Professora aproveita o tema para ampliar os conhecimentos dos alunos acerca da cultura popular e incentivar o gosto pela escola.

Agosto é o mês do folclore no Brasil. Isto é, momento em que se homenageia o conjunto de tradições, conhecimentos ou crenças populares expressos em provérbios, contos ou canções. O tema é sugestivo para desenvolver a sensibilidade e fazer aflorarem as emoções da garotada. Além do mais, é possível, com base nele, associar o conteúdo curricular a atividades prazerosas e educativas e tornar o aprendizado mais interessante. Pensando nisto, a diretora e coordenadora pedagógica Rosemary Queiroz, criou no Jardim Escola O Reino Encantado, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, a "Oficina de Artes. Trabalhando com o Folclore Brasileiro".

Pedagoga, formada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ), com experiências nas redes municipal e particular de ensino e na direção da escola, desde 1993, Rosemary abusou da criatividade ao planejar a oficina. Ela levou ao conhecimento dos alunos tradicionais histórias do nosso folclore, como a do Saci-Pererê, a do Curupira e a da Vitória-Régia, as cantigas de roda, como "O Cravo Brigou com a Rosa", e desenvolveu com eles exercícios que desenvolvem corpo, mente, emoções e criatividade. O resultado não poderia ser melhor.

O primeiro trabalho envolvendo o tema folclore foi realizado no ano passado e mobilizou todas as turmas da escola, da Educação Infantil à 4ª série do Ensino Fundamental. Rosemary, entretanto, o considera aplicável a qualquer série. E, se o repete, hoje, durante todo o mês de agosto, busca estar em sintonia com o mês do Folclore. "A oficina tem sido realmente gratificante. Através dela, o interesse pelo conhecimento e pela escola aumentou sensivelmente", diz entusiasmada.

Descontração e Criatividade

A Oficina de Arte., Trabalhando com o Folclore Brasileiro é um projeto em que todas as turmas do Jardim Escola O Reino Encantado interagem. Rosemary apenas respeita a faixa etária de cada uma. Para tanto, ela divide as turmas em três grupos, de Educação Infantil, do C.A. e da 1ª série, e o que reúne a 2ª, a 3ª e a 4ª séries e dá início às atividades. "A oficina começa com atividades de relaxamento e descontração, expressão corporal e incentivo à criatividade de cada criança, o que é feito através de danças, desenhos e contos folclóricos.", esclarece Rosemary. Só depois, quando os alunos já estão envolvidos com o tema, o professor de cada turma desenvolve um trabalho em sala de aula, que pode incluir a produção de textos, livros e até a dramatização de peças", explica a diretora.

Etapas da Oficina

Reunindo cada grupo na quadra de esporte, Rosemary inicia a oficina com uma conversa informal, para que todos possam entender o que será visto no decorrer das atividades. Aproveitando comemoração do "Dia Nacional das Artes", em 12 de agosto, a diretora e pedagoga dialoga com as crianças sobre o que é Arte e o que é ser um artista, já que o folclore está intimamente ligado às Artes. "Minha intenção é descontrair os alunos e convencer-lhes que todos são capazes de criar lindos trabalhos", explica Rosemary, com a certeza de quem sabe o que faz.

  • Relaxamento

Os alunos respiram, profundamente, e vão soltando o ar bem devagar. Depois, imaginam que estão em cima de uma nuvem bem fofa e ela começa a subir. Já no alto, conseguem ver a escola. Esta nuvem, os leva a um lugar bonito, repleto de árvores, flores, bichos e onde há um rio de águas limpas, com peixes coloridos. A nuvem, então, volta e vai descendo, bem devagar, deixando cada um na quadra. Através deste narrativa, Rosemary faz os alunos praticarem exercícios de relaxamento e respiração.

  • Expressão corporal

Ao som de uma animada música infantil, Rosemary põe a garotada para dançar e, assim, vai desenvolvendo a expressão corporal de cada um. A letra da música fala do corpo e do que cada membro representa, aborda noções de movimentos - frente, trás, esquerda e direita - e a imaginação como forma de expressão.

