Escola torna ensino de Matemática atraente, através de projetos estimulantes

Por Jaciara Pereira

Mostrar aos alunos que a Matemática não é um bicho-de-sete-cabeças. Este é o objetivo dos projetos pedagógicos Pensando no Resultado e Olimpíadas de Matemática, criados pelo Centro Educacional Moderno Integrado (Cemi), localizado no Méier, no Rio de Janeiro. Os projetos ajudam os alunos a desenvolverem o raciocínio lógico e matemático de forma descontraída, através de concursos de respostas.

No Pensando no Resultado, é afixada, quinzenalmente, em um mural no pátio do colégio uma situação-problema. Por exemplo: “Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco de 10m². Durante o dia, ela sobe dois metros. À noite, escorrega um metro. Em quantos dias ela chegará à saída do poço?”. Os estudantes têm quinze dias para tentar encontrar a solução, e depositam as respostas em uma urna. Ao final do semestre, os professores de Matemática fazem a correção e divulgam, no mural, o resultado com a pontuação de cada aluno e o nome do vencedor. Já nas Olimpíadas da Matemática, a competição é dividida em duas baterias de provas. Na primeira, todos os 210 alunos matriculados no colégio concorrem. Na segunda, só entram os cinco de cada turma que mais se destacaram na fase anterior. “Essa brincadeira em torno da Matemática é exatamente para aproximar o aluno dela e quebrar o estigma de que é uma matéria ruim, chata. É para evitar que o jovem tenha medo da disciplina que direcionamos boa parte de nosso trabalho para ela”, sintetiza Ana Lins, coordenadora pedagógica da 1ª a 4ª séries.

Raciocínio e interpretação

A Aritmética é predominante no Pensando no Resultado, e, na maioria das vezes, para resolver a questão, o estudante não precisa fazer contas. A solução está no raciocínio e na capacidade de interpretação de cada um. No total, 110 estudantes de 5ª a 8ª séries participam do projeto, implantado na escola em 1999.

Embora ajude os alunos a aumentarem a média, a participação não é obrigatória. O Cemi trabalha com o método Montessoriano, cujo princípio básico é a liberdade. “O Pensando no Resultado é um trabalho de livre-arbítrio. O aluno tem todo o direito de não responder às questões. Mas, 99% dos alunos da escola participam”, esclarece Ana Lins, acrescentando que a premiação e o aumento da média fazem parte de uma tentativa de mudança no processo de avaliação. “O ideal seria já não estar mais avaliando os alunos através de provas”, diz. Rafael Oliveira, 11 anos, da 6ª série, venceu a última edição do Pensando no Resultado, realizada no segundo semestre do ano passado. Além de aumentar sua média qualitativa, ele foi premiado com uma bicicleta.

 

A liberdade dada aos estudantes inclui levar o problema para casa e discutir a resposta com os pais. “Quando nós formulamos as questões, sabemos que a criança não vai resolver sozinha. Mas é isso que queremos: que o aluno traga para a escola a participação dos pais. O projeto visa ao trabalho em conjunto”, afirma a coordenadora.

As questões apresentadas aos discentes através do projeto não estão necessariamente ligadas à matéria dada em sala de aula. O sincronismo seria difícil, já que os participantes são de séries distintas. E, quando pensaram em desenvolver o programa, as pedagogas e os professores de Matemática do Cemi tinham intenção de discutir, com as turmas, questões ainda não abordadas, porém, acessíveis a todos. “Nosso objetivo também é induzir o jovem à pesquisa. Além de discutir o problema com a família, queremos, se necessário, que consulte a Internet”, diz Ana Lins.

De acordo com a coordenadora, o importante é que o grau de dificuldade estimule o aluno a estudar e a buscar o que ainda não foi ensinado a ele. O projeto também influencia no desempenho do aluno em outras disciplinas como, por exemplo, o Português, já que para participar do programa ele precisa exercer pesquisa e interpretação.

 

As Olimpíadas

Nas Olimpíadas de Matemática acontece até torcida. “Durante a segunda rodada de testes, aqueles que ficaram de fora fazem até bandeiras e camisetas para torcerem pelos colegas de turma”, conta Ana Lins. Acontecendo sempre em agosto, o evento estimula muito, através da competição, o interesse pela disciplina. Os estudantes têm até três horas para responder aos exercícios, que são elaborados por módulos, conforme as séries (de 1ª à 3ª e de 4ª à 8ª).

As Olimpíadas já são uma tradição no Cemi e mobilizam muito os alunos. A competição estreou no Cemi em 1995, e retornou em 1998, segundo a professora Vânia Ribeiro, coordenadora do segundo segmento, de 5a a 8a séries. A princípio participavam apenas alunos de 5ª a 8ª séries, mas o sucesso foi tanto que a 4ª série reivindicou a participação. O resultado sai no final de agosto, com direito a troféus para os três primeiros colocados. Os demais recebem certificado de participação.

O projeto também ajuda o aluno a reforçar o boletim escolar: aqueles que obtêm notas acima de 70, ganham 10 pontos a mais na média. “Os projetos, além de estimularem a maior participação do aluno na escola e de promover uma aproximação maior com as famílias, valorizou muito a Matemática na escola”, conclui a professora Vânia Ribeiro.


Centro Educacional Moderno Integrado (Cemi)
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