Neste tempo, quando o homem ganha velocidade virtual, há que se compreender que o que se espera da Educação contemporânea vai além dos desafios e ações que possam ser utilizados para chegarmos ao imaginário e subjetivo nível de uma Educação de qualidade. Por décadas, alimentamos o desejo de ver a sociedade brasileira usufruindo de um programa educacional que se aproximasse desse ideal.

Sonhávamos com uma escola pública, resgatada, refinanciada, moderna, com professores mais capacitados, melhor remunerados e com um ensino de qualidade ao alcance todos.

Era comum citarmos exemplos de países prósperos, que impulsionaram seus desenvolvimentos a partir de uma política agressiva de investimento na Educação. EUA, Japão e Alemanha eram algumas dessas referências e, de fato, devemos reconhecer que estes países, juntamente com outros poucos da parte norte do globo, reúnem, hoje, quase metade da renda mundial, sendo suas hegemonias decorrentes desses investimentos na Educação de seus povos.

Aquilo que, até pouco tempo, imaginávamos ser o suficiente para educarmos a nossa sociedade, pode, agora, já estar defasado. Vivemos no limiar de uma nova ruptura civilizacional. A Idade Tecnotrônica ou a Revolução Técno-científica foi desencadeada por nações que investiram pesado no ensino, nas pesquisas, na ciência e na tecnologia, e estiveram, também, na vanguarda, assegurando o desenvolvimento e liderando o período do auge do industrialismo. Já no final da década de 50, nos Estados Unidos, os funcionários de colarinho branco excediam em número aos operários de macacão. Iniciavam-se, aí, os primeiros movimentos impulsionadores desta nova economia mundial, centrada em um novo modelo de produção que exige alto nível de especialização técnica.

A onda da informática, da Internet, da robótica, da cibernética, do avanço nas comunicações, rapidamente, alastra-se. Somos a geração de transição dessas mudanças. Convivemos, simultaneamente, com obsoletas economias e instituições erguidas num modelo já condenado à extinção, principalmente, nos países do segundo e terceiro mundos e com os novos paradigmas da evolução humana que revolucionam os meios e modos de produção, criando, assim, novas tensões sociais, novos conflitos políticos, num novo modo de trabalho, uma nova economia e novas formas de lazer, acarretando mudanças profundas na relação familiar e exigindo, portanto, uma nova Educação capaz de contextualizar-se diante dos sinais dos tempos. É grande o novo desafio do Brasil. Como educar e capacitar nossa gente diante deste fenômeno mundial? Sequer alcançamos um patamar satisfatório em relação à erradicação do analfabetismo, à universalização do Ensino Fundamental e ao ajuste do ensino técnico profissionalizante ao mercado de trabalho.

Há que se reconhecer que, nos últimos anos, encaminhamos às escolas milhões de crianças, até então, sem essa oportunidade. No entanto, é chegado o momento no qual precisamos queimar etapas – promover um “esforço de guerra” em favor do ensino. É necessário educar o Brasil para que ele emerja como potência e encontre os seus próprios caminhos, com sua própria escala, construindo sua Economia lastreada nos potenciais de sua terra e através da participação plena de seu povo.

Que nós, formadores da mais caçula civilização tropical do planeta, tenhamos a consciência de que há um novo caminho a ser trilhado e que nesse percurso pratiquemos a justiça, descentralizando o poder, distribuindo as riquezas, gerando emprego e renda, promovendo a cidadania e a inclusão, exterminando a fome e a miséria, para que vejamos, então, o brasileiro liberar suas potencialidades, executar suas extensões e direcionar sua criatividade, motivando-se a compreender os desafios da tarefa de buscar o equilíbrio na competição mundial por melhor qualidade de vida para a nossa contemporaneidade e a do porvir.

Todas as áreas da inteligência humana, todas as funções, todo trabalho constituem-se como fatores fundamentais para alcançarmos este ideal. Mas, a base para tudo isso é uma Educação soberanamente competitiva, cuja tarefa é da escola, mas a missão é de todos nós, para que, brevemente, em um futuro censo, o IBGE possa nos dar um outro retrato do Brasil com menos desigualdade social, com justa distribuição de renda, com menos violência e com mais alegria no olhar deste povo que ainda está por tomar posse de seu país.

Ednaldo Carvalho
Editor do Jornal Educar