Por Simone Garrafiel

Para reforçar os conteúdos aprendidos, as crianças participam da produção de um CD-ROM, contendo imagens delas falando sobre os animais e os desenhos que fizeram em sala.

A Literatura infantil pode ser uma excelente aliada no ensino das primeiras letras. É o que comprovam as professoras Ana Lúcia de Carvalho, Fernanda Mota e Maria Tereza Gonçalves, do Jardim III do Colégio GayLussac, em Niterói. No local, elas desenvolvem um projeto que, por intermédio da Literatura, faz as crianças reconhecerem as letras do alfabeto e vai mais além: estimula a construção da escrita. A idéia do projeto surgiu devido à diversidade de atividades que se pode criar com base nos conteúdos ilustrativos e textuais dos livros infantis, ao grande interesse demonstrado em aulas do gênero e à participação ativa dos alunos.

A interação com diferentes materiais impressos é o início da relação entre as crianças e o abecedário. As professoras escolhem livros que abordam as letras do alfabeto e funcionam como dicionários didáticos. Dentre os selecionados estão “Bichonário”, de Nilson Machado, “De Avestruz à Zebra”, de Maiti Carril e Rodrigo Frank, e “Alfabetário”, de José de Nicola. A cada ano, um livro diferente é abordado. O resultado, segundo a coordenadora pedagógica da escola, Luíza Sassi, é que o conteúdo dos livros permite à criança identificar a forma gráfica de cada letra e a sonoridade das palavras, de maneira prazevrosa e lúdica, além de explorar o imaginário infantil.

As atividades realizadas com os alunos englobam várias áreas do conhecimento e desenvolvem competências nas linguagens oral (ampliação do vocabulário, diversidade textual oral), gráfica (reconhecimento das letras do alfabeto, produção da escrita e distinção entre letras e números), artística (expressão musical e plástica) e de movimento (controle corporal).

Trazem, ainda, outros benefícios para os alunos. “Com o trabalho, fazemos com que os alunos entendam que as letras, assim como os desenhos, fazem parte da vida. Para isto, os envolvemos, estimulando sua criatividade e lhes dando liberdade para escreverem e, assim, chegarem à escrita convencional”- afirma Luíza. Da apresentação dos livros às crianças ao desenrolar das atividades, são muitas as propostas de trabalho desenvolvidas. Luíza Sassi exemplifica algumas, criadas com base no livro “Bichonário”.

No livro, cada capítulo aborda uma letra do alfabeto e, em cada aula, é estudada uma delas. Primeiro, em sala, são realizadas atividades que desenvolvem o potencial artístico dos alunos. Papel, lápis, caneta hidrocor, cartolina, esponja, dentre outros materiais, são providenciados. A partir daí, basta usar a criatividade e deixar os alunos colocarem a “mão na massa”. “Se estamos trabalhando com o capítulo que aborda a letra ‘s’, por exemplo, pedimos às crianças que façam um trabalho de dobradura com papel-cartão, criando um sapo. Se a letra em questão é ‘c’, pedimos a elas que confeccionem uma máscara de coruja, utilizando cartolina” – explica Luíza.

A cada letra do alfabeto abordada no livro, também são desenvolvidas atividades que propiciam seu reconhecimento e o contato direto com o mundo da escrita. Assim, as crianças fazem pesquisas em dicionários, procurando a letra indicada pela professora, ou então circulam, por exemplo, todas as letras ‘t’ que se encontram no livro. Outros trabalhos feitos em sala envolvem a identificação da letra inicial do nome de cada bicho, a criação de versos com o nome de algum animal ou a classificação de gêneros de palavras.

Como o livro menciona muitos bichos, os professores aproveitam para dar noções de Educação Ambiental aos alunos. Para isto, pedem a eles que identifiquem, nas ilustrações do livro, elementos que compõem o meio ambiente e relacionem as diferenças que existem entre seres vivos e não-vivos. Em outro momento, a sala passa a ser um laboratório de Ciências e cada aluno traz diferentes espécimes de formigas para pesquisá-las. As experiências são coroadas com a produção de um CD-ROM, em sala, contendo imagens das crianças e dos trabalhos que produziram.

São muitas as atividades que podem ser desenvolvidas calcadas em livros infantis , mas uma coisa é certa. “Basta que o professor seja criativo e explore, ao máximo, o conteúdo dos livros, para que a criançada entre na Classe de Alfabetização já tendo boa noção das letras do alfabeto” - garante Luíza Sassi. Palavra de quem entende do assunto.

Colégio GayLussac
Luíza Sassi
Tel: (0xx21) 620-6262