O leiomioma é um tumor benigno da musculatura lisa, bem delimitado e não encapsulado. Também é conhecido como mioma, fibroma, fibrolciomioma e tumor fibróide. Sua incidência é maior na raça negra. Acomete cerca de 20% das mulheres com 30 anos e 45% das mulheres entre 42 a 48 anos.

Temos numerosas teorias quanto à sua histogênese, mas nenhuma foi suficientemente comprovada. Uma precisa correlação com a presença de estrogênio foi observada, porque este tumor nunca foi evidenciado antes da menarca (primeira menstruação) e tende a regredir após a menopausa (última menstruação). Além disso, os leiomiomas desenvolvem-se rapidamente quando administra-se estrogênio exógeno, aumentam durante a gravidez e são, freqüentemente, associados à hiperplasia do endométrio.

O leiomioma pode se localizar na cervix, no istmo ou no corpo uterino. Os tumores localizados na cervix têm incidência de 2% a 6% e, geralmente, se desenvolvem para dentro da vagina, ocasionando simusiorragia (sangramento na relação sexual) e infecção freqüentes. Os tumores localizados no istmo (7,2%) causam dor e repercutem no sistema urinário. Os tumores localizados no corpo são os mais comuns, no entanto, 91,2% podem atingir grandes volumes sem manifestações clínicas.

O leiomioma também é classificado de acordo com a camada uterina:

  • Subseroso: camada mais superficial uterina, podendo complicar com torção, necrose e hemorragia peritoneal.
  • Intramural: o mais freqüente. Pode abaular a superfície e a luz do útero.
  • Submucoso: é o que, mais freqüentemente, leva a perdas sangüíneas e favorece a instalação de quadros anêmicos e infecciosos. Neste caso, há indicação indiscutível de cirurgia.

O sintoma mais freqüente é a alteração no fluxo menstrual, com aumento da perda sangüínea, podendo vir acompanhada de coágulos. Secundariamente, a anemia pode estar presente.

Com o seu crescimento pode causar dor (sensação de peso no baixo-ventre com irradiação para a região lombar e membros inferiores). Podem aparecer sintomas devido à compressão de órgãos vizinhos como a bexiga (retenção ou incontinência), o reto (constipação e fezes em fita) e compressão venosa (causando edema – inchaço – nos membros inferiores, varizes e hemorróidas).

O leiomioma pode causar infertilidade quando submucoso, por funcionar como um DIU, dificultando a ascensão do espermatozóide por barreira mecânica ou aumento da contratilidade uterina. Pode também ocluir os orifícios tubários ou distorcer as trompas.

O tratamento do leiomioma uterino não pode ser padronizado. Cada paciente apresenta variações individuais que devem ser analisadas. Um tumor assintomático, palpável ao exame pélvico, com um tamanho pequeno, deve ser acompanhado, principalmente se a paciente estiver na perimenopausa. Porém, deve-se lembrar que, ao iniciar o tratamento de reposição hormonal, o tumor poderá crescer e até causar hemorragia. Neste caso, deve-se indicar o tratamento cirúrgico.

A terapêutica medicamentosa visa, basicamente, a coibir as manifestações hemorrágicas, tentar reduzir ou estabilizar o volume tumoral e controlar as manifestações álgicas.

O tratamento cirúrgico é considerado radical quando se realiza a histerectomia total (colo e corpo uterino) ou parcial (corpo uterino), e conservador nos casos de leiomiomectomia. A leiomiomectomia é indicada em pacientes novas que ainda desejam engravidar. Para aquelas que já têm sua prole definida, mais de 35 anos, e apresentam miomas de tamanho semelhante à gestação de dois meses, deve ser indicado tratamento cirúrgico devido ao elevado índice de recorrência tumoral no tratamento cirúrgico conservador. A cirurgia deve ser indicada nos seguintes casos: tumores com tamanhos excessivos (exceto durante a gravidez,) localização submucosa e associada à hipermenorréia (aumento dos dias da menstruação), tumor pediculado, compressão da bexiga e/ou reto, associação à patologia pélvica como endometriose ou processo inflamatório e caso seja observados infertilidade ou abortos freqüentes devido à localização do tumor.

No entanto, cada caso é um caso que deve ser avaliado em conjunto com seu médico, que sempre vai orientar a melhor forma para conduzir o seu caso.

Colaboração Dra. Sandra Martins Rocha
Ginecologista e obstetra