Olho no Olho
Uma Campanha do MEC para Reabilitação Visual

Simone de Azevedo

Alunos introspectivos, calados, com problemas de atenção e dificuldades de participar de atividades coletivas e apresentando um histórico escolar de notas baixas e, muitas vezes, repetência. Estudantes com este perfil podem não estar apresentando quadro de indisciplina e, sim, problemas de visão. Casos assim são comuns no Brasil, que tem, aproximadamente, 20% de suas crianças em idade escolar. Para estes alunos, o Ministério da Educação e o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) organizaram a segunda edição da Campanha Nacional de Reabilitação Visual Olho no Olho. Em pleno funcionamento, ela tem o compromisso de encerrar o ano contabilizando exames feitos em, aproximadamente, 3 milhões de estudantes da 1ª série do ensino fundamental, matriculados em 37.666 escolas públicas de cidades com mais de 50 mil habitantes. O objetivo da ação é melhorar a maneira de os alunos enxergarem o mundo, promovendo a correção visual, de modo que os estudantes das escolas públicas tenham condições de apresentar um bom desempenho escolar, além de prevenir a cegueira.

 

 

A campanha faz parte do Programa Nacional de Saúde do Escolar (PNSE) e, este ano, conta com investimentos de R$ 10 milhões, sendo R$ 6 milhões destinados à capacitação de professores e ao pagamento de consultas, e R$ 4 milhões reservados para as prefeituras utilizarem na compra de óculos. O objetivo da campanha Olho no Olho é prevenir a cegueira.

A campanha possui quatro fases. Na primeira, os professores fazem uma triagem, identificando os alunos com maior probalidade de apresentarem distúrbios de visão. Identificados, os estudantes fazem os exames conduzidos por médicos credenciados. Os que precisam de correção visual recebem óculos e aqueles cujo caso é mais grave são encaminhados para cirurgia ou tratamento.

Cerca de 4 mil oftalmologistas e 75 mil professores, em todo o país, estão envolvidos na campanha de 1999. No ano passado, a ação mobilizou 40 mil professores de 8 mil escolas públicas e 4 mil oftalmologistas realizaram 200 mil consultas, rescrevendo 150 mil óculos gratuitamente. Mantendo o mesmo número de médicos, o balanço atual é mais otimista e já conta com 430 mil consultas realizadas, doações de 285 mil óculos e 143 mil patologias mais graves diagnosticadas e tratadas. A campanha já envolve a participação de pais, professores, oftalmologistas e toda a comunidade. Graças à iniciativa do MEC, estudantes de todo o país serão guiados pelas lentes dos óculos, no ano 2000, e verão o futuro e a Educação com outros olhos.

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