Planeje bem sua viagem e livre-se de contratempos para não estragar o seu lazer. A equipe da Appai preparou para você um manual básico para facilitar a sua vida e a de seus filhos nestas férias. Relaxe e... pé na estrada!

Fazendo as malas

Evite sempre o excesso de bagagem. Leve apenas o indispensável: levar a casa “nas costas” só trará transtornos. Além de tudo, com filhos todo cuidado é pouco, pois é surpreendente a tendência a grande volume gerada pela bagagem de crianças. Se você for viajar para um local de clima quente, leve o mínimo necessário de peças de roupa.

Para facilitar, preparamos uma lista com alguns itens que não podem ser esquecidos: camisetas de algodão, calcinhas/cuequinhas, 1 camiseta de manga comprida, shorts ou vestidinhos de verão, pijamas, 1 calça comprida, 1 agasalho, 1 capa de chuva, chinelos e/ou sandálias, tênis, meias, chapéu-de-sol, 4 potinhos de comidas infantil (para as “emergências”), leite em pó, mamadeiras e bicos, esterilizador de mamadeiras, fraldas, babadores, talheres infantis, berço de viagem, carrinho de bebê tipo “guarda-chuva”, kit básico de remédios, bloqueador solar, repelente de insetos, toalha, escova de dentes e cabelo, alguns brinquedos (a bola e o baldinho de praia não podem faltar!), um par de bóias de braço, adaptador de tomadas internacional.

Viajando de carro

Uma boa revisão pode evitar acidentes e enguiços.
Alinhamento. Carro desalinhado causa trepidação, desgasta os pneus e fica sem estabilidade.
Pneus. Não devem estar carecas. Certifique-se de que estão calibrados e balanceados. Não se esqueça de checar o estepe. Veja também se você estará apto a trocá-lo, no caso de um pneu furar.
Freios. Faça um teste e verifique se estão chiando muito ou “puxando” nas freadas. Assegure-se também do nível do óleo.
Motor. Verifique todas as correias, o óleo, os injetores e faça uma boa regulagem.
Amortecedores. Não vacile; se estiverem com mais 50 mil quilômetros troque logo, porque pode causar o descontrole do carro numa curva.
Bateria. Nas baterias que não são seladas verifique o nível da água; nas seladas observe o indicador de carga.
Faróis. Devem estar bem regulados para não incomodar quem vem em sentido contrário. Cheque se não existem luzes queimadas nas lanternas.
Porta-malas. Faça uma limpeza e não ocupe espaço com objetos desnecessários. Verifique o estepe, a chave de rodas e o macaco.
Limpadores de pára-brisa. Certifique-se do estado das paletas e se estão funcionando corretamente. Cheque também o desembaçador, o esguicho e o reservatório de água.
Extintor de incêndio. Dê uma olhada na validade. Importante também é saber como destravar a alavanca de segurança.

Guia do bom motorista

Bagagem. Só o essencial. Se colocar algum volume no teto do carro, cubra-o com lona plástica e amarre-o muito bem.
Farol de milha. Use somente em estradas escuras, pois é considerado luz alta.
Neblina. Utilize sempre o farol baixo, pois o alto piora ainda mais a visibilidade.
Seja prudente. Viaje com calma e muita atenção. Cumpra as leis de trânsito. Acompanhe o fluxo do tráfego. Andar muito devagar em auto-estradas é perigoso. Não ultrapasse pelo acostamento. Se beber não dirija.
Cuidado na ultrapassagem. Procure avaliar a potência do seu carro e só ultrapasse com segurança, fora das curvas e faixas contínuas.
Fim de tarde. Cuidado com o crepúsculo, já que a vista fica cansada depressa. Evite dirigir neste horário.
Cansaço. Inimigo do motorista. Descanse bastante no dia anterior e nada de bebidas até tarde. Se a viagem levar mais de um dia pare cedo para descansar. Enquanto estiver dirigindo, se sentir sono, pare em um posto ou outro lugar seguro e descanse. Está provada estatisticamente a relação direta entre o cansaço físico, o estresse e o tempo de reação do motorista. Medido em centésimos de segundos, o tempo de reação significa preciosos metros, a mais ou a menos, a partir do momento em que o condutor tira o pé do acelerador e pressiona o pedal do freio durante uma emergência. Quanto mais longa a viagem, mais comprometida fica sua evolução com a segurança. Recomenda-se parar a cada duas horas, em locais seguros longe da estrada, de preferência dentro de postos de abastecimento.

