Atividade lúdica potencializa a criação e a interpretação de textos Por Tony Carvalho Inverter os procedimentos convencionais, tornando-os mais produtivos, principalmente nos trabalhos com jovens e crianças que ainda não têm uma visão do que são os seus papéis na vida. Assim pode ser definida a oficina Da Palavra à Ação, da Ação à Palavra, realizada no último dia 29 de setembro, no Conservatório de Música de Niterói. Ministrada pelas professoras e terapeutas Leila B. e Gláucia Cabral, a oficina teve como objetivo potencializar a criação e a interpretação de textos a partir de jogos de palavras, tendo como referencial a construção de máscaras. Mais de 30 professores, provenientes de várias cidades do Estado do Rio de Janeiro, participaram da atividade. A dinâmica do trabalho começa com a escolha de um tema que norteará tanto a atividade plástica, quanto os exercícios com a palavra. Logo em seguida, é iniciado o processo lúdico da oficina com a confecção de máscaras. Cada máscara representa um personagem. Ela desperta sentimentos internos e, ao mesmo tempo, ajuda a superar os nossos medos. Através da máscara, desenvolveremos o trabalho com a linguagem que, no final, resultará na produção de um texto. Este texto nada mais é do que o papel de cada personagem dentro do tema definido pelo grupo, explica Gláucia. Para Leila B., os professores poderiam explorar o uso de máscaras nos trabalhos com crianças e adolescentes. Ao usarmos uma máscara, o personagem deixa de ser uma terceira pessoa e passa a ser ela própria. Com isso, fica mais fácil vivenciar o tema abordado e falar sobre ele, esclarece. Veja, passo a passo, como foi esta oficina, o que cada atividade representa e como transportá-la para uma sala de aula:
2- Em seguida, os participantes são divididos em seis grupos. Agora, cada grupo definirá um tema que será trabalhado em todas as atividades. Nesta oficina, os temas escolhidos foram: medo; drogas; ética; a exclusão da criança na sociedade; relacionamento aluno X pessoa; e egocentrismo. 3- O trabalho de artes plásticas tem início. Cada grupo é dividido em três duplas, dando início à confecção de máscaras, que servirão de referencial para a elaboração de um texto baseado no tema já definido. O texto surgirá de uma construção vivencial. A atividade plástica não tem um padrão estético. Aprender a respeitar o trabalho de cada um é o fio da metodologia da arte-terapia, explica a professora Leia B. 4- O porquê da máscara: A professora explica que, na arte-terapia, o uso da máscara faz uma enorme diferença nos resultados. Apresentar um personagem como sendo uma outra pessoa tem um peso diferente de quando ele próprio vivencia o personagem. A máscara estimula nossos sentimentos. Uma coisa é o medo do meu aluno. Outra bem diferente é o meu medo, explica. 5- Procedimento prático: cada dupla corta duas garrafas plásticas (uma para cada integrante) em duas partes. A parte inferior servirá como um pote, no qual será trabalhado o gesso. A parte superior será o suporte para a máscara. Na boca da garrafa amarra-se um balão de ar, prendendo-o com fita adesiva No pote, é feita uma mistura com água e gesso (até formar a consistência de uma papa). Depois, cada pedaço de gaze é mergulhado na massa e aplicado imediatamente sobre o balão. As gazes vão sendo entrelaçadas com o objetivo de formar um rosto. Durante a realização do trabalho plástico, muitos balões estouram e é preciso reiniciar a atividade ou tentar recuperá-la. Para a professora Leila, isso também deve ser trabalhado como algo positivo. É preciso encarar as decepções como um momento de transformação. Olhar a perda como um ganho de experiência, explica. 6- Concluída esta etapa, espera-se pela secagem do gesso. Depois, é hora de iniciar o trabalho de pintura das máscaras. Aos poucos, cada uma delas vai tomando sua forma. Concluída esta etapa, espera-se pela secagem do gesso. 7- A Palavra Nesta etapa, cada participante dará vida ao seu personagem. A máscara tem uma silhueta, mas ainda não tem uma persona. Através de exercícios, os alunos serão incentivados a trabalhar com arquétipos existentes no inconsciente, ensina a psicopedagoga Gláucia Cabral. 8- Para trabalhar a linguagem de cada personagem, foram propostos jogos de palavras que facilitam a construção do argumento (o que este personagem diria nesta situação). Cada participante pega, aleatoriamente, duas cartas contendo uma lista de palavras. A missão de cada um é relacionar essas palavras na formação do argumento. Em seguida, é colocada uma caixa contendo uma série de objetos, tais como prendedor de roupa, colar, luvas de borracha, entre outros. Cada participante escolhe um desses objetos para compor a personalidade do personagem. A partir daí, cada participante, individualmente, inicia o trabalho com a linguagem definindo os argumentos de seus personagens. 9- De volta aos grupos, eles passam a discutir como seria o relacionamento de cada personagem dentro do tema preestabelecido. Na etapa final, cada grupo faz a apresentação de seus esquetes. Essa apresentação pode ser feita através da dramatização, do canto, da dança, da pantomima ou, mesmo, através de um diálogo. A oficina é um exemplo do que os professores poderão fazer em sala de aula com seus alunos. Existe a possibilidade, até mesmo, de adaptá-la para projetos maiores que envolvam uma apresentação que abranja todo o colégio, incluindo a participação dos pais dos alunos, concluiu Gláucia. |
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