Por Simone Jucá
“A interdisciplinaridade traz a possibilidade do desenvolvimento das competências e da produção do saber de forma integrada. Além disso, com a real integração das várias áreas do conhecimento, fica mais fácil para o aluno estabelecer a relação entre o que ele aprende na sala de aula e a realidade. Desta forma, ele conquista a percepção da utilidade de cada conhecimento em seu cotidiano”, explica a psicopedagoga Dayse Serra. Vale lembrar que um dos principais fundamentos teóricos da interdisciplinaridade são as Inteligências Múltiplas. “Quando falamos da ligação da aprendizagem com os vários conhecimentos, queremos reforçar que o conhecimento precisa ter uma utilidade para o real. O que se aprende na escola precisa ser passível de ser aplicado no dia-a-dia. A grande importância da interdisciplinaridade é o fato de ela impedir a desarticulação do aprendizado escolar com a vida. O conhecimento não fica restrito aos livros.”, completa a psicopedagoga. Construindo o conhecimento Para que a interdisciplinaridade obtenha bons resultados nas salas de aula, é necessário que os professores desenvolvam o senso crítico de seus estudantes. Mas, para atingir este objetivo, a Educação teve que passar por uma verdadeira revolução. Durante muito tempo, principalmente até os anos 60, os pedagogos acreditavam que o foco da Educação deveria estar depositado no processo ensino-aprendizagem. Neste caso, o sujeito principal deste processo era o professor. Quando ele era competente, tudo funcionava bem e os alunos aprendiam sem grandes dificuldades. No entanto, quando o professor não estava bem preparado para ensinar, os estudantes geralmente sofriam para passar de ano. Hoje, o foco da Educação não é mais o ato de ensinar. Educadores querem saber como e por que o aluno aprende. Em outras palavras, desejam construir o conhecimento, lado a lado, com seus estudantes. Vários pedagogos, dentre eles, Jean Piaget, reforçam a importância desta iniciativa ao afirmarem que a informação pode ser transmitida, mas o conhecimento não. Este, por sua vez, precisa ser produzido e é percebido de forma especial por cada indivíduo. As etapas de um projeto O projeto justamente vai possibilitar a construção do saber à medida que sua própria metodologia é baseada na solução de problemas. Ao se deparar com uma questão, o aluno irá formular hipóteses para solucioná-la. Dentro desta perspectiva, o projeto, por si só, já representa uma poderosa ferramenta de aprendizagem. A elaboração de um projeto parte sempre da constatação da existência de um problema real. Um projeto que tenha como tema a poluição de um riacho que passa pelos fundos da escola, por exemplo, pode ser considerado um problema real. Em Pedagogia, para termos um problema real, alguns fatores devem co-existir: a) o aluno não sabe a resposta para o problema; b) ele precisa buscar a solução para este problema através de uma pesquisa (investigação); c) buscando a resposta, o estudante irá encontrar uma solução e produzir o conhecimento. A elaboração de um projeto envolve uma equipe ou somente o professor. Será montado um planejamento dando as diretrizes de como este projeto irá se desenvolver. Esta equipe também deverá motivar os alunos e as demais pessoas envolvidas (pais e funcionários da escola, por exemplo) a buscar a melhor solução para o problema proposto.
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De modo geral, o trabalho da equipe envolve: - Planejar (após a elaboração do planejamento, o professor deve levá-lo para a turma e discuti-lo com os alunos) - Estabelecer o ponto de partida e de chegada - Promover a troca de informações - Realizar comunicações de descobertas e aquisições - Avaliar etapas do processo - Replanejar para corrigir rotas (quando for necessário) O boxe abaixo irá ajudar a compreender as diversas etapas de construção de um projeto. Como tema escolhemos o Efeito Estufa, um assunto que poderá ser facilmente problematizado pelos professores e alunos em sala de aula.
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