Foi um dos primeiros brasileiros a ser exilado, por sua coragem de colocar em prática um autêntico trabalho de Educação, que identifica a alfabetização como um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para aquisição de instrumentos de leitura e escrita, quanto para sua libertação. A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se no Chile, onde encontrou um clima político e social favorável ao desenvolvimento de suas teses e, durante cinco anos, desenvolveu trabalhos e programas de Educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICRA). Neste mesmo período, escreveu sua principal obra, intitulada Pedagogia do Oprimido, que propõe um método abrangente, pelo qual a palavra ajuda o homem a tornar-se homem. Assim, a linguagem passa a ser cultura, uma vez que através da decodificação da palavra, o alfabetizando vai se descobrindo como homem, sujeito de todo o processo histórico. Em 1980, depois de 16 anos de exílio, voltou para o Brasil. No dia 10 de Abril de 1997, lançou seu último livro intitulado Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa e, no dia 2 de maio de 1997, faleceu, em São Paulo, vítima de um enfarto agudo no miocárdio. A Pedagogia do Oprimido O método Paulo Freire não possui qualquer atitude paternalista em relação ao analfabeto. Para ele, alfabetizar é ensinar o aluno a utilizar a palavra, a pensar o mundo e a julgá-lo. Portanto, o alfabetizando, ao começar a escrever, não deve copiar palavras, mas expressar juízos. Partindo dessa premissa, Paulo Freire aplica pela primeira vez no campo da pedagogia as palavras conscientização e conscientizar, que em seu conteúdo vernacular específico se incluem no vocabulário de idiomas como o francês e o alemão, tidos como acabados e, conseqüentemente, totalmente infensos à aceitação de neologismos.
|
Por isso, a pedagogia de Paulo Freire, sendo método de alfabetização, tem como idéia central toda a amplitude humana da “Educação como prática da liberdade”, o que, em regime de dominação, só se pode produzir e desenvolver na dinâmica de uma “pedagogia do oprimido”. Freire criticava a Educação bancária, na qual o professor apenas deposita o conteúdo nos alunos, transmitindo seus conhecimentos e valores, e anulando completamente a autonomia dos educandos, que recebem, pacientemente, as informações, memorizando-as e repetindo-as sem questioná-las. Para ele, essa concepção “bancária” da Educação é equivocada, porque nela o educador é o sujeito do processo, enquanto os educandos são apenas objetos. A Educação como prática da liberdade, ao contrário daquela que é prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim como também a negação do mundo como uma realidade ausente de homens. “Mas ninguém se conscientiza separadamente dos demais. A consciência se constitui como consciência do mundo. Se cada consciência tivesse o seu mundo, as consciências se desencontrariam em mundos diferentes e separados – seriam mônadas incomunicáveis.” (Paulo Freire) Paulo
Freire é autor de várias obras, entre elas:
|