Uma relação de amor: O livro e eu

Quem não gosta de ouvir histó-rias? Acho que poucas pessoas vão responder "não". Eu adoro! E, por isto, trouxe, para vocês, a história de uma contadora de casos da melhor qualidade...

Tudo começou num verão... No verão de 1990, nascia o grupo Morandubetá de contadores de histó-rias. Era formado por quatro amigos constantes, Benita Prieto, Celso Sisto, Eliana Yunes e Lúcia Fidalgo. Junto com o grupo Morandubetá, começou a nascer, no Rio de Janeiro, um movimento para a promoção do livro e da leitura. Nascia o Proler (Programa Nacional de Incentivo à Leitura), da Fundação Biblioteca Nacional. Logo no início dos trabalhos do programa, percebeu-se a grande importância do contador de histórias e sua tarefa de sensibilizar e formar leitores. Era ele, o contador, que tornaria o livro vivo naquele momento, trazendo histórias nunca antes reveladas para perto de leitores, órfãos de leituras. Muitas histórias foram conhecidas, muitos livros foram liberados das empoeiradas estantes. E este movimento começou com o Grupo Morandubetá, que abriu caminho para outros grupos que vieram logo em seguida...

... Eu, entre tantos contos nar-rados, resolvi escrever no papel a minha primeira história. Eu queria dizer para todo mundo as palavras que se juntavam naquele instante. E fui construindo frases, criando cená-rios, arrumando cena... Nasceu o primeiro livro e, com ele, o prêmio-revelação da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Depois dele vieram outros e não consigo mais parar de escrever. A cada momento, surge uma nova história.

Tecendo o tapete da vida, usei uma linha mais forte, precisa, e voltei às origens. Dirigindo a Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro e o Departamento-Geral de Biblioteca, tento pôr em prática o meu desejo de ver as bibliotecas do estado transformadas em unidades pulsantes de promoção do livro, da leitura e da informação, através de um acervo preciso, uma revitalização dos espaços, pessoal suficiente e capacitado, informatização de todos os serviços.

 

 

Em meio a todas estas histórias, ainda me sobra tempo para cursar o Mestrado em Educação na UFF, pois acredito que educar é um ato de amor, assim como narrar uma história - história que permeia a minha vida e me leva, junto com o Morandubetá, a cruzar outros mares e chegar, no final do ano, a terras espanholas.

Terminaremos o ano 2000 em dezembro, nas Ilhas Canárias, representando o Brasil no Festival de Contadores de Histórias de los Silos. O espetáculo, que tem roteiro assinado por mim, intitulado "O Brasil tem histó-rias para contar...", conta um pouco dos 500 anos do país - nossas descobertas, conquistas, batalhas, nossos esquecimentos.

Depois de todas essas palavras, posso dizer que novas histórias virão, e serão contadas, recontadas e descobertas pelos ouvintes, que desejarão sempre ouvi-las e não as deixarão adormecer jamais. Assim, haverá a possibilidade de construirmos um mundo melhor, povoado de histórias.

 

Lúcia Fidalgo
Diretora da Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro

Diretora do Departamento-Geral de Bibliotecas
Integrante do Grupo Morandubetá
Escritora e mestranda em Educação Resenha: FIDALGO,


Resenha