Crianças: tranqüilidade e segurança

Se seus filhos ainda forem pequenos, deverão viajar na cadeira infantil, presos pelo cinto de segurança traseiro. Não apenas como norma de segurança na estrada, mas também como a maneira mais confortável de viajarem. Não se esqueça de acionar a trava de segurança (presente atualmente na maioria dos carros), que impede a abertura interna das portas traseiras. Da mesma forma, se você tiver como controlar a abertura dos vidros traseiros, estará prevenindo que as crianças coloquem o braço ou a cabeça para fora do carro. Leve um mapa, ou, pelo menos, tenha uma boa noção do caminho para onde você estiver se dirigindo, assim como é importante saber a quilometragem e o tempo de duração da viagem. Para a viagem, prepare uma sacolinha de guloseimas para quando as crianças estiverem inquietas ou entediadas. Biscoitos e salgadinhos, e o mais importante: líquidos (água, suco, leite)! Se as crianças forem pequenas demais para entender que, apesar de ser hora do almoço, você não pode parar, ofereça a elas iogurte – ótimo para forrar o estômago – até que você encontre um lugar para comer. Com o automóvel em movimento, o iogurte é a opção mais prática para a criança ser alimentada por um adulto que não esteja dirigindo. Se os seus filhos enjoam no carro, você deverá tomar algumas precauções a mais. Pode ser que o pediatra tenha receitado alguns tabletes contra ânsia de vômito, e se você concordar em dá-los ao seu filho, isto resolverá a questão. Se você não adotar esta medida alopática, existe uma alternativa homeopática chamada Cocculus Indicus, bastante efetiva e que é normalmente recomendada também para o estresse causado por viagens muito longas e por grandes disparidades de fuso horário. Verifique a dose recomendada com um médico homeopata. Leve saquinhos plásticos para o caso de as crianças vomitarem antes que você tenha tempo de parar o carro.

Inicie a viagem bem cedinho, uma vez que você e as crianças ainda estão bem descansadas, e o sol não está a pino. Mesmo que você tenha ar-condicionado no carro, o sol do meio-dia pode ser intolerável. Tente sincronizar as suas paradas com as horas mais quentes do dia. Se você for obrigado a viajar com o bebê no calor do dia, coloque-o no lado do carro que não está pegando sol e tenha sempre a mão uma toalha ou algo que possa protegê-lo dos raios solares. Se as crianças ficarem impossíveis ou extremamente angustiadas, você deverá dar uma parada e descansar, especialmente se for o único adulto no carro. Crianças gritando ou brigando no banco traseiro podem ser muito enervantes e desconcertantes – e a tentação de virar para trás e ajeitar as coisas enquanto se está dirigindo é enorme. Mas não caia em tentação! Você somente estará colocando a segurança de todos em risco. Dê uma paradinha para renovar o fôlego.

Saúde: imprevistos relativamente comuns

Uma das principais razões que fazem com que os pais acabem desistindo de viajar com as crianças é a possibilidade de elas adoecerem durante a viagem. Não há nada pior do que ter um filho doente quando estamos longe de casa.

Kit básico de medicamentos

O seu médico poderá lhe informar sobre as vacinas que a criança deverá tomar por precaução, e você poderá esclarecer suas dúvidas quanto aos medicamentos que deverá levar com você. Eis uma lista de artigos e medicamentos sempre úteis quando incluídos na bagagem:

Band-aids. Os melhores são os à prova d’água.
Repelente para insetos. Se a criança for alérgica, use uma fórmula especial para crianças.
Creme para aliviar picadas de mosquitos. Mais uma vez, se o seu filho for alérgico, leve um xarope anti-histamínico para aliviar qualquer reação, como inchaços ou espirros. Ele ainda poderá ajudar a criança a dormir, apesar da irritação.
Creme ou spray anti-séptico. A sua consciência estará em paz, ao saber que possui algo para desinfetar pequenos cortes e arranhões. Evite anti-sépticos que possuam anestésicos em sua fórmula. Uma boa escolha, apesar da ardência momentânea, é o Merthiolate Incolor.
Antitérmico. Se o seu filho tiver febre baixa, como é comum nas crianças, uma dose semelhante à do medicamento que normalmente você usa em casa vai lhe despreocupar e ajudá-lo a dormir.
Gotas para os ouvidos. Pequenas infecções podem ser facilmente contraídas na piscina. (Se o seu filho estiver sentindo muita dor, procure um médico para examiná-lo, pois infecções mais sérias necessitam de antibióticos.)
Talco ou pasta d’água. Para aliviar as brotoejas causadas pelo calor e queimaduras do sol.
Termômetro. A temperatura normal de uma criança é, como no adulto, em torno de 36,5º C. Se ela atingir 38º C ou mais, é hora de dar um banho morno ou de usar um antitérmico.
Hidratante em pó ou líquido. Se o seu filho tiver diarréia ou insolação, estes preparados ajudarão a repor sais minerais e líquidos. Se a criança apresentar fortes sintomas de diarréia, procure um médico local para que ele acompanhe o tratamento.

