REVISTA APPAI EDUCAR - EDIÇÃO 171

DIGITAL Ofuturodaeducaçãonasescolasestásendomoldadoportransformações tecnológicasqueprometemredefiniraformacomoosalunosaprendem eosprofessoresensinam Ano28-171-2025-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA-DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

Revista Appai Educar Conselho Editorial Julio Cesar da Costa Ednaldo Carvalho Silva Andréa Schoch Jornalista Editora Antônia Lúcia Figueiredo (M.T. RJ 22685JP) Assistente de Editorial Jéssica Almeida Designer Yasmin Gundim Revisão Sandro Gomes Professores, enviemseus projetos para a redação da Revista Appai Educar: End.: Rua Senador Dantas, 117/229 2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ. CEP: 20031-911 E-mail: jornaleducar@appai.org.br redacao@appai.org.br www.appai.org.br EXPE DIEN TE

Revista Appai Educar LÍNGUA PORTUGUESA POR SANDRO GOMES* RELEMBRANDO “AQUELES” CASOS DE CONCORDÂNCIA NOMINAL Olá, pessoal! Como ainda são muitas as dúvidas sobre a concordância entre nomes em língua portuguesa, resolvemos dedicar essa coluna a abordar alguns casos específicos que em geral suscitam indecisões na hora da escrita. – Meio O xis da questão aqui é entender a classe gramatical em que a palavra está funcionando numa frase. Isso porque meio pode ser adjetivo ou advérbio. Vamos ver alguns casos. Disse um punhado de meias confissões.

Revista Appai Educar Nesse caso, a palavra indica o caráter das “confissões”, que são apenas meias e não inteiras. Trata-se, portanto, de um adjetivo, e é por isso que na oração acima ela aparece concordando em gênero e número com a palavra que a sucede. O mesmo não ocorreria se fosse o caso de um advérbio, como podemos observar no seguinte exemplo. Notei que ficaram meio cansadas com essa confusão. Repare que usamos meio, sem concordar com a palavra “cansadas”. Isso ocorreu porque nesse caso estamos diante de um advérbio, que são figuras que sempre são invariáveis. – É necessário Nesse caso temos uma diferença sutil, a presença ou não de artigo, que vai alterar a questão na hora da concordância. Vejamos um exemplo. É necessário prudência na hora de decidir. Repare que não foi feita a concordância com a palavra prudência. Isso acontece porque não há a presença de um artigo determinando gênero e/ou número. Então é como se estivéssemos dizendo “É necessário (ter) prudência na hora de decidir”, com um verbo subentendido. Diferente seria se houvesse um artigo. Observe. São necessárias as muitas ciências para resolver esse caso. Note que o substantivo ciências vem precedido de artigo que informa sobre seu gênero e quantidade, o que torna necessária a concordância. Observação: Essa mesma lógica se aplica a outras formas, como “É proibido”, “É preciso” etc. – Anexo Esse caso é semelhante ao anterior, já que concordamos com o substantivo envolvido na oração se anexo estiver desempenhando a função de um adjetivo. A dificuldade aparece quando usamos o termo “em anexo”, que tem o mesmo significado, mas desempenha na oração a função de um advérbio, permanecendo assim invariável. Veja nos exemplos abaixo a diferença. As certidões estão anexas às pastas. (adjetivo, concordandocom“certidões”) As certidões estão emanexo nas pastas. (advérbio, permanecendo invariável)

Revista Appai Educar *Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre emLiteratura – Cores Nesse caso, a concordância ocorre normalmente quando a cor funcionar como um qualificativo de alguma coisa, ou seja, com função adjetiva. As blusas são amarelas. A palavra amarelo informa uma qualidade das blusas, por isso a concordância. Quando, porém, o nome da cor for também o de um outro substantivo fica invariável. Veja. As blusas laranja caíram no gosto do público. Outro fator é quando a cor aparece formada por dois adjetivos. Nesse caso, deixamos invariável o primeiro termo (mas mantendo-o como masculino) e fazemos a concordância apenas com o segundo. Acompanhe a oração. As blusas azul-escuras acabaram sobrando. A menos que o segundo termo seja também o de um substantivo, quando ficará invariável. Veja. As blusas azul-piscina acabaram sobrando. Amigos, por ora ficamos por aqui. Em breve retornamos com outros casos de concordância nominal, já que há muitos outros pontos a abordar. Até a próxima, pessoal!

