Não posso deixar passar em branco a data de 15 de outubro, criada para homenagear o Dia do Mestre. Até porque, também faço parte integrante desta categoria à qual dediquei 20 preciosos e belos anos da minha vida como educador, enfrentando as mesmas dificuldades, os mesmos dissabores e decepções que também marcam a vida do professor, geralmente um misto de muita luta e abnegação.

O professor vive sujeito a uma carga de trabalho exaustiva, que extrapola os muros da escola e invade os lares, na tarefa do planejamento das aulas e na correção de exercícios ou provas, embora esse sacrifício não seja convertido numa justa remuneração. Isso, redunda a queda, cada vez mais flagrante, do padrão de vida, com sérias conseqüências para o seu próprio aperfeiçoamento.

Mas, ainda assim, o Brasil tem muito que se orgulhar dessa classe. A ponto de o nosso ministro da Educação, Paulo Renato de Souza, declarar de público, no Dia do Mestre, o fato de o Brasil já absorver na sala de aula quase que a totalidade de suas crianças em idade escolar. E o próprio ministro reconhece que “o notável esforço de inclusão que foi feito nos últimos anos só teve êxito, porque a profissão de educador tem sido abraçada, com entusiasmo e competência, por mulheres e homens – sobretudo mulheres –, que dedicam o melhor de si mesmos à missão de preparar novas gerações para um futuro melhor”.

 

Desde que assumi o mandato de deputado federal, me mantenho coerente com o meu passado de educador, razão pela qual me considero um porta-voz em defesa dos anseios desta categoria maravilhosa que tanto orgulha este país. Foi pensando assim, que participei ativamente do exame e da aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, conhecido como Fundef.

Lembro-me de um professor de Santa Catarina, que, em 1998, nos orientava no sentido de que aproveitássemos o Dia do Mestre para comemorarmos uma mudança de postura na categoria, principalmente em busca do aperfeiçoamento, em vez de ficarmos apenas reclamando das injustiças. Até porque, dizia o colega de magistério, no mundo globalizado não podemos mais ficar longe do ato de aprender de novo. Afinal, somos integrantes de uma profissão cujo principal produto é a cidadania. E isso é verdade! O mesmo professor de Santa Catarina, cujo nome me fugiu à memória, dizia ser verdade que ainda falta uma real conscientização da sociedade brasileira em relação à importância da Educação no mundo globalizado e da total impossibilidade de nos tornarmos uma nação de cidadãos sem uma ação conjunta e coerente para a superação dos nossos atrasos.

Em suma, podemos dizer que para ensinar cidadania plena, direitos e deveres aos jovens, o professor tem de ser tratado como cidadão – e isto só vai ocorrer quando uma decidida e irresistível vontade política empolgar a nação brasileira. E o primeiro passo para que esse sonho se realize começamos a dar com a nossa perfeita união. Parabéns aos professores e muito obrigado!

Simão Sessim
Professor e deputado federal.