Por Luciana Jacques

Alunos da 3.ª série do Ensino Fundamental da Associação Educacional de Niterói (AEN) viveram uma experiência diferente no bimestre passado, assumindo, por um dia, o lugar do professor da turma.

Para a matéria que tiveram de ensinar na aula especial, os “alunos-professores” escolheram aquilo que sabem fazer melhor. Surgiram temas como artesanato, confecção de pipas, reike, biografia de pintores famosos, culinária, origami, RPG, entre outros. Todos fizeram apostilas, que foram distribuídas, na sala de aula, para os colegas acompanharem a explicação, e alguns estudantes foram ainda mais longe, preparando até exercícios de fixação.

Tudo isso é fruto do Projeto Troca de Saberes, que tem como objetivo principal estimular o respeito e a solidariedade, além de diagnosticar questões que necessitem de reforço.

O primeiro passo para colocar o projeto em prática foi o levantamento dos temas que poderiam ser ensinados pelos alunos, observando a viabilidade, o tempo necessário, o material que seria utilizado e o calendário das aulas. Depois de escolherem o assunto, cada estudante saiu em campo, buscando material de pesquisa. A partir daí, eles planejaram, individualmente, suas aulas. Foram dois meses para preparar tudo. Diariamente, os alunos procuravam a professora para contar as novidades, mostrar cartazes e, até mesmo, para expressar a insegurança e ansiedade em relação ao dia em que seriam os professores da turma.

“A idéia era que as crianças pudessem trabalhar a auto-estima e aprendessem a valorizar os colegas, possibilitando a socialização entre os alunos, à medida que os mais tímidos ganhassem confiança e os mais extrovertidos passassem a respeitar os outros quando aprendessem alguma coisa com eles. É importante saber que mesmo aqueles colegas que tiram notas baixas em algumas matérias também sabem fazer muito bem outras atividades”, define a coordenadora pedagógica da AEN, Ana Bueno.

Responsáveis por confeccionar todo o material, os estudantes realizaram leituras de diversos tipos de texto sobre o tema escolhido, desenvolveram a capacidade de sintetizar as informações contidas nos textos, tiveram de usar a linguagem oral com coerência e prepararam apostilas e cartazes, observando aspectos gramaticais da língua. Para isso, etapas como a organização do projeto, a definição de regras, a participação e o compromisso com o sucesso do projeto foram fundamentais.

Após as aulas especiais, que foram acompanhadas pelos colegas, professores, diretores e coordenadores do colégio, os alunos participaram de uma avaliação, em que cada um contou sua experiência e na qual o grupo analisou as aulas, questionando, por exemplo, se o expositor estudou o tema, se conseguiu prender a atenção do grupo, se solucionou as dúvidas, se a atividade foi de interesse geral, se o grupo colaborou com o colega e se a experiência foi válida.

A professora da 3.ª série do Ensino Fundamental, Raquel Lemos de Azevedo, lembra que essa avaliação revelou sentimentos e conclusões surpreendentes dos alunos, como: “Agora sei como um professor se sente”; “Somos 14 alunos e cada um de nós aprendeu 14 coisas diferentes”; “É muito diferente estar no lugar do outro” e “O silêncio e o respeito ajudam quem quer falar o que sabe”.

De acordo com Ana Bueno, o resultado do projeto foi bastante positivo e a idéia, agora, é realizar o Troca de Saberes em outras turmas também.

“Os alunos se sentiram muito valorizados. Eles estão mais integrados com os colegas. O conceito daqueles que eram mais inibidos subiu na sala de aula e o principal é que o relacionamento da turma melhorou bastante. Além disso, eles perceberam como é difícil ficar no lugar do professor. Muitos disseram que era prazeroso, mas, ao mesmo tempo, ficavam frustrados quando não percebiam o interesse da turma ou quando alguém não conseguia entender o que estavam ensinando”, disse a coordenadora pedagógica.

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