Por Luciana Jacques

A responsabilidade social ganha grande importância nos principais centros de economia mundial. Nos Estados Unidos e na Europa, grandes fundos de investimento são desenvolvidos por empresas socialmente responsáveis. O que seria uma empresa responsável? Uma instituição que participa de atividades sociais, produzindo não apenas bens e serviços, mas buscando bem-estar social, valorizando o homem, o meio ambiente e a cultura. Uma empresa socialmente responsável é ética em seus negócios, preocupa-se com seus funcionários, com a comunidade onde está inserida e a sociedade em geral. No Brasil também já existem empresas sensíveis à situação social, incentivando e apoiando projetos sociais.

Um exemplo é o trabalho conjunto entre a Fundação Vale do Rio Doce e a Organização Não-Governamental Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), parceiros no programa Escola que Vale, que já beneficiou nove mil alunos e 270 professores de 25 escolas públicas. Com investimento de R$ 8 milhões, o programa desenvolve projetos que contribuem para o desenvolvimento de metodologias mais eficientes de ensino, com aperfeiçoamento da leitura e da escrita nas escolas.

Em duas etapas, o Escola que Vale já realizou oficinas de música, dança, fotografia, artes plásticas, literatura e teatro e 40 projetos diferentes, que abordaram também o uso de recursos tecnológicos e a valorização das riquezas típicas da região. Estão ainda em andamento 30 projetos. “Para os professores, a oportunidade de experimentar tornou mais viva a relação com o saber e o resultado é surpreendente, atingindo as metas de aprimoramento pedagógico”, afirma Beatriz Cardoso, coordenadora da Cedac.

Desenvolvido nos municípios de João Neiva (ES), Catas Altas (MG), Açailândia (MA), São Luís (MA), Parauapebas (PA) e Marabá (PA), o programa começou no segundo semestre de 1999 e segue até 2001. Segundo o diretor superintendente da Fundação Vale do Rio Doce, embaixador Fernando Silva Alves, o objetivo é colaborar para que o ensino nas escolas públicas torne-se, além de eficiente, estimulante, e contribua para o desenvolvimento da aprendizagem e dos valores ligados à cidadania. “Estamos conscientes da importância, pouco reconhecida neste país, do professor, profissional com a obrigação de trazer o conhecimento e a vontade de aprender às crianças. Estamos fazendo todo o possível dentro de nossas possibilidades para estimular e resgatar a auto-estima destes profissionais”, diz.

Outra iniciativa do Escola que Vale é a instalação da Casa do Professor em cinco dos seis municípios onde acontece o projeto. Espaço exclusivo para o desenvolvimento e apresentação dos projetos, a Casa do Professor oferece aos professores sessões de leitura, de filmes e debates, com equipamentos como câmeras de vídeo, computadores e fitas doados pela Vale do Rio Doce. O objetivo é funcionar como centro de convívio, facilitando a troca de experiências e a socialização dos professores da rede pública e membros da comunidade.

De acordo com o embaixador Fernando Silva Alves, o projeto conta ainda, na estrutura de apoio, com coordenações regionais e locais, que acompanham e supervisionam os professores. “Essa atenção faz com que os profissionais de Educação sintam-se amparados em seu trabalho, mantendo um vínculo permanente com as bases do programa”, explica.

 

Alimentação e musicalidade

Preocupada com as poucas opções oferecidas pelas escolas em relação à alimentação dos alunos e o número de crianças com maus hábitos alimentares, a Empresa Brasileira de Serviços de Alimentação (Embrasa) decidiu também criar uma nova estratégia para colégios da rede pública e particular, através do projeto Alimentando a Educação. O objetivo do projeto é oferecer uma alimentação nutritiva agregada às atividades didáticas e culturais, colaborando no incentivo do aprendizado.

Para as crianças foi criado o personagem Nhac, representado por um garfinho, que mostra aos alunos a necessidade de uma boa nutrição. Para tornar a hora das refeições mais divertida, eles participam de brincadeiras e ganham brindes, além de aprenderem através da horta escolar e do teatro de sombras desde como cortar um bife até o reconhecimento da importância de uma boa nutrição. Já para os adolescentes, a preocupação era dar suporte às necessidades registradas nesta fase, informando em quais aspectos a nutrição pode ajudar na estética e no desenvolvimento físico.

Outra empresa que também investe em projetos sociais é a C&A, com a criação do Instituto C&A. A empresa desenvolve atualmente o Macunaíma, um Batuque na Escola, em parceria com o Ecoar – Educando com Arte, núcleo de pesquisa e projetos na área educacional, artística e cultural. O propósito é transformar o Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Dr. Bento Rubião, na Rocinha, no Rio de Janeiro, em um pólo cultural de referência dentro da favela. Motivando o intercâmbio entre a escola e a comunidade carente, através da participação de professores e pais, e do esforço comunitário, o Macunaíma fomenta a vivência artística e cultural entre os cerca de 900 alunos do Ciep.

Como a musicalidade é um aspecto forte da comunidade, foi formada a Bateria Mirim, com diferentes linguagens: na música, percussão e coral, e nas artes plásticas, utilizando material reciclado para confecção de instrumentos, adereços e fantasias. O trabalho permite aos estudantes conhecer um pouco mais sobre a história da música popular brasileira e do carnaval. O projeto ainda capacita a equipe de professores do Dr. Bento Rubião, promove melhorias na infra-estrutura do colégio, como pintura e jardinagem, e divulga o Estatuto da Criança e do Adolescente, em discussões sobre ética e cidadania.