, novamente, a mostra de dança estava de volta, mas desta vez com o tema Os problemas “sociais” que nos levam a ser voluntários. Depois, foi a vez da peça teatral “O Boi e o Burro a Caminho de Belém”, de Maria Clara Machado.

Já no mês de dezembro, os eventos foram encerrados com a mostra de dança “Vivendo o Voluntariado” e “Circo, Uma Emoção Voluntária”. A mostra de arte contou, ainda, com a apresentação das peças “O Mistério de Feiurinha”, baseada no livro de Pedro Bandeira, e “Circo: O Maior Espetáculo da Terra”, de Maria Helena Alves Carreira, que foram encenadas pelos alunos do Ensino Fundamental.

Durante os intervalos das apresentações, o público pôde acompanhar a exposição de arte “História do homem através da arte, viajando e aprendendo através do túnel do tempo”. Foi um show de maquetes, cartazes e quadros, que arrancaram dos visitantes olhares atentos e muitos elogios aos jovens artistas.

Segundo a pedagoga e coordenadora geral da Assessoria de Artes e Eventos da ABEU, Francisca de Fátima Silva, uma das responsáveis pelo sucesso que a I Mostra de Arte e Cultura vem apresentando, o interessante nesse trabalho é o fato de que o aluno terá uma visão mais dinâmica e atual do seu papel dentro da sociedade.

“Ensinar arte não é transformar alguém em artista como se fosse um passe de mágica, mas, sim, educar e aguçar sua percepção, sensibilidade e curiosidade, orientando-o até levá-lo a abrir uma janela que lhe permita acesso a um mundo, até então, desconhecido”, explica Fátima.

Há cinco anos, esse projeto vem sendo realizado com vários temas diferentes. Em 2001, o assunto adotado foi o ano internacional do voluntariado. “Os colégios da ABEU procuraram dar uma atenção especial à questão da solidariedade no desenvolvimento das atividades pedagógicas. Essa preocupação se deu pelo fato de a rede de ensino ter conquistado, através do trabalho de seus alunos, uma associação junto à Unesco”, completa a coordenadora de artes e eventos.

Ao longo do ano, os alunos aprendem, através de todas as disciplinas, conceitos sobre cidadania e solidariedade. Esses ensinamentos se transformam em arte, em suas mais variadas formas, como poesia, pintura, música, dança e teatro — meios que contribuem para a construção de pessoas livres, autônomas e com capacidade de refletir e julgar. Através dessas aulas, os aprendizes exercitaram a atenção, a percepção e o espírito de colaboração e solidariedade, bem como a prática da cidadania.

Fátima acredita que a arte desenvolve a auto-estima dos alunos. “A probabilidade de ele ser um adulto feliz é muito maior. Nossa preocupação é construir um ser humano completo, com hábitos saudáveis e amor ao próximo”, revela.