Por Sandra Martins
No Itapuca, o trabalho ganhou o nome de Escola Aberta. Baseado em disciplinas como Matemática, Educação Física e Educação Artística, coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais e professores desenvolveram diversas oficinas, na quais as tarefas deveriam ser realizadas em conjunto por pais e alunos. Desenhos, músicas, jogos, brincadeiras e esportes fizeram parte do projeto. “Foram quatro horas de muita descontração e integração”, lembra a professora Eliane Nacif, coordenadora da unidade III do colégio. De acordo com Eliane, o projeto foi dirigido às famílias dos alunos do maternal à 6.ª série, matriculados nas unidades I e III. Segundo a coordenadora, pelo menos 70% dos pais participaram do evento realizado, estrategicamente, durante três sábados. “O ideal seria termos a participação de todos os pais, por isso fizemos o evento no fim de semana. Mas, para um primeiro trabalho, considero o resultado muito bom. Os pais ficaram encantados e sugeriram que fizéssemos uma atividade semelhante semanalmente”, comemora Eliane, ressaltando que espera uma adesão maior da família nos próximos encontros. Para comemorar o sucesso da primeira edição do Escola Aberta, tudo o que foi produzido pelos pais ficou exposto no mural da escola, durante uma semana, ao lado dos trabalhos dos filhos. Na opinião de Eliane Nacif, foi a maior prova de que o colégio conseguiu atingir seu objetivo.
Além de aumentar a participação da família na escola, como pretende o Governo Federal, os professores do Itapuca querem fazer com que os pais valorizem e contribuam com o processo ensino-aprendizagem de seus filhos. “Inserir a família na escola é uma forma de socializar o ensino e isso ajuda as crianças a reorganizarem o conhecimento delas. Elas ficam mais interessadas, mais atentas e dão muito mais valor à escola”, enfatiza Eliane. “Às vezes, no corre-corre do dia-a-dia, não percebemos que podemos transformar pequenos momentos em grandes e, talvez, em inesquecíveis momentos para os nossos filhos” completa.
Os pais também elogiaram a qualidade das atividades programadas para o projeto: “A organização e a criatividade das oficinas foram geniais. O Escola Aberta foi um momento muito gostoso”, acrescenta Rose Silva Pinheiro, mãe de Júlia, da 2.ª série, e de Juliana, do Jardim II. O próximo Escola Aberta está marcado para o segundo semestre deste ano. Os coordenadores e professores do Itapuca já estão elaborando as novas oficinas e brincadeiras que irão unir família, alunos e escola. Desta vez, a professora Eliane Nacif espera contar com a participação de todos os pais. “Diante de uma sociedade que está com os valores distorcidos, queremos chamar a atenção da família para um momento importante da vida da criança, que é o início da caminhada dela na escola”, finaliza. |
Seminários Ajudam a Integrar Aluno, Família e Escola
Segundo o professor, 30% dos pais participaram do projeto. Embora pareça baixo, o número foi maior do que o registrado nas reuniões de pais. “Sempre que sentíamos que o aluno não estava bem, que havia algo diferente no comportamento dele, chamávamos os responsáveis. Porém, poucos compareciam à escola. Às vezes, marcávamos reunião e a participação também era pequena. Com o projeto, conseguimos mudar bastante o quadro. A presença dos pais foi bastante significante”, afirma o professor. A missão de preparar os seminários foi dada aos alunos da 8.ª série. Usando como tema o Jovem e a Família, eles confeccionaram cartazes, maquetes e textos mostrando as várias formas de relacionamento entre pais e filhos, os benefícios da participação da família na escola e a importância da religião na formação de um indivíduo. “A idéia era fazer com que os pais ouvissem da boca dos próprios filhos as necessidades deles”, explica Dias. Os professores levaram três meses trabalhando o projeto com os alunos. O primeiro passo foi discutir o tema, inúmeras vezes, em sala de aula. O segundo, fazer a turma entender o objetivo da proposta. Somente depois de cumprir essas etapas, os estudantes começaram a desenvolver as tarefas. Conforme afirma Lucivaldo Dias, a metodologia permitiu que os estudantes, além de ficarem bem informados sobre o tema e o objetivo do projeto, ajudassem a convencer os pais a participarem. Ainda de acordo com o professor, já na fase de desenvolvimento, o projeto começou a produzir resultados positivos. “Percebemos que, à medida que as crianças iam falando do assunto em casa, o interesse dos pais pelo tema ia aumentando. Muitos procuraram a gente para saber mais detalhes sobre o trabalho”, destaca o professor. Os benefícios também foram sentidos dentro das salas de aula. “Quando o pai participa da vida acadêmica de seu filho, o rendimento dele melhora muito. Aqui o que aconteceu foi algo espantoso. Teve gente que saiu da média 3 e 4 para 8. Até na Matemática, considerada o bicho-papão, as notas melhoraram. A participação e a cobrança positiva da família são fundamentais para o processo ensino-aprendizagem”, ressalta Dias. A iniciativa do professor ganhou o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Belford Roxo e foi bastante elogiada pela diretora da escola, Rosângela Benício de Oliveira. “Foi uma aula diferente. Quero ver sempre atividades deste tipo na escola. O nosso contato com a família dos alunos não pode acontecer apenas nos momentos ruins”, comenta a diretora. A experiência também foi levada para o Ciep 210 – Maria Alves de Souza, localizado no bairro Xavante, em Belford Roxo, onde o professor Lucivaldo Dias também dá aulas. Lá, o evento não foi aberto apenas aos pais, mas a toda a comunidade. Os seminários foram apresentados pelos estudantes do Ciep e da Escola Municipal Rudá, convidada para participar do evento. “A integração foi total e não envolveu apenas as famílias. Os alunos também tiveram a oportunidade de conhecer outros colegas e de trocar informações com eles”, conta Dias. O professor recorreu ao slogan de uma campanha publicitária para mostrar aos familiares dos alunos a principal mensagem do projeto: “Não basta ser pai, tem que participar”. “Alguns pais acreditam que o professor tem que fazer mais do que o trabalho acadêmico, assumindo a responsabilidade de orientar as crianças. Entretanto, a formação geral do aluno depende da ajuda da família”, completa. “Para não deixar a brasa esfriar”, outras atividades nos moldes do projeto o Jovem e a Família já estão sendo programadas. Em novembro, por exemplo, quando se comemora o dia de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, o professor irá trabalhar com os alunos a questão racial. Mais uma vez, a intenção é ultrapassar os limites da sala de aula e levar a discussão até as família.
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