Por Beatriz Duzi

O International Board on Books for Young People (IBBY), com o objetivo de determinar o nível de desenvolvimento da literatura não-didática no mundo, promoveu, em setembro de 2000, em Cartagena de Índias, na Colômbia, o 27º Encontro de Profissionais ligados ao livro infantil e juvenil. O tema escolhido foi O Novo Mundo para um Mundo Novo e o símbolo do evento foi o Chu (amigo em língua “chibcha”), menino com traços étnicos típicos da população indígena da Colômbia, criado pelo cartunista e escritor brasileiro Ziraldo.

O encontro contou com mais de 70 participantes, de países como França, Inglaterra, Estados Unidos, Espanha, Suíça, Noruega, Japão, todos os integrantes da América Latina e o Brasil, que fizeram-se representar, na ocasião, por delegações de escritores, ilustradores, editores e críticos, e apresentaram suas produções literárias, trocando experiências e vivências. Foi uma verdadeira Torre de Babel, em que todos se entenderam e onde a literatura saiu vitoriosa.

Na ocasião, todos tiveram também a oportunidade de participar da primeira feira mundial de livros infantis e juvenis a reunir tantos países e mais de 35 editoras, sendo 20 delas brasileiras.

Os congressistas entusiasmaram a platéia. A conferência da professora e escritora Nilma Lacerda – Flores de Madeira: o Mundo pela Metade – foi aplaudida de pé por cerca de 500 participantes. Nela, Nilma ressaltou a importância da leitura como “lugar do possível” e “vivência multiplicadora” essencial ao desenvolvimento da criatividade. Quem também fez sucesso foi a escritora Marisa Lajolo, que participou da mesa-redonda Crítica Literária abordando o tema “A crítica literária e as instituições de Literatura para Crianças e Jovens.” A escritora e jornalista Luciana Savaget marcou presença no seminário Literatura Infantil e os Meios de Comunicação. E outras personalidades brasileiras compareceram ao encontro para trocar experiências e prestar sua contribuição à Literatura infanto-juvenil – como Lygia Bojunga e Marina Colasanti –, todas coordenadas pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).

Alguns conferencistas estrangeiros merecem ser citados, como Margaret Meek (Inglaterra), que lamentou o fato de a Literatura infantil inglesa ser excessivamente nacionalizada e não ter penetração internacional, e Graciela Montes (Argentina), que ressaltou o quanto a globalização econômica interfere nas práticas culturais.

O Congresso contou, também, com exposições como “30 Anos de Trajetória Artística de Ana Maria Machado”, em que foram expostos todos os livros da autora; “Utopia”, resultado de um concurso de ilustrações que reuniu 69 obras de artistas latino-americanos (10 brasileiros) inspiradas no discurso “La Soledad de América Latina”, de Gabriel García Marquez; uma exposição de livros com ilustrações de Anthony Browne e a mostra de ilustradores premiados na Bienal de Brastislava e na Comfenalco, com cartazes ilustrados relacionados a livros e leitura.

O ponto alto do encontro foi a entrega do prêmio Hans Christian Andersen, na categoria “autor”, à escritora brasileira Ana Maria Machado, prêmio já recebido por Lygia Bojunga, em 1982. O prêmio de ilustração coube ao inglês Anthony Browne.

Cartagena de Índias recebeu os congressistas de braços abertos e o Brasil “fez bonito” no evento. Agora, resta-nos começar a preparação para o próximo IBBY, a ser realizado na Suíça.