Por Ednaldo Carvalho Todos os anos, com ou sem crise, a história se repete: voltamos às aulas. Aliás, é bom dizer que este "carrossel" mexe com toda a sociedade. Educação é, para a nação, o que o sangue é para o corpo. Todas as "células sociais" recebem a influência da atividade educativa. Os que estudam, os que ensinam, os que trabalham com o ensino, os que ganham dinheiro com ele, o país, os governos e seus órgãos, enfim, a comunidade inteira, direta ou indiretamente, volta às aulas. E, aí, pergunta-se: a Educação, esta atividade milenar que é capaz de alterar os rumos da humanidade, que tem sido a alavanca para o progresso e o desenvolvimento de tantas nações, está sendo priorizada no Brasil? Há que se perguntar, ainda, em que momento ela foi priorizada: antes ou depois da crise? Neste governo, ou nos anteriores? Quando a Educação foi "prá valer" ou quando foi "prá inglês ver"? Há que se constatar que, infelizmente, ainda não adotamos uma política definida de Educação. Não conseguimos decidir o que queremos alcançar para o país e para sua justiça social, utilizando o ensino como instrumento.
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É
bem comum os governos barganharem, regatearem, quando se trata de verbas
para o ensino. Alegam que é o setor que dá mais despesas, procuram comprovar
os investimentos na área educacional com subterfúgios, inserindo nas prestações
de contas despesas com policiamento de escolas e outras desfaçatezes.
Recentemente, o governo não hesitou em suprimir do orçamento da União
quase R$ 600 milhões destinados à Educação, alegando buscar o equilíbrio
das contas públicas, a fim de negociar com o FMI. Em nosso editorial do
mês de outubro de 98, comentamos: Acredito que este alerta não tenha sido feito apenas por mim. Naquele caso, muitos sabiam que tal sacrifício evidenciaria perdas irreparáveis para a Educação. Voltamos às aulas. Desta vez, tendo U$ 7 bilhões a menos nas nossas reservas, vendo o dólar chegar a valer R$2, o real quase 50% desvalorizado, a inflação ameaçando voltar como um câncer devorador, com juros de 39% ao ano, os especuladores querendo tirar vantagens, o governo atônito, o FMI "desembarcando" para "salvar a Pátria" e a Pátria abalada, mas não surpresa. Afinal, no fundo, até os que não entendem de Economia sabiam que isto iria acontecer. Fomos alertados, inclusive na campanha eleitoral. Mesmo assim, inexoravelmente, voltamos às aulas. E, com elas, que voltem as esperanças de que um dia a nação desperte e tome a atitude definitiva de reconhecer que só a Educação pode tirar o Brasil de suas crises.
Ednaldo Carvalho
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