Por Rosane Carneiro
“Investimos na difusão do ato da leitura”, enfatiza Paulo Rocco, Presidente do Snel e da Editora Rocco. Ele explica que uma das principais estratégias da entidade é a defesa das bibliotecas escolares e públicas. “É necessário que haja renovação do acervo das bibliotecas”, diz. O governo brasileiro é o maior comprador da produção do mercado editorial brasileiro, através da aquisição de livros didáticos, representando, em média, 40% das compras do segmento, que, em 1999, chegou a negociar um montante de aproximadamente um bilhão e oitocentos mil reais – informação da Câmara Brasileira do Livro (CBL), instituição também promotora do livro e da leitura no país. As editoras de livros didáticos tornaram-se, então, as maiores do mercado, e, recentemente, despertaram o interesse de grupos internacionais, como os casos da Editora Ática, que teve metade de seu controle acionário vendido para o grupos Vivendi, da França, e Abril, e da Editora Moderna, adquirida pelo grupo espanhol Santillana. A realização da Bienal, que acontece no Rio de Janeiro desde 1983, e em São Paulo desde 1970, é uma prova da força do mercado editorial brasileiro. “Eventos como as Bienais são grandes vitrines, que estimulam muito o hábito de leitura no país”, afirma José Carlos Venâncio, vice-presidente do Snel, Presidente da Editora Ground e um dos diretores da CBL. José Carlos, no entanto, alerta para a ação de comissões, nestas instituições, de fomento às pequenas e médias editoras e livrarias brasileiras, de caráter independente. “A entrada do capital estrangeiro só não pode acarretar a pasteurização da produção editorial, pelo estreitamento do espaço dos pequenos. Estes são necessários porque refletem a cultura do país”, diz, acrescentando também a importância da campanha em favor das bibliotecas públicas. Segundo José Venâncio, o governo ainda não possui uma política firme em relação ao assunto. Bienal: O Grande Encontro A X Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro acontece entre os dias 17 e 27 de maio, no RioCentro, onde são esperados mais de 500 mil visitantes. O número de expositores cresceu em 20% em relação à última feira e deve ficar em torno de 500 participantes. Mas a grande novidade desta edição é a participação externa. Esta é a Bienal com o maior número de expositores estrangeiros. Argentina, China, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Jamaica e Portugal estarão mostrando suas produções literárias, tornando a X Bienal a mais internacional de todas. Para a Espanha, nação homenageada nesta edição, serão disponibilizados aproximadamente 500 m2. Os visitantes poderão contar, ainda, com a presença de autores espanhóis consagrados, como Carmen Posadas e Manuel Montalbán. |
“Os
espanhóis estão muito entusiasmados”, conta Paulo Rocco. A escolha da
Espanha, segundo o Presidente do Snel, foi a forma encontrada para dar
continuidade à discussão sobre a influência ibérica na cultura brasileira,
a exemplo de Portugal, país homenageado na última edição do evento. A
Espanha é também um dos países que mais edita livros no mundo, com forte
tradição literária, e um dos melhores parceiros do Brasil no segmento
editorial: as traduções de títulos para a Língua Portuguesa cresceram
aproximadamente 7% (dados de 1999). Para professores e alunos, a Bienal
reserva atrações especiais: o III Encontro de Profissionais do Ensino
e a Visitação Escolar. No III Encontro de Profissionais do Ensino, dedicado
exclusivamente aos professores, a Bienal oferece um espaço para reciclagem
e reflexão sobre ensino, escola e o educador na atualidade. Educação a
distância e no campo, ecologia, psicologia em sala de aula e técnicas
de escrita são alguns dos temas presentes em oficinas, palestras, mesas-redondas
e workshops do Encontro, que oferece também atividades como dança de salão
e tai-chi-chuan. Já a Visitação Escolar, com inscrições quase esgotadas, promove o encontro de alunos e mestres com autores, contadores de histórias e ilustradores. A estimativa é que se inscrevam 220 mil participantes, entre alunos e professores. Ao chegarem, os alunos devem adquirir as notas da Bienal (R$ 2,00 cada), que nos stands podem ser utilizadas na compra dos livros escolhidos. As escolas têm, ainda, acessos exclusivos, equipe de monitores treinados e atividades infantis, nos stands, especialmente planejadas para os estudantes. A Visitação Escolar ocorre no dia 18 de maio e na semana de 21 a 25 do mesmo mês, das 9 às 18 horas. “O professor é o agente dinamizador da leitura em salas de aula e no evento. A ele caberá consolidar os interesses despertados na feira. Este trabalho é dos mais importantes na formação do caldo cultural que produz a Bienal”, afirma José Carlos Venâncio. Enquanto isso, o interesse pelos livros e sua consolidação para as novas gerações – um dos tópicos suscitados pela Bienal – acontece, na prática, em iniciativas como a do Colégio Alfa Recreio, que realizou, em abril, a II Feira do Livro.
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