 

 

Diarréia

Se o seu filho vier a sofrer algum incômodo durante a viagem, é bem provável que seja dor de barriga. Se até nós adultos temos propensão a contraí-las quando viajamos... Se a criança tiver uma leve dor de barriga, é aconselhável que você suspenda o leite por curto período, até que os sintomas desapareçam. Uma das melhores maneiras de substituir o leite – caso seu filho se recuse a tomar leite de soja – é fazer um mingau de arroz preparado com água, bananas ou maçãs. Colocando a mistura no liquidificador, a consistência final não será muito diferente da do leite e ajudará a preencher o estômago. Se for possível, tente manter a criança em uma curta dieta de peito de frango, arroz e cenouras enquanto estiver convalescendo. Se estiver em um hotel, peça à cozinha para preparar a refeição sem temperar ou fritar o frango. Além disso, faça com que a criança beba bastante líquido, principalmente soro de reidratação, já que a água, isoladamente, poderá causar náuseas e não tem os sais necessários.

E agora?

O que fazer se a criança ficar realmente doente? Freqüentemente as crianças são acometidas por febres que desaparecem com a mesma rapidez com que chegaram. Mesmo assim, observe a temperatura por mais alguns dias. Dê um antitérmico, banhos mornos e a mantenha em ambientes arejados e frescos. Se a febre ultrapassar a marca de 38º C por mais de dois dias, procure um médico. Febre alta e constante é sinal de que alguma coisa mais séria pode estar ocorrendo. Se a diarréia persistir por alguns dias, leve-a ao médico. Outros sintomas também considerados emergências são: vômito contínuo, dores no pescoço, erupções ou alergias de pele e respiração ofegante.

Melhor prevenir

Para evitar doenças durante a viagem, algumas medidas de precaução são fundamentais. O mais importante é controlar tudo o que a criança come e bebe. Evite que as crianças bebam qualquer tipo de água que não seja mineral. Verifique se o lacre da tampa da garrafa está intacto. Se você suspeitar da procedência da água, ferva-a antes de usar. Ao comprar bebidas ou refrescos em estabelecimentos comerciais, dispense o gelo, feito normalmente com água não-filtrada. Dê preferência a frutas que possam ser descascadas, como banana e laranja. Somente coma ou dê às crianças frutas com casca quando estas puderem ser cuidadosamente lavadas com água mineral. Evite dar saladas para as crianças, quando estas não forem lavadas por você mesmo. Ao comer fora, tenha certeza de que a comida foi preparada recentemente – evite restaurantes com bufê, onde a comida possa ser requentada, especialmente frutos do mar. Sorvetes, somente de marcas conhecidas. Faça as crianças lavarem bem as mãos antes das refeições e após irem ao banheiro. Se não houver água, use lencinhos umedecidos. Use água mineral para escovar os dentes. Seja bastante cuidadoso com o sol – use muito protetor solar, prefira a sombra e somente vá à praia nas primeiras horas da manhã e nas últimas horas da tarde.

