Câncer do Colo do Útero

A doença provoca, anualmente, a morte de mais de cem mil brasileiras

O câncer, ou neoplasia, é uma doença caracterizada pelo crescimento descontrolado de células anômalas que invadem os órgãos normais. Cada tipo específico da doença tem características clínicas e biológicas diferenciadas, que devem ser diagnosticadas, tratadas e acompanhadas adequadamente. A cada ano, o câncer acomete, pelo menos, nove milhões de pessoas e mata cinco milhões em todo mundo, segundo estatísticas do Instituto Nacional do Câncer. Analisaremos, porém, o câncer do colo do útero, que, no Brasil, é uma das causas mais comuns de morte por câncer entre as mulheres, sendo superada apenas pelo tumor de mama.

Apesar de novas drogas e técnicas de tratamento estarem surgindo diariamente, a taxa de mortalidade de vítimas do câncer ainda é crescente. “O câncer, hoje, faz mais vítimas do que há 30 anos” - alerta a Drª Maria Luíza Pessoa Cavalcanti, ginecologista e oncologista. Segundo ela, isto se deve ao diagnóstico tardio, pois os remédios e o tratamento, quando administrados no momento certo, revertem o quadro, proporcionando a cura do paciente. “Infelizmente, muitas mulheres chegam aos consultórios e centros de saúde com a doença em grau avançado, o que dificulta o resultado efetivo das drogas” - lamenta.

Fatores de Risco

São vários os fatores de risco que acarretam o câncer do colo uterino. Segundo Maria Luíza, os principais são a baixa condição sócio-econômica, a pluralidade de parceiros sexuais, o vício de fumar, a baixa ingestão de vitaminas A e C, a iniciação precoce na vida sexual ativa, o uso de contraceptivos orais por longo período e a infecção pelo Human Papilloma Vírus (HPV). A presença do HPV está em muitos casos de câncer do colo do útero. Porém, é importante ressaltar que nem sempre a mulher infectada terá câncer.

Prevenção

Apesar de suas causas serem conhecidas, a melhor maneira de controlar o câncer é o exame preventivo. E, quando o assunto é prevenção, Maria Luiza protesta: “Como podemos falar em prevenção do câncer do colo do útero sem que se dê cobertura médica e educação à população?” - diz ela, ciente da importância de os serviços de saúde orientarem as pessoas sobre a prevenção, mostrando a importância do exame. Sua realização, afinal, permite reduzir a mortalidade por câncer do colo uterino nas mulheres. Além disto, prevenir é mais eficaz do que tratar a doença e, quanto mais precoce for o diagnóstico, maior será a chance de cura da paciente. O exame de prevenção contra o câncer do colo do útero deve ser feito, periodicamente, por toda mulher que tenha vida sexual ativa, principalmente pelas que estão na faixa dos 25 aos 60 anos. Conhecido como “Papanicolau”, o exame, que é rápido e indolor, consiste na coleta de material do útero e da vagina, através da escamação de suas superfícies com um espéculo vaginal, para avaliação. Outra alternativa diagnóstica é a colposcopia. Este exame é feito com um aparelho chamado colposcópio, que aumenta, em até 45 vezes, a visualização interna do órgão sexual feminino, facilitando a detecção de lesões e do HPV.

Sintomas

Quando não há prevenção ou diagnóstico precoce, a doença progride ocasionando alguns sintomas. Os principais são sangramento e dor durante as relações sexuais.

Tratamento

O tratamento do câncer requer uma estrutura hospitalar e médicos qualificados. Dependendo do grau de invasão do tumor, o tratamento deve ser feito através de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, administradas de forma isolada ou combinada. Assim procedem os tratamentos: Cirurgia: os médicos recorrem à cirurgia quando o tumor é localizado e está em circunstâncias anatômicas favoráveis. Porém, no caso de alguns tipos de câncer, apenas a cirurgia não será suficiente, devido à disseminação de células cancerosas. O paciente precisará submeter-se aos tratamentos de radioterapia ou quimioterapia.

Quimioterapia:

Tratamento em busca da cura para o câncer, que limita o crescimento do tumor e alivia os sintomas causados pelo desenvolvimento da doença. De acordo com o estado do paciente, o médico especifica qual deve ser a combinação de drogas, a freqüência em que devem ser administradas e como isto deverá ser feito (por via oral, subcutânea ou intravenosa). As drogas quimioterápicas, ao agirem sobre as células tumorais, afetam também outras células do organismo, provocando efeitos colaterais. A presença e a intensidade destes efeitos dependem das drogas utilizadas e da “resposta” do paciente. Os efeitos mais comuns são náuseas e vômitos, diarréia, diminuição dos glóbulos brancos e vermelhos, problemas na pele, anemia e perda capilar. Hoje em dia, a Medicina é capaz de amenizar a intensidade destes sintomas.

Radioterapia:

O tratamento radioterápico é indicado de acordo com o tipo de câncer e o tamanho do tumor. É feito antes da cirurgia, para reduzir o tamanho do tumor, ou depois dela, para destruir as células cancerosas que possam ter restado. Em outras situações, a radioterapia é utilizada para melhorar a qualidade de vida e dar alívio ao paciente, sedando as dores e diminuindo as hemorragias. Sua administração pode ser externa ou interna, sendo esta segunda reservada para casos especiais, de pacientes que estejam internados. Os efeitos colaterais são tosse, sudorese, febre, dor ou diarréia, possíveis de serem amenizados com repouso e boa alimentação. O câncer é uma doença temida por todos. Seu grau de mortalidade ainda assusta. O quadro parece inexoravelmente irreversível, mas a verdade não é esta. Para evitar o aparecimento da doença, a prevenção é o melhor “remédio”. E esta prevenção depende de ações educativas, sanitárias e da conscientização da população. O câncer do colo do útero pode ser evitado. Só depende de você.

Gráficos: Tempo médio de evolução das lesões
Câncer do Colo do Útero: História Natural

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