Educação:

O Problema Central do Brasil

Por Ednaldo Carvalho

Cedo ou tarde, de uma forma ou de outra, todas as reflexões acerca do desenvolvimento do Brasil e dos brasileiros nos levarão sempre a entender a Educação como o elemento definidor da nossa história. Desta vez, o cinema enfoca, através do drama Central do Brasil, a inegável realidade de um povo que, subordinado a políticas econômicas impostas por grupos dominantes, é subtraído do seu direito à Educação, e à Educação de qualidade. É alijado, em sua grande maioria, das oportunidades de ascensão social, o que traz desesperança a sucessivas gerações de brasileiros.

Existem, hoje, no Brasil, 50 milhões de Anas ( mãe de Josué ), analfabetas, clientes de Dora (Fernanda Montenegro), que sequer chegaram à 2ª série do ensino fundamental. Há, também, seis milhões de Josués ( Vinícius de Oliveira ), meninos e meninas de até 9 anos que estão fora das salas de aula e não concluirão a 1ª fase do ensino fundamental.

 

 

Os que superam esta situação são preparados no 1º e no 2º graus "profissionalizantes" para atenderem melhor aos interesses das empresas constituídas pelo capitalismo ocidental, impondo ao Brasil a posição periférica de nação sem soberania, dependente. E, ainda, sendo desviados das universidades, mantendo-se como mãos-de-obra semiqualificadas, obrigadas a se contentar com patamares salariais que não chegam a 30% dos salários pagos nos países desenvolvidos para pessoas com o mesmo nível de formação.

Os que chegam às universidades, por sua vez, encontram-nas com a ilusão de modernização. Fictícias e alienadoras, formando o pensamento voltado para fornecer gente qualificada para o grande empresariado nacional, que alimenta a indústria internacional.

Que se levantem, neste país, multidões de Doras, escrevedoras de cartas. Que todos nós - Doras, Anas, Josués - possamos escrever muitas cartas para mudar os rumos da História, que só será bem-escrita quando a nação se convencer de que a Educação é a solução Central do Brasil.

 

Ednaldo Carvalho
Editor do Jornal Educar