Revista Appai Educar RETRATOS BRASILEIROS Alunos participamde projeto que desenvolve o senso crítico e promove a valorização da diversidade cultural INTERDISCIPLINARIDADE POR JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar Inspirada por uma visita ao Masp e ao tema do Enem deste ano, a professora Tatiana Barradas idealizou o projeto Retratos Brasileiros – Releituras das Obras de Dalton Paula com os alunos do Ciep 179 – Professor Cláudio Gama, localizado em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. A ideia foi promover a valorização da nossa cultura, trabalhar com as habilidades e conteúdo das áreas de geografia, história, pedagogia e artes, e ainda promover uma educação antirracista e inclusiva, desenvolvendo a empatia e a conscientização social dos alunos. Tatiana conta que durante a viagem para São Paulo conheceu as obras do artista Dalton Paula. “Me encantei pelas obras, comprei o livro da coleção Retratos Brasileiros e devorei rapidamente. São narrativas de personagens reais e fictícios que foram invisibilizados na história tradicional. Foi quando pensei: esse autor deveria estar na sala de aula! Foi assim que incluí no meu planejamento anual e no mês de novembro devido ao marco do Dia da Consciência Negra”, explica a educadora.

Revista Appai Educar Tema do Enem 2024 O tema da redação do Enem 2024 foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Com o projeto dentro da temática, Tatiana relata que os alunos a procuraram para dizer que o conteúdo os ajudou a entender a necessidade de uma educação decolonial, que sejam ensinadas na sala de aula outras narrativas que não constammuitas vezes nos livros didáticos tradicionais. Valorização da diversidade cultural Além de estimular a pesquisa e a expressão artística dos alunos, promovendo uma educação decolonial, antirracista e inclusiva, o projeto teve como objetivo desenvolver o senso crítico e a valorização da diversidade cultural e histórica afro-brasileira, conforme o previsto na BNCC. E ainda fomentar a reflexão sobre identidade e memória, envolvendo a comunidade escolar em uma exposição acessível e educativa. O trabalho teve início com uma introdução à obra de Dalton Paula. Os alunos pesquisaram e selecionaram personalidades que aparecem no livro e que contribuíram para a história do Brasil, mas que geralmente são pouco mencionadas emmateriais didáticos. Em seguida, produziram releituras artísticas inspiradas nos retratos de Paula, utilizando técnicas de pintura, colagem e desenho, e montaram uma exposição escolar intitulada “Retratos Brasileiros”, acompanhada de breves apresentações sobre cada figura retratada.

Revista Appai Educar Ferramenta poderosa no ensino A aluna da turma de formação de professores, Ana Carolina, conta que achou o livro de pinturas do Dalton Paula muito inspirador. “Ele traz uma abordagem única sobre as cores e formas, permitindo que os leitores explorem a sua criatividade. A pintura da Zeferina me fez perceber como a arte pode ser uma ferramenta poderosa no ensino. Ao trazer projetos artísticos para a sala de aula, posso estimular a criatividade dos alunos e promover um aprendizado mais significativo”, afirma. Além disso, Ana Carolina destaca que essas atividades podem ajudar os estudantes a desenvolverem habilidades sociais ao trabalharem em equipe. “Com certeza, vou incorporar mais atividades na minha prática pedagógica, pois acredito que elas podem enriquecer o aprendizado e engajar os alunos de maneira divertida e educativa”, explica a discente. De acordo com Tatiana Barradas, após o projeto os alunos da turma de formação de professores perceberam a importância de refletir sobre as narrativas dos livros didáticos sobretudo na temática do povo afro- -brasileiro. “Uma aluna na ocasião disse: eu pensava em enfeitar minha sala da Educação Infantil com tema da Disney, agora acho que vou pesquisar temas da nossa história, nossa cultura. Ao ouvir esse tipo de relato vi que eles foram atingindo os objetivos”, finaliza. Ciep 179 - Professor Cláudio Gama Av.ArthurAntônioSendas,122–Centro–SãoJoãodeMeriti/RJ CEP: 25515-420 Tel.: (21) 3668-0460 Fotos cedidas pela professora

