Na Sala de Aula, Livro Didático Não Tem Vez
Inspirada no educador dos anos 30, Anísio Teixeira, escola municipal exclui das salas de aula o livro didático e dá lugar a projetos pedagógicos traçados anualmente

Kátia Machado

Ensinar História, Geografia, Matemática, Português e demais matérias do Ensino Fundamental sem usar, em sala de aula, o livro didático. Esta é a proposta da Escola Municipal Comunidade de Vargem Grande, que, situada na Zona Oeste do Rio de Janeiro, atende a alunos da 4ª à 8ª série trilhando os caminhos imaginados pelo educador Anísio Teixeira. Anísio lutou, nos anos 30, por uma escola pública gratuita, laica, universal e que valorizasse experiências práticas em sala. Agora, às vésperas do ano 2.000, professores de todas as disciplinas e séries da escola planejam suas aulas com base em projetos que excluem didáticos e valorizam a interdisciplinariedade e a organização de oficinas extra-classe.
e cada disciplina, independentemente de série, para que seja estabelecido o conteúdo curricular segundo as bases da Multieducação, instituída pelo Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro.

Trazida e implantada por Shirley Barros Cabral, quando assumiu a direção da escola há dez anos, a proposta inspirada no educador não parte do pressuposto de que o livro didático é inútil, mas, sim, objeto que tira a autonomia do professor para planejar a aula e organizar o conteúdo curricular. Daí Shirley afirmar: “O livro didático é excluído e dá lugar a um projeto pedagógico bem traçado, de acordo com o perfil do corpo discente”. Mas não pensem que os livros didáticos são jogados fora. Todos os que chegam à escola são aproveitados pelos alunos para pesquisas. Shirley sempre estudou as idéias de Anísio Teixeira e considera o educador o modelo ideal e atual para nortear os educadores brasileiros e sua proposta capaz de diminuir a evasão e a reprovação escolar, o que vem sendo comprovado. Há três anos, a escola tem uma taxa de aprovação de 100% e, atualmente, além de receber alunos de Vargem Grande, atrai crianças de bairros adjacentes, como Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca.

Para a Escola Municipal Comunidade de Vargem Grande, trabalhar sem o livro como base e adotar projetos que englobem o conteúdo curricular já não é nenhum mistério. No entanto, para que os projetos pedagógicos sejam eficazes, o corpo docente se reúne com a direção, ao final do ano, para avaliação do que foi visto pelos alunos e para o planejamento das atividades do ano seguinte. “São definidos um tema central para o ano letivo e quatro projetos a serem desenvolvidos, um a cada bimestre”, esclarece a diretora Shirley. Além disto, outra reunião é feita pelos professores de cada disciplina, independentemente de série, para que seja estabelecido o conteúdo curricular segundo as bases da Multieducação, instituída pela Secretaria de Educação do Município do Rio de Janeiro.

E não falta suporte aos professores. Para que se sintam seguros sobre o que fazem em sala e ou sobre a organização das aulas sem livro didático, eles participam, regularmente, de cursos de capacitação e reciclagem. “Atualmente, nosso corpo docente está integrando um centro de estudos sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), que realizado às quartas-feiras do mês. Ao resultados do trabalho são uma equipe preparada, integrada, e alunos em boas mãos. O Brasil agradece.

Temas e Projetos Adotados em 1999
Quem foi Anísio Teixeira?

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