Por Luciana Jacques

Na escola, os inspetores de alunos auxiliam na administração da rotina escolar. Acompanham as atividades dos estudantes e fazem com que eles respeitem as normas estabelecidas pelo colégio. Tais profissionais, no entanto, estão em extinção no quadro de funcionários das escolas das redes pública e privada. Poucas unidades preservam o cargo de inspetor. Mas a boa notícia é que ele deve voltar às escolas após a função ser reestruturada.

O último concurso público realizado pelo Estado para o preenchimento de vagas referentes à função foi em 1994. Agora, porém, segundo o subsecretário estadual de Educação, Edelberto Ferreira Coura, ele e a secretária da pasta, Lia Faria, querem reativar o cargo, que passaria a ter novo nome: agente educacional, e a mesma função com enfoque diferente.

"Os inspetores receberiam mais noções sobre Sociologia e Psicologia, para melhor abordarem os alunos", explica o subsecretário, que pretende levar a proposta ao governador Anthony Garotinho no primeiro semestre de 2001.

Para o preenchimento das vagas, seria feito um concurso ou recrutamento de estudantes de Pedagogia que estivessem terminando o curso. "No primeiro caso, teríamos que estipular o nível de formação dos candidatos, além de outras exigências a serem analisadas. Afinal, é um trabalho que requer conhecimento sobre o jovem e muita paciência. Quanto aos alunos de Pedagogia, seria uma oportunidade de eles terem contato com o jovem fora da sala de aula. Mas ainda não há nada definido", completa Ferreira Coura.

O subsecretário reconhece a importância dos profissionais para as escolas e destaca que além da coordenação de turno, cada unidade poderia ter um inspetor. "Este funcionário ajuda bastante no momento em que as crianças estão no recreio, no horário de entrada e saída, principalmente em escolas grandes", diz.

 

A coordenadora de inspeção escolar da Secretaria Estadual de Educação (SES), Heloísa Maciel, está de acordo. "O inspetor seria de grande ajuda para a direção da escola, já que integra o corpo de assessoramento técnico e administrativo do colégio. Além do mais, tê-lo na escola significa gerar um campo de trabalho", afirma.

A Escola Técnica Estadual Ferreira Viana, no Maracanã, Rio de Janeiro, com cerca de três mil alunos, é um exemplo das poucas que ainda mantêm inspetores em seu quadro de funcionários. O colégio conta com 15 deles atuando em três turnos (manhã, tarde e noite). De acordo com Marilena Panza, gerente-administrativa e encarregada da coordenação dos inspetores da unidade, os profissionais registram e comunicam ao coordenador de turno as ocorrências disciplinares e as medidas adotadas, verificam se os alunos estão vestidos adequadamente, evitam aglomerações e atividades que prejudiquem as aulas, além de atenderem aos corpos docente e discente.

"Seria mais difícil administrar a escola sem a presença dos inspetores. Aqui, no colégio, há reuniões uma vez por mês e, nestes encontros, analisamos tudo o que acontece. Os inspetores funcionam como elos de ligação entre diretores, professores e alunos", explica Marilena Panza.

Cumprindo uma carga horária de 7horas e 24minutos por dia, Sidiléia Baptista Gomes é uma das inspetoras da Escola Técnica Estadual Ferreira Viana. Ela tem segundo grau completo e chegou a cursar um ano de Pedagogia. Há oito anos no cargo, os dois últimos como funcionária do Ferreira Viana, ela garante que o mais difícil é conquistar a confiança dos alunos, mas afirma que fez muitos alunos seus amigos.

"Temos que saber exatamente qual a melhor forma de abordar os alunos. Para isto é necessário muito diálogo e usar um pouquinho de psicologia, sabendo dizer 'sim' e 'não' na hora certa. "Precisamos, também, manter a organização no colégio e mostrar qual é a nossa função aos alunos com carinho, sem nos impormos demais". Não é uma tarefa das mais fáceis. Mas adoro o que faço", confessa a inspetora.

A inspetora Sidiléia Gomes é apaixonada por poesia e acabou unindo o trabalho ao hobby. Já participou de três concursos de poesia na escola e um dos poemas que fez foi baseado numa história contada a ela por uma aluna. Sidiléia afirma que não são apenas os estudantes que aprendem com os inspetores."Há uma integração. Eles também nos ensinam várias coisas no dia-a-dia", revela. E toda troca de experiências é sempre vantajosa para a escola.