Revista Appai Educar MEMES PARA APRENDER Diante da vastidão de informações disponíveis no ciberespaço, a professora transformou narrativas digitais emaliadas no ensino de História HISTÓRIA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar O que muitos docentes veem como um desafio, Cíntia Beñák, professora do Colégio Estadual Raymundo Correia, emQueimados (RJ), e do Instituto de Educação Santo Antônio, emNova Iguaçu, transformou o ensino de História em um poderoso aliado. A internet, e mais especificamente os memes, tornaram-se a base de uma metodologia inovadora que une aprendizado e engajamento nas aulas. A ideia nasceu durante a pós- -graduação na UFRJ, quando Cíntia desenvolveu uma pesquisa sobre a aprendizagem histórica a partir de memes com a temática do imperialismo europeu. “No mestrado, aprofundei o estudo desse gênero textual, com o objetivo de promover aprendizagens históricas significativas para os alunos”, explica a professora.

Revista Appai Educar Cíntia destaca, no entanto, uma preocupação: a dificuldade que muitos jovens enfrentam para lidar de forma crítica com a avalanche de informações a que estão expostos diariamente. O hábito de salvar e compartilhar conteúdo sem checar sua veracidade tem contribuído para a disseminação de desinformação e fake news. Por isso, a metodologia commemes também busca incentivar uma postura mais reflexiva e criteriosa frente ao consumo de informações. O papel dos memes no letramento Toda essa criatividade tem sido trabalhada com os alunos do Fundamental II e do Ensino Médio dos colégios em que a professora leciona, visando ampliar o olhar dos educandos a respeito da contextualização dos muitos fatos históricos estudados em sala de aula. Cíntia cita alguns eixos norteadores do projeto, que vão desde investigar a função dos memes como registros históricos e sua influência na memória coletiva – passando pela análise da representação de temas sensíveis e como eles impactam a percepção pública de eventos históricos e sociais – até estudar o papel desse tipo de expressão na mediação de debates sobre questões complexas, como violência, racismo, feminicídio, machismo e desigualdade de gêneros. Memes usados em aula

Revista Appai Educar Outros pontos em destaque, esclarece a professora, são a reflexão sobre os desafios éticos e metodológicos na utilização de memes, como fontes na escrita da história, e, sobretudo, o fomento do seu uso em sala de aula alinhado à necessidade de desenvolver habilidades de letramento midiático. “Espera-se que, ao trabalhar commemes, os alunos possam aprender a interpretar e produzir conteúdos digitais desenvolvendo competências críticas em relação às informações que consomem e compartilham nas mídias sociais”, revela a docente. O projeto da professora Cíntia tem como propósito principal desenvolver o letramento midiático, ampliando o senso crítico dos estudantes diante da vastidão de informações disponíveis no ciberespaço. Esse tipo de ação ou ato de escrever não se limita à leitura e escrita tradicionais, mas abrange a capacidade de avaliar a credibilidade das fontes, identificar manipulações e reconhecer ideologias presentes nas mensagens midiáticas. “O uso de memes em sala de aula possibilita explorar narrativas digitais que muitas vezes carregam discursos racistas e machistas. A proposta visa ressignificar essas mensagens e construir uma aprendizagem histórica com foco na alteridade”, pontua a professora. Professora Cíntia em aula com alunos

