Por Rona Hanning

Depois de um breve intervalo, volto para a querida coluna deste jornal. Há duas ou três semanas, uma aluna me convidou para falar sobre Literatura Infantil com os professores da escola em que trabalha. Falar sobre a importância da leitura, da dificuldade que têm os professores em lidar com a ausência do hábito de leitura por parte dos alunos, da resistência que sentem em incorporar a literatura não como aparato didático, mas como fonte de enriquecimento humano, e, ainda, da ânsia por sugestões de formas para trabalhar com a literatura em sala de aula.

Sempre as mesmas questões afligindo os professores, que estão cada vez mais sensíveis e perceptivos à necessidade de a sala de aula estar absorvendo outras linguagens que não só a científica.

A escolarização dos conhecimentos vem demonstrando, há tempos, sinais de fracasso, uma vez que está provocando, cada vez mais, a saturação do ambiente escolar e, por outro lado, estimulando tanto professores quanto alunos a buscarem os conhecimentos e as informações fora do âmbito didático. Perecebe-se que em vez de encontrar respostas para seus interesses e curiosidades nas escolas, os sujeitos estão indo em busca das informações que mais lhe agradam, estando a escola, portanto, cada vez mais distante dos alunos.

Assim, os professores, perceptivos diante do desinteresse de seus alunos, iniciam tentativas de trabalho nas quais a construção do conhecimento passa por outros caminhos que não só os restritos à sala de aula. A partir deste movimento de expansão, ou seja, de ampliar os olhares sobre o que pode ser educativo/pedagógico é que surge o desejo, por parte de alguns, de incorporar os textos de ficção em seus planejamentos. Começar a trabalhar com a literatura pode ser um caminho para realizar, segundo Georges Jean, uma “pedagogia poética”, que, segundo ele, encontra-se, na maioria das vezes, fora da própria pedagogia.

Então, a busca pelo poético pode nos direcionar para este caminho em que o educativo encontra-se mais com a pluralidade, com a amplitude, com as múltiplas possibilidades, do que com o restrito, o único, o correto e o afirmativo modo de pensar que a escola vem nos ensinando, há séculos, e que não nos tem feito viver melhor, muito menos construir uma sociedade melhor.

Quem sabe não possamos encontrar na Arte um dos caminhos, que tanto buscamos, para dar novo significado às nossas aulas... até mesmo as de matemática e ciências!

Obs.: Estejam atentos aos lançamentos na Bienal do Livro. De repente podem ser encontrados mais subsídios fora das estantes “para o professor”! Fiquem ligados onde as crianças e/ou jovens estão e dêem uma checada para ver o que é. Quem sabe isso não pode virar material para discussão em sala de aula? Garanto que sim.

Um abraço e até a próxima.
Rona
Ronahann@uol.com.br