Ferramenta eficaz no processo de aprendizagem

Katia Machado e Simone Azevedo

É impossível negar: o mundo está informatizado e a tendência é evoluir cada vez mais. Assim, o uso de novas ferramentas, como os softwares educativos, vem se tornando alternativa eficaz no processo educacional. Mas, apesar de eles agilizarem o processo de assimilação da informação pelo aluno e melhorarem sua cognição, o professor é, ainda, indispensável para o aluno. Por isto, as empresas de Informática e os profissionais envolvidos com a informatização, ao lançarem ou escolherem um software para o uso em sala de aula, preocupam-se com o profissional que irá manipular a ferramenta.

O Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo), uma iniciativa da Secretaria de Educação à Distância (Seed) em parceria com MEC, secretarias estaduais e municipais de Educação, Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime), caracteriza-se como um projeto de Educação que veio a introduzir e consolidar a Informática nas escolas públicas do Brasil. Implantado em 1997, além de instalar equipamentos e capacitar professores e técnicos dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) para fazerem uso pedagógico da telemática, o Proinfo vem discutindo e analisando o uso de software educacional nas escolas participantes do programa.

Em encontros regionais e nacionais, o assunto foi colocado em pauta. O desenvolvimento de um software, qual deve ser sua utilidade e quais critérios devem ser usados foram avaliados pelo Proinfo. “Já fizemos quatro encontros, três regionais e um nacional, de que participaram educadores interessados pelo tema, representantes das secretarias de Educação – coordenadores pedagógicos, presidentes das comissões estaduais do Proinfo e secretários –, e representantes das empresas brasileiras produtoras e comercializadoras de software educacional”, diz Cláudio Sales, coordenador do comitê organizador do Proinfo.

Durante o IV Encontro Nacional do Proinfo, realizado entre os dias 3 e 7 de maio, em Brasília, foram organizadas oficinas por empresas de software básico/aplicativo, de autoria/programação, de referência, de apoio curricular e de comunicação. Todas elas demonstraram as características de seus produtos, permitindo que os professores-multiplicadores do programa articulassem suas práticas docentes com as potencialidades de um software, relacionando-o ao desenvolvimento de projetos pedagógicos.

Segundo Sales, o encontro permitiu um levantamento do que foi discutido durante os encontros regionais anteriores e a produção de um documento contendo critérios de uso e desenvolvimento de software, inclusive educacional, que permite aos envolvidos com o programa avaliar produtos e divulgar opiniões.

As discussões realizadas sobre qualidade e formas de utilização educacional de diferentes tipos de software evidenciaram a necessidade de se considerarem três aspectos: os princípios educacionais que orientam o desenvolvimento e o uso pedagógico do material ; as especificidades técnicas que simplifiquem as instalações da ferramenta e o uso dela na Educação; e a interação técnico-pedagógica para aliar a qualidade da instrução à qualidade e à atualidade tecnológicas. “Ainda colocamos um novo tempero neste encontro, que foi a discussão em torno dos projetos pedagógicos e dos Parâmetros Curriculares do Proinfo”, completa Sales.

E o que fazem as empresas produtoras de softwares educativos? Estariam apenas preocupadas com a comercialização destes produtos e com a lucratividade?

Segundo Eduardo Masse, diretor-geral da Log On Comunicação Visual e Interativa, uma das prioridades da empresa é a comercialização de softwares que tenham uma base de dados segura e capaz de atender às necessidades do educador e do aluno. Ele considera um software de boa qualidade somente quando auxilia o professor a ministrar um aula interativa, que venha a estimular a criatividade da criança e a construção do conhecimento. “Estamos, neste momento, por exemplo, produzindo um software educativo sobre os 500 anos de pintura brasileira, com Raul Mendes e José Roberto Teixeira Leite, dois dos mais importantes especialistas no assunto neste país”, exemplifica Eduardo.

Atuando no mercado de software há dez anos, a Log On compilou mais de 1.000 títulos em um guia de software educacional, para orientar o educador, principalmente na escolha. A publicação foi dividida por assunto, idade de uso, configuração mínima do hardware e línguas em que está disponível, para que a pessoa não “leve gato por lebre” e consiga identificar o melhor produto para ser usado em sala de aula.