Revista Appai Educar Ao longo de sua experiência, a docente já passou por várias propostas didáticas, entretanto essa inclui atividades com as quais os alunos têm proximidade, o que garante ummaior interesse para realizarem todas as etapas, que vão desde a análise dos memes com referências históricas, identificação de suas mensagens implícitas até os debates sobre os impactos dessas narrativas. “Além disso, os estudantes são incentivados a ter sua própria produção, exercitando habilidades técnicas, digitais e críticas. Essa abordagem interdisciplinar também dialoga com outras áreas do conhecimento, promovendo uma formação mais abrangente”, frisa. Os resultados têm sido positivos Se tem algo que os professores comemoram é quando os estudantes demonstram interesse e engajamento pelo conteúdo. “Os alunos se mostrammais mobilizados, especialmente quando abordamos temas que eles consideram ‘chatos’. Omeme funciona como um ponto de conexão entre o conteúdo histórico e a realidade digital em que vivem”, comenta Cíntia. Entre os principais objetivos do projeto está a reflexão sobre temas sensíveis, como racismo, machismo e violência, e a análise de como os memes podem ser usados para fomentar debates e reconstruir memórias coletivas. O projeto não temuma culminância específica, já que se trata de uma prática constante aplicada nas aulas de História para turmas dos ensinos Fundamental II e Médio. Depoimentos de alunos reforçama eficácia dametodologia. Segundo Gabriela Santos, estudante do 2º ano, “a aula commemes é diferente e divertida. A gente aprende semperceber e ainda discute assuntos que nos fazempensar”.

Revista Appai Educar De memes a livro e guia didático Em linhas gerais, o projeto de Cíntia Beñák exemplifica como as linguagens digitais podem ser incorporadas ao ambiente escolar de forma criativa e produtiva, alinhando-se às necessidades de uma geração conectada e às demandas do mundo contemporâneo. E como apoio a todo esse projeto, os alunos têm acesso ao livro “Também commemes se ensina e se aprende história” (2021), “que é o resultado das aulas-oficinas realizadas durante os anos letivos de 2018 até 2020”, afirmou Cíntia, explicando que a obra foi publicada em 2021 com a proposta de divulgar os resultados obtidos para o campo do ensino de história com a finalidade de estimular uma aprendizagem significativa a partir do uso dos memes que circulam na web. O livro conta com a participação das professoras Ana Maria Monteiro, Sonia Wanderley e Marcella Albaine. A pesquisa envolveu a produção de umGuia Didático on-line para professores com o propósito de orientar e partilhar possibilidades de propostas didático-históricas”, frisa a professora. Colégio Estadual Raymundo Correia Rua Itajaí, s/nº – Bairro Guimarães – Queimados/RJ CEP: 26387-010 Tel.: (21) 99504-3117 - Sandra Instituto de Educação Santo Antônio Rua Dr. Barros Júnior, 1.124 – Centro – Nova Iguaçu/RJ CEP: 26215-071 Site: iesa@iesa-colegiodasirmas. com.br Tels.: (21) 3844-5944 / 2765-9650 / 97512-3216 E-mail: @iesacolegiodasirmasoficial

Revista Appai Educar TENDÊNCIAS NA EDUCAÇÃO PARA 2025 O futuro da educação nas escolas está sendomoldado por transformações tecnológicas que prometem redefinir a forma como os alunos aprendeme os professores ensinam MATÉRIA DE CAPA POR JÉSSICA ALMEIDA

Revista Appai Educar Em ummundo cada vez mais dinâmico, as necessidades da sociedade estão em constante transformação. Novas tecnologias surgem quase diariamente, os métodos de ensino evoluem e o mercado de trabalho apresenta exigências cada vez mais complexas. Mas, afinal, como as escolas podem preparar os alunos para um futuro moldado pela inteligência artificial e pela economia digital, sem deixar de promover abordagens que estimulem a empatia, autonomia, criatividade e inteligência emocional? Como os educadores podem oferecer um ensino de qualidade, cada vez mais personalizado, respeitando a individualidade dos estudantes? Para responder essas e outras questões, a Revista Appai Educar conversou com especialistas que abordarão as principais tendências da educação para 2025, commuitas dicas e insights para começar o ano com práticas pedagógicas que farão a diferença no aprendizado dos alunos.

