Por Tony Carvalho
O dia 22 de setembro, além de marcar a chegada da primavera, foi um sábado
diferente para Rodrigo. Ele acordou cedo, pois sabia que tinha um importante
compromisso, na escola, com seus colegas, familiares e com a comunidade.
Juntamente com os cerca de 1.300 alunos do Colégio São Vicente de Paulo,
no Cosme Velho, zona sul do Rio de Janeiro, Rodrigo participou da Feira
de Qualidade de Vida. O evento contou com 15 oficinas, quatro exposições, 12 mostras de trabalhos e 21 atividades gerais, envolvendo estudantes de todas as séries. O objetivo do projeto é trazer para a comunidade uma ampla discussão que envolva assuntos ligados à qualidade de vida, nos seus mais variados aspectos, além de possibilitar aos alunos um outro tipo de relação com o aprendizado. Aluno da 5.ª série do Ensino Fundamental, Rodrigo participou da exposição“Água e Vida – Rio São Francisco e Nilo”. Ele e mais três colegas construíram uma maquete que reproduziu com detalhes o funcionamento de uma hidrelétrica. Segundo
a professora Roseli Vasconcelos, o resultado é fruto de um trabalho interdisciplinar,
integrando a sua disciplina – Geografia – à História, Ciências e Artes.
“Integramos o conteúdo de cada matéria ao tema da Feira. Em Geografia,
os alunos estavam estudando, em sala de aula, a bacia hidrográfica; em
Ciências, eles estudavam a água; e, em História, o Egito. Reunimos os
três assuntos em torno da água, fizemos o mapeamento das áreas, o quantitativo
das cidades que esses rios banham e como é a qualidade de vida dos moradores
dessas localidades. Em seguida, nas aulas de Educação Artística, eles
montaram os trabalhos”, explicou. Os alunos de 1.ª a 4.ª série do Ensino Fundamental também tiveram participação ativa em várias oficinas e mostras de trabalhos. Na atividade que recebeu o nome de “Apagão: Medo, Escuro e Outras Histórias”, professores e alunos trabalharam com a questão do racionamento de energia, abordando o tema sob vários aspectos. Associando à discussão do apagão, foram inseridos personagens folclóricos brasileiros, como o boitatá, a mula-sem-cabeça e o curupira, aliados aos medos que trazemos no inconsciente. Depois de muito papel crepom, cartolina, filó e boa dose de criatividade, o resultado foi um túnel pelo qual os visitantes percorreram conduzindo uma lanterna. “Nesse túnel, nos deparamos com os vários ambientes: cidade, floresta e rios. O medo do escuro foi trabalhado de uma forma surreal, possibilitando aos alunos interagir com a música, a arte e as crenças populares”, contou a professora Cláudia Marçal.
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As turmas do Ensino Médio não deixaram por menos. Laura, estudante do 1.º ano, participou da exposição denominada “Novas Tecnologias X Qualidade de Vida” e montou uma maquete sobre os procedimentos da hidroponia – uma técnica de cultura de vegetais em solução nutriente. “Mostramos como é possível cultivar alimentos utilizando somente água, livre de agrotóxicos e de outros produtos químicos”, contou ela. Na mesma exposição, a estudante Letícia, também do 1.º ano, desenvolveu um estudo sobre o genoma, passando pela decodificação do DNA até chegar ao polêmico processo de clonagem. Para a professora de Biologia, Christina Sid, a exposição teve o objetivo de provocar o questionamento das novas tecnologias, avaliando a interferência dessas pesquisas nas nossas vidas. “Os alunos pesquisaram, em livros e revistas, sobre biotecnologia e se dividiram em temas relacionados à alimentação – transgênicos, hidropônicos ou orgânicos – e ao estudo do DNA, avaliando os prós e os contras”, completou.
Ao final da Feira, Rodrigo, Laura, Letícia e todos os outros estudantes voltaram para casa com a certeza de que a chegada da primavera não marca apenas o início da estação das flores, uma vez que ela também pode representar o desabrochar de novos conhecimentos e de muitos outros que ainda estão por vir.
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