Por Andréia Brilhante

A Internet chegou mesmo para facilitar a vida de milhares de pessoas. E quando o assunto é Ensino a Distância, essa frase ganha mais força. A Educação pela rede mundial de computadores não beneficia só o aluno, que vive no corre-corre da sociedade moderna sem tempo para nada. Ela é um mercado promissor para professores deficientes visuais que têm dificuldades de sair de casa ou são discriminados no ensino presencial.

Este acesso à Internet se dá graças a programas específicos, criados para atender às necessidades dos deficientes visuais, que agora podem, inclusive, criar suas próprias Home Pages. É o caso de Eduardo Fernandes Paes, que é deficiente visual e dá aulas de Língua Portuguesa para estudantes dos Ensinos Médio e Supletivo. Ele criou o site http://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes, com o auxílio do software DOSVOX, que possibilita a navegação, na Rede, através de uma voz que faz a leitura dos textos e da área de trabalho, e do programa Cartavox, que permite o recebimento e o envio de mensagens e programas específicos para deficientes visuais.

Eduardo ministra as aulas de sua própria casa, tirando dúvidas sobre os conteúdos da disciplina. “O site funciona como um manual prático sobre concordância verbal, acentuação gráfica, pontuação e ortografia, entre outras questões”, explica Eduardo. Quando o internauta acessa a Home Page, encontra conteúdos de Língua Portuguesa, Educação e Literatura Brasileira. Na seção de Língua Portuguesa, por exemplo, há itens como Gramática, “Língua Curiosa”, “Língua Bem-Humorada”, artigos (reportagens, entrevistas e ensaios) e Dicionário de Português. Uma das seções mais procuradas é a de Gramática, que, quando acessada, apresenta assuntos que são alvos de muitas dúvidas, como os empregos da crase e do hífen. As explicações são seguidas de vários exemplos que facilitam o entendimento. Quem ainda continuar com dúvidas, mesmo depois de navegar no site, poderá trocar e-mails com o professor que responderá às perguntas em até 24 horas. O internauta não paga pelo serviço.

O mercado on-line para deficientes tem tudo para crescer. Eles próprios estão investindo nisso. É o caso do analista de sistemas Bernard Condorcet, que está fazendo mestrado em informática na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e desenvolve softwares para deficientes visuais como ele. Bernard tira dúvidas de outros deficientes visuais sobre a utilização de vários programas de computador. O trabalho é feito pelo site http://intervox.nce.ufrj.br/~bernard. Quem tem problemas com a utilização de softwares, como o DOSVOX, pode mandar e-mail para o analista (bernard@nce.ufrj.br), que também deixa disponíveis, em seu site, os telefones: 598-3198 e 9198-5647.

“Até pouco tempo, a cultura do deficiente visual se restringia ao Braille, a canais de rádio e TV, e a fitas cassetes. Com a Internet, ele passa a ter acesso a pesquisas através de Home Pages. Hoje, a possibilidade de o deficiente visual fazer uma faculdade ou um mestrado é maior, devido ao auxílio da informática”, enfatiza Bernard.

Em sua Home Page há vários links, entre eles “DOSVOX? O que é isto”?, que tira dúvidas sobre a utilização do programa. À medida que o internauta navega, surgem algumas dicas ou perguntas como “Já verificou se suas caixinhas de som estão plugadas no lugar correto?”. Não satisfeito, o leitor pode mandar e-mail para o professor que o auxiliará no uso do DOSVOX.

O que é DOSVOX?