  • Contando História

Para acalmar a garotada que tanto dançou e pulou, a diretora pede que todos sentem no chão. Com o auxílio de técnicas de dobradura, ela lhes conta uma história curta, em que os personagens são Pedrinho e Narizinho, os mesmos do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Os alunos acompanham a história com seus pedaços de papel e, no final, aparece o personagem principal: o Saci-Pererê. "Escolhi falar sobre este personagem, pois as crianças se identificam bastante com ele", esclarece Rosemary.

  • Dança do Saci

Explicando um pouco mais sobre a lenda do Saci-Pererê, Rosemary coloca a garotada para dançar uma música que se refere ao personagem. Em seguida, um CD com cantigas de roda, como o "Cravo Brigou com a Rosa", "Sapo Cururu", "Mulher Rendeira" e "Cai Cai Balão", é posto para tocar. As crianças dramatizam as canções, iniciando o momento da criação artística.

  • Momento da Imaginação

Trocando o som agitado das cantigas de roda por uma música orquestrada, a diretora vai pedindo a todos que deitem no chão e sonhem com tudo o que foi dito. "Sonhem com o cravo e a rosa, o Saci, a mulher rendeira, porque sonhar, brincar, ouvir histórias e ser criança é muito bom", lembra Rosemary.

  • Momento da Criação

Ao acordar do sonho, as crianças se deparam com papéis, lápis de cor, canetas e tintas espalhados pelo chão. Dividindo um único espaço, começam a desenhar e liberar a imaginação e a criatividade estimuladas durante as etapas anteriores. O melhor da atividade, segundo Rosemary, é ver os alunos concentrados desenhando, sem ter medo de criar.

  • A Sala de Aula

Já envolvida com o tema e interessada pelo folclore brasileiro, cada turma desenvolve um trabalho em sala de aula. "Os professores podem dar mais ênfase ao aspecto criativo e ao artista que cada criança pode ser", aconselha Rosemary. Utilizando sucata, os alunos das turmas de E.I, por exemplo, construíram o Curupira, a Vitória-Régia e outros personagens do folclore. Através da atividade, a professora pode ensinar, também, alguns conceitos como cor, tamanho, comunicação, linguagem oral e visual. No C.A, foi produzido um texto coletivo sobre o Saci-Pererê. Na turma de 2ª série, cada aluno confeccionou um livro com cantigas de roda. Já na 3ª série, a professora desenvolveu com seus alunos a comunicação verbal, através do teatro. E a 4ª série produziu um livro sobre receitas de comidas folclóricas e a Medicina alternativa. Esta atividade permitiu a turma desenvolver produção escrita e pesquisa.

  • Clímax

Para finalizar o trabalho, Rosemary organiza, junto com as professoras, a Feira do Folclore Nacional. Nela, todos os trabalhos produzidos são expostos e são apresentadas todas as danças folclóricas vistas inicialmente. A oficina possibilita a participação efetiva de alunos e professores. Rosemary, ao realizar tais atividades, busca alcançar alguns objetivos: fazer as crianças entenderem a importância do nosso folclore como parte da cultura popular, ampliar os conhecimentos dos alunos e incentivar o gosto pela escola e possibilitar às professoras utilizarem a produção de texto e a leitura em sala de aula, de uma forma prazerosa e criativa. "A oficina despertou nos alunos a curiosidade pelo tema folclore, pouco discutido e trabalhado, hoje em dia, na escola. E folclore é artes, o que permite mexer com a sensibilidade das crianças, fazendo com que elas se sintam mais envolvidas e a vontade no ambiente escolar", completa.


Jardim Escola O Reino Encantado Av. Dionísio Rocha, 231 Pq. Araruama - S.J. de Meriti
Rosemary Queiroz

O Saci-Pererê e O Curupira

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