Uma realção de amor: o livro e eu

Por Beatriz Dusi

Apresento a vocês duas pessoas importantes na literatura infanto-juvenil: Lucia Jurema e Ieda de Oliveira.

“Amigo é coisa pra se guardar, Do lado esquerdo do peito Dentro do coração Assim falava a canção...”

É isto que posso falar de Lucia Jurema. Foi ela quem me apresentou ao mundo editorial da literatura infanto-juvenil na I Feira de Livros Infantis e Juvenis, em 1986, realizada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e pela Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (onde eu era Assessora de Comunicação Social). De lá para cá, a amizade foi consolidada com muito troca-troca de informações culturais e literárias. Sua capacidade de trabalho é reconhecida por todos que lidam com livros – editores, divulgadores, autores, ilustradores, além do pessoal das áreas de Educação e cultura pública e particular.

Na Editora Nova Fronteira, da qual foi editora, ganhou cinco Jabutis – prêmio dado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), que leva este nome porque o jabuti é um animal que se distingue pela paciência e tenacidade com que vence os desafios; por isso foi escolhido para simbolizar a atividade de nossos escritores, ilustradores, editores, livreiros e gráficos. Com um bom faro para descobertas, editou três escritores que foram revelação de autor, dados pela FNLIJ e CBL: Celso Sisto (Ver-de-ver-meu-pai), Léo Cunha (O Sabiá e a Girafa) e Bia Hetzel (Rosalina, Pesquisadora de Homens). Editou uma edição especial do conto Fita Verde no Cabelo (do livro Ave, Palavra de Guimarães Rosa, Ed. NF) com ilustração de Roger Mello, que ganhou o Jabuti 92 como melhor ilustração, melhor produção editorial e também o Prêmio Adolfo Aizen da União Brasileira de Escritores (UBE).

Nesta sua jornada, uma das maiores alegrias foi conseguir homenagear, em vida, a grande e querida escritora Sylvia Ortoff. “Sou mais feliz que Monteiro Lobato, pois recebi esta grande homenagem em vida...” através de Joselito e Seu Esporte Favorito, no qual Léo Cunha, com a cumplicidade plástica de Marilda Castanho, faz um relato da vida literária de Sylvia. Outros autores também foram lançados por Lucia, como Cecília Vasconcellos (O Rei das Palavras), Graziela Bozzano Hetzel (O Problema do Godofredo) e Hebe Coimbra (Num Pacato Vilarejo). A Associação Brasileira de Indústria Gráfica (Abigraf) concede o Prêmio Excelência Gráfica para o livro O Dilema do Bicho-Pau de Ângelo Machado, com ilustrações de Raquel Lourenço.

Agora, na Editora Record, viajando por todo o Brasil, faz um trabalho de parceria entre professores/estudantes e autores, no qual todos têm oportunidade de trocar idéias através de palestras, oficinas literárias etc. O livro que mais lhe marcou foi Pollyanna e, agora, para não causar ciúmes, ela recomenda O Mundo Encantado de Gabriel García Márques. São seis volumes de puro realismo mágico, onde os jovens terão um imenso prazer em lê-los.

O poema A tinta e a lápis Escrevem-se todos Os versos do mundo... In O Engenheiro Melo Neto, João Cabral. Obra completa: vol. único. RJ, Nova Aguilar, 1994.

E Ieda está fazendo o possível (e bem) para que tenhamos – crianças e adultos – o que ler. Não qualquer escrito, e sim palavras que nos envolvem e onde a prosa vira pura poesia. Quem é ela? Professora, especialista em Literatura Infantil e Juvenil pela UFRJ, mestre em Literatura Brasileira pela PUC/RJ, doutoranda em Literaturas Comparadas de Língua Portuguesa pela USP e Diretora da COLL – Consultoria de Língua Portuguesa e Literatura –, na qual professores, bibliotecários ou profissionais interessados em literatura terão oportunidade de se especializar, se atualizar ou, simplesmente, trocar idéias sobre letras e livros.

É autora de vários livros, com muito boa aceitação por parte de professores e alunos, como: “A Visita” (ficção científica), “Emmanuela” (problemas sociais/morte) e “Contexto Sinistro – Histórias Fantásticas” (suspense/mistério), editados pela Editora Ao Livro Técnico e, pelo Quinteto Editorial, “O Raio da Positividade” (aventura). O livro “Bruxa e Fada – Menina Encantada” está sendo relançado pela Editora DCL, com projeto gráfico e ilustração de Pink Wainer. É autora premiada com láureas nacionais – Prêmio Adolfo Aizen (da União Brasileira de Escritores – UBE) e internacionais – Selo “Espace Enfants”, da Suíça. Este prêmio é dado pela Fondation Espace Enfants que distingue livros de qualidade para crianças. Do Brasil, além de Ieda, Ana Maria Machado e Ângela Leite de Souza foram distinguidas entre os 53 escritores que representaram 11 países.

O último projeto literário dela, em 2000, homenageou os 500 anos do Brasil. Livro e CD intitulados “Brasileirinho – História de Amor ao Brasil”, com ilustrações de Luis Díaz, pela Editora DCL. Apresentado no Congresso do IBBY, de Literatura Infantil e Juvenil em Cartagena, Colômbia (vide Educar n.o 21) foi muito bem recebido e despertou um grande interesse no público presente. Durante o II Salão de Livros para Crianças e Jovens, no MAM (RJ), houve tarde de autógrafos, na qual os visitantes puderam se deliciar com o texto. Foi convidada pelo governo do Maranhão para lançá-lo durante a inauguração da Biblioteca Volante.

Ainda por conta do Brasileirinho foi a Paris, a convite da Embaixada do Brasil e da Fundação Biblioteca Nacional, e lançou-o no 21.º Salão do Livro de Paris com muito sucesso de crítica e mídia. A autora foi entrevistada nas Rádios Alpha de Paris e Rádio França Internacional, transmitida para todo o mundo e, através da Internet, o público teve à sua disposição, durante sete dias, a entrevista dada pela autora. O livro pode ser encontrado em Paris nas livrarias Chandeigne e Lusophone. Brasileirinho também fez sucesso na Universidade de Coimbra e na Escola Superior de Educação do Porto, onde a autora proferiu várias palestras. Como tem viajado esse Brasileirinho!