Alfabetizar Brincando
Escola adota jogos para ensinar

Simone Garrafiel

Alfabetizar é participar da fase mais importante e fascinante da vida de uma criança: a descoberta da leitura e da escrita. Esta descoberta deve ocorrer de maneira natural e prazerosa. É necessário que se elaborem métodos criativos que estimulem a criança a buscar o conhecimento. Assim ocorre na Escola Carolina Patrício, em São Conrado, onde o processo de alfabetização parte do pressuposto de que brincar é a melhor forma de aprender.

“Costumo dizer para os meus alunos: ‘Vamos aprender a ler e a escrever? OK! Mas não acabaram as brincadeiras!’. Então, apresento-lhes uma sucessão de jogos que os auxiliam na ampliação do vocabulário e na aquisição da escrita” - explica a professora Helena Carijó Chaffim.

Para os pequenos, os jogos são pura diversão e a brincadeira acaba virando uma aula inesquecível. “Pelo método, as crianças aprendem sem que precisem escrever muitas vezes as palavras ou decorá-las para fazer um ditado. Elas passam a escrever espontaneamente, e o resultado é muito bom” - argumenta Helena. Segundo a professora, brincando com as palavras e seus elementos silábicos, criando frases e realizando atividades de análise, síntese, substituição e acréscimo as crianças ganham uma base sólida de conhecimentos e o processo de alfabetização flui naturalmente.

Inicialmente, a professora Helena trabalha com o padrão silábico consoante-vogal e as vogais, para que possam surgir palavras simples, como “macaco”, “cavalo” ou “ema”. A partir daí, os alunos passam a identificar as palavras e procurar outras que tenham elementos silábicos semelhantes. “Fazemos jogos orais e de interpretação quando as crianças ainda não dominam a escrita e, à medida que evoluem neste sentido, partimos para exercícios nos quais elas escrevem, com giz, no quadro-negro ou na quadra de esportes, e com os dedinhos molhados, no papel e na areia, por exemplo. Quando se lida com o lúdico, a aprendizagem fica mais prazerosa” - garante a professora.

Como usar os Jogos nas Classes de Alfabetização.

Jogo de formação de palavras:



Montagem:
cortar pequenos retângulos de cartolina e, com pilot preto, escrever sílabas e vogais neles, em letra de forma. Plastificar o material para melhor conservação.

Como jogar: cada aluno recebe diversos pedacinhos de cartolina com sílabas e vogais. O jogo é embaralhado. Em seguida, a professora dita, uma a uma, as palavras que os alunos deverão formar utilizando os conjuntos dados e pede a todos que digam, em voz alta, qual a palavra formada. Com este jogo, aprendem-se os elementos silábicos. Outra atividade que pode ser realizada é pedir às crianças que invertam as sílabas da palavra que foi composta e digam se ocorreu, ou não, a formação de uma outra palavra. Exemplo: Formar a palavra “capa” e inverter as sílabas para formar a palavra “paca”.

“Bingo” Educativo:



Montagem
: cortar uma cartolina no formato de um tabuleiro de xadrez e escrever, com letra de forma, em cada quadrado desenhado na cartolina, palavras que sejam do conhecimento das crianças. É necessário comprar dados ou montá-los em cartolina.

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Como jogar: Cada criança recebe um tabuleiro e alguns dados. A professora dita, uma a uma, palavras que os alunos deverão encontrar em seu tabuleiro. Ao encontrarem alguma, devem marcá-las com os dados, como se faz em um bingo. Nas turmas mais adiantadas, os dados são trocados por cartelas nas quais estão escritas palavras em letra cursiva. Neste caso, a criança lê a palavra que está na cartela e a procura no tabuleiro, no qual ela estará escrita em letra de forma. É um jogo de fixação e identificação visual

Jogo de identificação de palavras e interpretação:

Montagem: escrever, em letra de forma, em pedaços de cartolina, palavras que pertençam a diversas categorias (animais, flores, brinquedos, etc).

Como Jogar: mostrando as “plaquinhas”, uma a uma, aos alunos, a professora lhes pede que identifiquem, por exemplo, quais palavras são nomes de animais. Para incrementar a brincadeira, as crianças imitam o animal que acabam de identificar. Em outro momento, a professora espalha as placas no chão e pede a cada aluno que procure palavras iguais. (ex: pegar todas as palavras “rosa”).

Jogo de formação de frases:



Montagem:
faça várias cartelas em cores diferenciadas, contendo: os substantivos, ações, conectivos e pontuação, separadamente. (ex: substantivos em rosa, conectivos em azul, etc).

Como jogar: a professora entrega a uma dupla de alunos cartelas contendo palavras, vogais e pontuação embaralhadas. Em seguida, pede a ela que forme as frases corretamente. Em outro momento, pergunta-lhe se é possível trocar elementos frasais com as demais duplas. Assim, os alunos treinam, de maneira lúdica, a comparação entre frases e entre elementos que estruturam uma frase, sem preocupar-se com nomenclatura. Em momento algum, a professora comenta a divisão de cores dos elementos. Ela deixa o aluno descobrir as diferenciações, instigando-o a reparar as diferenças. Outra forma de brincar é fazer com que uma criança monte a frase e a outra a leia em voz alta.

Jogo das Sílabas:

Montagem: colar, em um pedaço de cartolina, um papel com uma sílaba, de forma que fique fixada de um lado. Ao lado desta sílaba, grampear diversos papéis com outras sílabas que, unidas a ela, formem palavras.

Como jogar: os alunos recebem as cartelas com a sílaba fixa e as móveis. O jogo consiste na leitura e no reconhecimento das palavras. O elemento fixo pode ser, por exemplo, a sílaba “sa”. A partir daí, brinca-se com os outros elementos que as crianças já conhecem. Encontra-se o “ca”, substituível por “pi”, “me”, e assim por diante, formando-se as palavras “casa”, “pisa” e “mesa”, respectivamente. No jogo, o professor pode mostrar aos alunos as cartelas, para que o grupo as leia, ou dividir a turma em grupos, cada um trabalhando com sua cartela. Os exemplos dados são apenas sugestões de como utilizar os jogos. Existem, porém, diversas formas de jogá-los na escola. Basta usar a criatividade . “Depois de cada jogo, fazemos uma atividade de escrita e ilustração, para complementar o estudo e fazer com que os alunos aperfeiçoem a escritura” - explica Chaffim. Concomitantemente, a escola trabalha com um livro-base, chamado “livro muito especial”, elaborado de acordo com o andamento do processo de alfabetização, à medida que os alunos conhecem frases e palavras. As crianças lêem pequenos textos dos livros e fazem exercícios de ilustração. Apesar de todo o trabalho ser baseado em jogos e brincadeiras, as crianças não deixam de participar de atividades de artes plásticas e recreação no pátio da escola. “É importante que elas tenham tempo de lazer. Não é porque estão na classe de alfabetização que só vamos fazê-las aprender a escrever, ler e contar” - explica Helena. Os resultados são satisfatórios, as crianças adquirem vocabulário e, têm uma certeza: é brincando que se aprende, para nunca mais esquecer!

 

Escola Carolina Patrício Professora Helena Chaffim Tel: 322 0021 / 322 1794

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