Por Cláudia Sanches
A cachaça do Brasil, a dança dos povos árabes e africanos, o vinho português, a música da Jamaica, as religiões orientais, os arranha-céus americanos e as pirâmides do Egito. Essas atrações e muitas outras informações a respeito de vários países do mundo estiveram expostas na Feira das Nações, realizada na Escola Municipal Padre Leonel Franca, em Realengo. A feira foi o ponto culminante de um projeto pedagógico que começou, há três anos, com os professores de Geografia Vastí Soares e Jorge Henrique Lopes. A idéia do projeto foi traduzir, de forma visual, o que os alunos aprenderam em teoria nas aulas e nas pesquisas. Assim, houve apresentação de danças folclóricas, maquetes, costumes, comidas típicas, moedas, artesanatos, cartazes e músicas típicas, além de dados socioeconômicos e políticos. Eles foram incumbidos de pesquisar tudo sobre os países e para isso precisaram ir a bibliotecas e consultar professores de outras disciplinas. Muitos foram além: visitaram embaixadas e entrevistaram estrangeiros. O evento foi um sucesso e o trabalho, enriquecedor. Eles aprenderam muito mais dessa forma do que se eu tivesse passado os conteúdos em sala de aula, concluiu a educadora, que já prevê a feira para todos os anos.
A professora de Português trabalhou com a produção dos textos dos cartazes, o professor de Artes participou da construção de maquetes, o de Matemática trabalhou com os números das estatísticas, a professora de Ciências explorou os dados sobre saúde pública, endemias e epidemias entre outros temas, a de História auxiliou com a trajetória dos países e o professor de Educação Física ajudou na montagem das coreografias das danças típicas, como foi o caso da dança das meninas de Angola. No início do ano letivo, as turmas da escola foram divididas em grupos de cinco a seis crianças, e cada equipe ficou encarregada de estudar um país. A 5.ª série ficou responsável pelo tema A Construção da Geografia, que abordou a geografia física e os problemas das grandes cidades; a 6.ª série ficou incumbida de pesquisar os Estados do Brasil; a 7.ª série explorou os países desenvolvidos; e a 8.ª série, os subdesenvolvidos. Os alunos tiveram que pesquisar para obter informações sobre a história, problemas ambientais, doenças endêmicas, população, cultura, entre outros tópicos. No final do semestre, foram reservados quatro dias para a exibição dos trabalhos de cada série. |
Um dos grupos de destaque durante a feira foi o da 7.ª série, que apresentou o Brasil. Ao som da trilha sonora a música Brasil, de Cazuza , os visitantes puderam rever as potencialidades turísticas do país, os ídolos que marcaram o futebol e outros ícones do esporte internacional como Gustavo Kuerten, no tênis, e Ayrton Senna, na Fórmula I. O estande dos Estados Unidos também foi bastante elogiado. O grupo levantou temas relacionados às questões político-econômicas que levaram aos ataques terroristas em Nova Iorque. O grupo que pesquisou Portugal também fez uma brilhante apresentação, mostrando sua história desde as grandes navegações até a posição atual do país na nova ordem mundial, sua gastronomia e pontos turísticos. Muito colorida, a equipe que representou a Jamaica, com fundo musical de Bob Marley, também chamou bastante atenção: falou sobre a economia da região e mostrou suas praias paradisíacas. Competição
Saudável Durante a exposição, professores de todas as disciplinas visitaram os grupos, organizados em estandes, fizeram perguntas relativas ao tema e avaliaram o desenvolvimento de cada equipe. Os critérios de avaliação passam pela organização do grupo, pelo capricho e pela veracidade das informações. No final, há uma votação para eleger o campeão. A idéia é que eles enriqueçam ao máximo as tarefas. Além disso, ninguém deve saber o que eles estão produzindo. É uma surpresa para todos, inclusive para nós professores, o que também estimula bastante a produção, explicou a coordenadora. Estímulo
à Pesquisa Segundo Vastí, o trabalho em grupo também ajudou os alunos a lidar com as diferenças, já que algumas crianças tinham muita dificuldade de trabalhar em equipe: No início, foi complicado, pois eles brigavam muito. Agora percebo que eles já começam a se adaptar à organização em grupo, dividindo as tarefas e produzindo de maneira independente, relata. Além de o projeto tornar a assimilação do conteúdo mais eficaz, o trabalho tem a preocupação de passar o estudo e a pesquisa como atividades prazerosas e dinâmicas.Os professores contam que o interesse aumentou bastante, a ponto de os alunos perguntarem qual será o tema do trabalho do ano que vem. Eles acabam fazendo uma revisão dos conteúdos dos anos anteriores, ou seja, os estudantes da 6.ª série revisam o que estudaram na 5.ª série. Um vê o que o outro produziu e isso é sempre um acréscimo, afirmou o professor Jorge.
Segundo ela, a maioria dos estudantes se revela muito criativa e esse é um dos méritos do projeto. As nossas escolas precisam aproveitar melhor os seus alunos. Um método tradicional não teria o mesmo resultado. Com o projeto, conseguimos muito mais do que passar o conteúdo aos alunos, porque o trabalho mexeu com o comportamento das pessoas, levantou a auto-estima de todos e transformou a cara da escola, finalizou.
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