"Vê" "Fê"

Dão Início à Alfabetização

Por Katia Machado

Ensinar o aluno a distinguir diferenças sonoras entre letras e sílabas, evitando muitos erros na hora de escrever e despertar nele o interesse e o prazer pela leitura. Estes são os objetivos do Recriar, um método inédito de alfabetização através de fonemas e grafemas criado pela psicopedagoga Norma Rodrigues. Em desenvolvimento desde 1996, no Centro de Estudos Valadares, em Cachoeiras de Macacu, o Recriar é o resultado de uma pesquisa que Norma realizou durante oito anos para descobrir o motivo pelo qual muitas crianças chegavam à 8ª série cometendo erros graves na escrita. E o método vem gerando excelentes resultados.

"Notei, no decorrer da pesquisa, que as crianças não sabiam fazer distinção sonora entre as letras. Trocavam, por exemplo, o 'c' pelo 'd' ou o 't' pelo 'd' e, por isto, acabavam escrevendo errado", conta ela. Assim, Norma concluiu que o erro ortográfico estava na falha fonológica, já que a criança escreve como escuta. E decidiu optar pelo alfabeto fonológico em vez de adotar o alfabeto de letras para alfabetizar, associando o ato de ler ao de ouvir e o de escrever ao de falar.

Seguindo a lógica do processo da fala, a alfabetização através do Recriar começa pelos fonemas mais simples, que têm uma única representação por escrito. De acordo com a metodologia, a criança deixa de se preocupar com a letra, passando a prestar atenção ao som que ela precisa fazer. Em seguida, desenvolve naturalmente a representação deste som por escrito. "Quando a criança descobre que a base é sempre a mesma e só muda o par dos fonemas, o estudo vira um jogo para ela", compara Norma. Depois de aprendidos alguns fonemas, a garotada passa para a representação gráfica, ou seja, para os grafemas.

 

  Cada grupo de fonemas é estudado, em média, durante uma semana. São 12 grupos de fonemas. Entre eles, os básicos ou sílabas simples, como o "fê" e o "vê". Neste grupo, estão inseridas as vogais, fonemas simples e fáceis de falar. Afinal, as vogais "a", "e", "i", "o" e "u", segundo a psicopeda-goga, são sons já articulados que até um bebê produz. "Por isto, começamos por eles", esclarece Norma. E, após a passagem pelos sons vocálicos, a criança consegue facilmente escrever frases. A explicação é muito simples: "Nossa língua é totalmente vocálica", lembra a psicopedagoga.

O segundo grupo é uma continuação dos fonemas básicos, como o "Rê/rê" e o "quê/guê". O terceiro grupo inclui as letras mudas. O quarto, o alfabeto. O quinto grupo abarca os fonemas inversos às vogais, como o "ar" e o "as". No sexto, estão os fonemas vogais mais complexos, como "a", "ã", "am" e "an". O sétimo grupo engloba os fonemas encontros consonantais. E o oitavo grupo confronta os fonemas inversos à vogal. Assimilando o seu conteúdo, a criança consegue entender por que antes de "p" e "b" se usa "m". "Nenhuma professora consegue explicar a razão disto se não lançar mão da Fonética", afirma Norma.

Até mesmo o fonema "Xx" é estudado pelos pequeninos da alfabetização quando visto em sala o nono grupo do alfabeto fonológico. No décimo grupo, por sua vez, estão contidos os fonemas travados depois da vogal. No décimo primeiro grupo, os fonemas vogais em encontros e, no décimo segundo grupo, alguns confrontos fonéticos. Norma afirma que os alunos já lêem e escrevem no segundo semestre, pois estão certos de que são capazes . "É claro que eles cometem alguns erros, mas estes são toleráveis em uma classe de alfabetização", explica.

 

Qualidade e Respeito
Evoluindo com o Método

 

Norma Rodrigues
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