Revista Appai Educar Uso de tecnologias e rotinas saudáveis Quando falamos sobre tendências na educação para 2025, a diretora pedagógica do Brazilian International School (BIS), Audrey Taguti, acredita que a principal delas seja a integração da educação digital e midiática ao currículo. “Promovendo o uso consciente e ético das tecnologias e criando estratégias pedagógicas para conscientizar sobre os riscos do uso excessivo de dispositivos digitais, como dependência e exposição inadequada a conteúdos prejudiciais”, explica. Audrey aponta ainda que o vício em telas tem impactado negativamente o desenvolvimento emocional, cognitivo e cerebral de crianças e jovens. E que, além disso, é essencial capacitar toda a comunidade escolar, incluindo professores e colaboradores, para encarar esses desafios de forma integrada.

Revista Appai Educar A especialista ressalta que essa abordagem deve equilibrar o uso da tecnologia com a construção de vínculos emocionais e rotinas saudáveis, favorecendo o bem-estar e o aprendizado significativo em um ambiente preparado e livre de dependências digitais. “A escola deve trabalhar e direcionar os recursos tecnológicos de forma equilibrada, conectando temas favoráveis ao desenvolvimento humano dos alunos e assuntos pertinentes às competências socioemocionais e intelectuais. Tudo isso se torna um elemento favorecedor dentro de um tema gerador que amplie o conhecimento de modo saudável, evitando que os alunos naveguem de forma aleatória sem direcionamento, ficando abertos a informações e conteúdos que não são condizentes com sua faixa etária”, destaca Audrey. A inteligência artificial e a automação na educação A tecnologia pode ser uma ferramenta facilitadora no dia a dia do professor! A inteligência artificial (IA) e a automação, por exemplo, podem tornar o ensino mais personalizado, eficiente e acessível, adaptando o aprendizado às necessidades individuais de cada aluno, identificando pontos fortes e áreas que precisam de atenção, o que permite um acompanhamento mais detalhado e assertivo. “As tecnologias também podem criar experiências imersivas, como laboratórios virtuais e simulações, que tornam o aprendizado mais dinâmico e conectado à realidade”, exemplifica Audrey. No entanto, a especialista ressalta que, para que essas transformações sejam efetivas, é essencial que a integração com a IA seja feita com responsabilidade ética e pedagogia, garantindo que as tecnologias sirvam para complementar – e não para substituir – o papel indiscutível do professor como mediador e inspirador no processo educativo.

Revista Appai Educar Novas metodologias de ensino e aprendizagem personalizada E por falar em tecnologia em sala de aula, a diretora-geral da Escola Bilíngue Aubrick, Fatima Lopes, acredita que no futuro as metodologias centradas no aluno vão ganhar cada vez mais força. “Como a aprendizagem baseada em projetos (PBL), a sala de aula invertida e o design thinking. Essas abordagens estimulam a autonomia, o pensamento crítico e a colaboração, elementos essenciais para formar alunos preparados para os desafios do mundo contemporâneo. Acredito que a aprendizagem personalizada será potencializada pelas tecnologias como inteligência artificial e big data”, exemplifica. De acordo com Fatima, essas ferramentas podem analisar o perfil e desempenho de cada aluno, identificando as suas necessidades e preferências, bem como adaptando os conteúdos e o ritmo de ensino de forma individualizada. Além disso, plataformas digitais permitem que estudantes avancem no próprio ritmo, garantindo que ninguém fique para trás ou desmotivado por falta de desafios, oferecendo conteúdos e atividades sob medida para que o aluno avance no seu ritmo, explore suas paixões e receba o apoio específico de que precisa.