 

 

Outra empresa preocupada com a qualidade e a eficácia de um software em sala de aula é o Laboratório de Técnicas Digitais (LTD). Além de prestar serviços na área de treinamento em Informática, oferecendo cursos de linguagens de programação em ferramentas Office e gráficas a interessados, a empresa finalizou, no mês de junho, o projeto Intranet Empresarial Educacional (IEE).

O projeto consiste na criação de um conjunto de softwares educacionais fundamentados na Ciência da Informação e da Imagem e na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do MEC. Todos se caracterizam como instrumentos de multimídia, com recursos de imagem, som, texto e movimento, possibilitando a aquisição de conhecimento de forma interativa. Com o apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e do BNDES, o IEE apresenta, às escolas, 56 títulos distribuídos por assuntos como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História e Geografia, e direcionados para o Ensino Fundamental. Os softwares foram desenvolvidos por uma equipe pedagógica formada por professores especializados e profissionais de criação. “Este é um projeto direcionado exclusivamente à escola. Por isto, preferimos trabalhar com professores”, esclarece Jorge Luiz Rodrigues, diretor de Tecnologia da LTD.

Um dos mais importantes objetivos do IEE é capacitar o professor a adotar uma postura dinâmica no processo educacional através de uma ferramenta avançada que estimule e motive a garotada a aprender. Por isto, já na aquisição do software, o educador recebe um manual de instrução, permitindo o uso correto do produto. Para Jorge Luiz, o professor preparado consegue atender às necessidades do aluno ao trazer o mundo virtual para a sala de aula.

Proinfo: http://www.gov.br
Log On: 263-0904 - Eduardo Masse
LTD: 262-9364 - Jorge Luiz Rodrigues

De olho na Capacitação

Enquanto as produtoras de softwares preocupam-se em acompanhar o processo tecnológico para atender à demanda do mercado, os estabelecimentos de ensino e profissionais de Educação buscam, nas empresas especializadas em capacitação e instrumentalização profissional, as ferramentas necessárias para sua atualização e a do conteúdo curricular. Assim como o Proinfo, que se caracteriza também como um programa de capacitação de Recursos Humanos, outras alternativas são apresentadas pelo mercado. Para garantir o sucesso, o Proinfo está capacitando professores em dois níveis: o dos professores multiplicadores e o dos que atuarão em sala de aula. Os primeiros passam por cursos de especialização lato-sensu, ministrados em diversas universidades do país. Depois, são distribuídos pelos 119 Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs) para prepararem outros professores que darão suporte técnico-pedagógico às escolas. Com recursos provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), o Proinfo, atualmente, conta com mais de 1.400 professores multiplicadores capacitados e 20.000 outros preparados para usar a Telemática em sala de aula. Outra alternativa é a Oficina da Informática. Há dez anos no mercado de formação e treinamento educacional, oferece soluções para utilização do computador como instrumento cognitivo para apoio e desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. Esta metodologia instrumentaliza os profissionais de Educação para desenvolverem suas atividades e viabilizarem novos projetos curriculares. O trabalho da Oficina da Informática vai desde a procura dos melhores softwares distribuídos por faixa etária e a classificação por séries do ensino fundamental e médio até a sua aplicação integrada ao currículo e à proposta pedagógica da escola. Propicia, assim, autonomia para que a instituição crie seu projeto de Informática educativa. Segundo Esther Regina Levis, sócia da Oficina da Informática, através da criação do programa Banco de Idéias, seus especialistas são inseridos nos estabelecimentos de ensino como auxiliares no processo de integração professor - Informática - aluno. O programa apresentado por Esther inclui caderno de atividades contendo sugestões de planejamento para elaboração de um currículo específico para a escola e a série, um caderno com conceitos básicos de informática e CD-ROM com todo o material necessário para realização das atividades. Esther e sua equipe possuem as ferramentas, porém precisam do conteúdo ministrado pelos professores para aprimorar a Informática educacional. “Temos que tirar o medo do professor, fazê-lo mudar seus paradigmas. Mostrar a ele que operacionalizar os softwares de maneira criativa, construindo em conjunto com seus alunos cada tela branca apresentada no computador, ainda é a melhor maneira de participar deste novo processo educacional”, explica.