Por Sandra Martins

Criatividade e perseverança. Essas foram as palavras mágicas usadas pela professora de Matemática Regina Tieppo para conscientizar os alunos de 5.ª a 8.ª série da Escola Municipal Fernando Azevedo, localizada em Santa Cruz, da importância da Matemática no nosso dia-a-dia. Segundo ela, a disciplina continua sendo considerada, por muitos, um bicho-de-sete-cabeças, por isso quebrar esse tabu entre os jovens é sempre uma tarefa árdua. “O aluno de hoje é diferente, é desinteressado, mas está pedindo algo que não seja o tradicional cospe-giz. Daí a necessidade de o educador ter de modificar a sua maneira de trabalhar, atuando com a curiosidade do estudante. O professor deve aproveitar esta curiosidade como um canal de aproximação entre ele e o aluno”, disse, alertando, no entanto, que o próprio professor deve desejar esta transformação, este contato.

Com criatividade, Regina Tieppo fez com que seus alunos participassem da Oficina da Água, conscientizando-os através de gráficos desenvolvidos em sala de aula e no laboratório do PCM-10. O objetivo do projeto foi mostrar, através da representação e da leitura numérica, da utilização de instrumentos de medidas, da noção de porcentagem e dos gráficos, a quantidade de água existente na terra, a distribuição dessa água e o quanto ela é desperdiçada. Após essa constatação, os alunos puderam chegar à conclusão de como é necessária uma mudança comportamental com relação a esse consumo.

Aplicar a teoria à prática não é uma tarefa fácil, mas, segundo Regina, o educador tem que estar atento para adaptar sua metodologia de trabalho à nova situação, como aconteceu com ela. Para que seus alunos pudessem participar da oficina, ela usou kits criados no Pólo de Ciências e Matemática (PCM), feitos de sucatas ou de material reciclado, como cubos para trabalhar a multiplicação, as noções de peso e quantidade, e gráficos de pizzas feito pelos próprios alunos. “Simulamos jogos nos quais os próprios alunos elaboram as regras da competição. Quando a intenção é jogar com outros grupos, eles criam regras mais difíceis, estabelecendo maior grau de complexidade e aprimorando, com isso, seu auto-conhecimento”, enfatizou. Apesar de ainda existirem algumas resistências à Matemática, a professora observou mudanças qualitativas no rendimento de suas turmas, visíveis tanto nos cadernos como no comportamento dos jovens.

Dividida em cinco grupos, a turma construiu gráficos de pizza e barra, a partir de determinadas considerações, fazendo comparações e reflexões sobre desperdícios, como: “Cerca de três quartos da Crosta Terrestre são cobertos de água”; “Da quantidade de água existente na terra, 98% são constituídos de água salgada”; “Da quantidade de água doce na terra, 76% correspondem à água congelada, 22% à água no subsolo e 2% às águas de rios e lagos”; “Dessa quantidade de água de rios e lagos, apenas 0,7% correspondem a água potável”.

Outro aspecto discutido e trabalhado pelos alunos foi o levantamento histórico com relato sobre a importância da preservação do meio ambiente, recursos hídricos e problemas ecológicos. Esta parte do trabalho foi desenvolvida pelos professores de Ciências, Alvimar e Luiz Miguel. De acordo com os alunos, uma das etapas mais fascinantes do projeto deu-se com a visitação à Estação de Tratamento de Águas do Rio Guandu e com posterior construção do protótipo desta estação com apoio dos integrantes do Clube da Ciência, que funciona na própria escola e é composto por dez alunos que mais se interessam pelas atividades do laboratório de Ciências.

Segundo o professor Luiz Miguel, os jovens que participam das atividades do Pólo mudam seu comportamento, porque gostam do que fazem e aprendem, empolgados com cada descoberta, com as pesquisas, as experiências e os protótipos criados no laboratório. “Ao falar sobre pressão para as turmas da 5.ª série, usamos o ludião – garrafa plástica cheia d’água, tendo uma tampa de caneta presa a um clips em seu interior, quando a garrafa é pressionada entra água na tampa e ela desce – para explicar como um submarino pode emergir ou submergir”, disse.

Nos dez PCMs instalados nos laboratórios de escolas municipais, são desenvolvidos os mais diversos temas, como reaproveitamento de alimentos, tempo, racionalização do uso do petróleo e seus derivados, combate ao desperdício de energia etc. “O PCM é ligado ao Procel – Programa de Conservação de Energia Elétrica da Eletrobrás, que capacita técnicos das Furnas para capacitarem os profissionais de ensino de níveis Fundamental e Médio”, disse o professor Alvimar Rosa. Ele salientou que, com estas iniciativas, ganha tanto o professor, que se vê estimulado a dinamizar suas aulas, como os alunos, que vão se encantando com as descobertas, tornando-se mais observadores, disciplinados e inquiridores.

Escola Municipal Fernando Azevedo
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