Noções básicas de primeiros socorros

É muito importante o atendimento imediato a vítimas de acidentes ou doenças súbitas, até a vinda do socorro médico.
Desidratação. É a perda de água exagerada pelo organismo, ocorrendo mais freqüentemente em crianças. As causas mais comuns são diarréias e/ou vômitos prolongados ou oferta insuficiente de líquidos. A desidratação pode ser classificada em três graus: leve, moderada e grave. A leve apresenta sinais clínicos discretos, como sede, mucosas ressecadas e urina concentrada. A moderada, além do quadro descrito, apresenta também diminuição da diurese (micção) e depressão da fontanela (moleira), no caso de bebês. Já nos casos mais graves ocorrem alterações da consciência, taquicardia, queda da pressão arterial, febre ou hipotermia. Nos casos de desidratação moderada à grave procure auxílio médico imediatamente. Nos casos leves, deve-se oferecer líquidos (água, sucos, água de coco) e manter a pessoa em ambiente frescos e à sombra. Como prevenir: evite exposição demasiada a luz solar (não se esqueça de levar a barraca!), proteja a cabeça com bonés ou chapéus e beba líquidos abundantemente.
Sangramento nasal. Sente-se inclinando seu tronco e a cabeça ligeiramente para frente, faça a compressão da narinas e permaneça respirando somente pela boca. O gelo pode ajudar – ponha dois cubos em um saco plástico e aperte contra o nariz.
Queimaduras. Se a queimadura é leve deixe o local queimado durante pelo menos dez minutos na água fria. Seque bem, aplique uma pomada à base de hidrocortisona e oclua com gaze limpa ou Band-aid. Nos casos graves, procure auxílio médico e jamais tente retirar o tecido (das roupas) aderido à queimadura ou perfurar bolhas que tenham se formado. Nunca aplique creme dental, manteiga ou outras receitas caseiras sobre a pele queimada.
Afogamento. Uma boa parte das vítimas de afogamento nas praias é representada por pessoas que sabem nadar. Os nadadores se afastam da costa (principalmente após a ingestão de bebidas alcoólicas) e não conseguem mais voltar à praia. As causas do afogamento são as mais diversas, como cãibras, exaustão e problemas cardíacos. Portanto, jamais tente nadar uma distância que exija esforço demasiado, especialmente se você estiver fora de forma. Veja as condições do mar – nunca tente nadar em mar aberto, revolto, com correntezas ou com muitas pedras e corais. Não tente salvar uma pessoa que está se afogando se você não tiver prática nisso. Procure o auxílio de um guarda-vidas, que, além de ter experiência no resgate, também procederá às manobras de ressuscitamento, se for o caso. Alguns conselhos úteis: consulte o guarda-vidas sobre as condições do mar para banho e para o surfe. Evite nadar sozinho. Se em perigo nas águas, evite debater-se, tente boiar ou nadar paralelo à praia e grite por socorro. Ao cair numa correnteza (vala) nade na diagonal, através dela, e se sentir dificuldade não hesite em pedir socorro. Não mergulhe em locais desconhecidos, ou em ondas quebrando no raso. Não utilize objetos que bóiam, pois a perda dos mesmos poderá resultar em afogamento. Evite ingerir bebidas alcoólicas ou alimentos de difícil digestão, antes e durante o banho de mar. Evite fazer caça submarina ou mergulhos em apnéia sozinho. Não nade em locais de trânsito de embarcações. Toda a atenção é pouca com crianças e pessoas idosas. Use o colete a bordo de embarcações. Evite banhos marítimos noturnos, pois neste período dificilmente você conseguiria ajuda. Identifique suas crianças (existem pulseiras plásticas próprias para este fim).
Picada de Inseto. Aplique uma pomada de hidrocortisona sobre o local. Se houver ferrão, retire-o previamente com uma pinça. Mantenha as unhas das crianças bem aparadas para evitar que a picada infeccione com a coçadura. Se a vítima após a picada começar a tossir, se queixar de falta de ar ou apresentar inchaço nos olhos, nos lábios ou na face, não perca tempo – leve-a imediatamente ao hospital, pois provavelmente você está diante de uma reação anafilática. Nunca coloque pasta de dente ou receitas caseiras sobre uma picada de inseto. Previna-se com repelente e proteja-se com roupas, principalmente ao cair da noite. Picada de Cobra. Se a cobra for venenosa não tem jeito – o caso é uma emergência e deve-se procurar um hospital imediatamente. Acalme a vítima, deite-a o mais rápido possível e não a deixe fazer qualquer esforço, pois o estímulo da circulação sangüínea difunde o veneno mais rápido pelo corpo. Não lhe dê álcool, nem querosene ou infusões (alho, cainca, andiroba, orelha de onça). Não faça garrote e jamais corte a pele para extrair sangue ou sugar o veneno. A cada minuto o veneno se espalha mais pelo organismo, e o único tratamento eficaz é a aplicação do soro anti-ofídico. Leve, se possível, a cobra causadora do acidente (viva ou morta) para identificação. O mesmo procedimento serve para picadas de aranhas ou escorpiões.
Traumatismo. A maioria dos acidentes ocorridos nas férias não ocasiona nada mais sério do que hematomas ou escoriações. Casos mais graves como ferimentos profundos, luxações e fraturas necessitam de atendimento médico imediato. Em caso de suspeita de lesão da coluna vertebral, não movimente a vítima em hipótese alguma. Nos sangramentos causados por cortes profundos, comprima firmemente o local para conter a hemorragia até que seja prestado socorro médico e não faça torniquete. Como resultado de certas desventuras ou traumas, especialmente com crianças, um dente sadio pode, após um golpe, cair. Para salvá-lo, localize-o (pegue o dente pela coroa, nunca pela raiz!) e lave-o cuidadosamente com água corrente, assim como o lugar de onde o dente saiu (use apenas água). Não escove nem use qualquer agente de limpeza no dente. Observe se existe fratura da raiz. Se não houver, recoloque suavemente o dente no lugar. Se não conseguir recolocá-lo, mantenha-o totalmente mergulhado num copo com água ou leite. Mesmo que você tenha recolocado o dente na boca, procure o dentista imediatamente, de preferência até trinta minutos após o acidente. O sucesso do reimplante dependerá das medidas que forem tomadas imediatamente após o acidente.

Último Lembrete
Não esqueça a máquina fotográfica para registrar seus melhores momentos e boas férias!

Alguns trechos deste texto foram retirados do livro Viajando com as crianças, de Lucy Needham Vianna, 1997, 2ª edição, Editora Objetiva.

Colaboração: Dr. Gina Regnier