Revista Appai Educar A diretora pedagógica do Grupo Salta, o maior no segmento da educação básica do Brasil, Christine Lourenço, reforça que o foco na individualização do ensino, que adapta currículos e métodos ao perfil de cada estudante, continua a ser uma prioridade para 2025. “O objetivo é criar ambientes inclusivos e focados em potencializar o desempenho individual. Nesse cenário, a tecnologia direcionada para análises detalhadas de dados é uma grande aliada, garantindo que as necessidades de cada aluno sejammapeadas e atendidas de forma assertiva, promovendo um engajamento genuíno”, explica. Como citado anteriormente, o aprendizado por meio de projetos vem se consolidando como uma das metodologias mais eficazes para engajar os alunos e desenvolver habilidades fundamentais para além dos muros da escola. Para Christine, essa abordagem estará ainda mais presente, conectando teoria e prática em atividades que incentivam os estudantes a resolverem problemas complexos por meio de soluções criativas. “Esse método promove não apenas a retenção de conteúdo, mas também competências como trabalho em equipe, liderança e autonomia”, completa. Educação híbrida: principais desafios e benefícios “Por outro lado, os desafios estão na necessidade de infraestrutura tecnológica robusta e a formação contínua dos educadores para utilizar as ferramentas digitais de forma eficaz. Outro obstáculo é o engajamento dos alunos, especialmente no ambiente on-line, que exige métodos mais interativos e motivadores”, pontua a diretora. E por falar em autonomia, Fatima acredita que a educação híbrida tem um grande potencial devido à flexibilidade, personalização e acesso contínuo a conteúdos que oferece aos alunos, pois permite que os estudantes escolham o formato que melhor se adapta ao seu estilo de aprendizagem, enquanto mantêm o suporte presencial dos professores.

Revista Appai Educar O papel do educador em2025 Ela pontua ainda que o foco do educador hoje em dia não é somente a disciplina e o resultado, e sim o desenvolvimento global do estudante. “No mundo atual, o desenvolvimento socioemocional deve ter prioridade, então o professor precisa trabalhar todas as habilidades dos alunos. A tecnologia e seus recursos vieram para somar e enriquecer e não para substituir o educador. A relação humana nunca será trocada, é no desenvolvimento da socialização que o aprendizado vai acontecendo”, destaca. Audrey Taguti ressalta que a tecnologia chegou para transformar e potencializar o papel do professor, automatizando tarefas repetitivas, fornecendo dados valiosos sobre o progresso dos alunos e enriquecendo as aulas com experiências imersivas. “Mas as tecnologias e inteligências artificiais jamais substituirão a função do docente, pois não oferecem o que é intrínseco ao humano: empatia, inspiração e a construção de relações humanas significativas”, afirma. A educadora conta que, na nova realidade da educação, o professor deixa de ser apenas um transmissor de conhecimento para se tornar um facilitador de aprendizagens, um agente que inspira, orienta e promove o desenvolvimento integral dos alunos. “O papel docente, cada vez mais, é o de mediador. A função do docente será formar cidadãos críticos, criativos e adaptáveis, capazes de viver em ummundo cada vez mais complexo, mutável e interconectado”, afirma Audrey.

Revista Appai Educar Mercado de trabalho moldado pela inteligência artificial e pela economia digital Alguns especialistas dizem que as profissões do futuro ainda nem foram criadas, o que é um grande desafio para os educadores. Porém Audrey acredita que as escolas já devam oferecer disciplinas e ferramentas digitais amplamente utilizadas em diferentes setores da economia, como programação, ciência de dados, robótica e inteligência artificial. “Mas o mais importante é a escola ensinar habilidades que máquinas não conseguem replicar, competências que são cada vez mais valorizadas pelo mercado, como a criatividade, colaboração, liderança, empatia, entre outros”, completa. Nesse cenário, as escolas devem preparar e desenvolver os alunos para o mundo, trabalhando diferentes habilidades e proporcionando aos jovens conhecer diversos recursos da tecnologia. “Mas principalmente as escolas precisam ensinar os estudantes a terem o equilíbrio emocional suficiente para serem resolvedores de problemas. O ser humano que não saiba conviver no mercado de trabalho, lidando com várias situações e personalidades, não vai se destacar”, afirma Audrey.

Revista Appai Educar O papel das soft skills na formação dos estudantes do futuro Essas habilidades comportamentais, também conhecidas como so skills, são fundamentais na formação dos estudantes do futuro. Isso porque complementam as habilidades técnicas e preparam os jovens para lidar com os desafios de ummundo em constante transformação. “No mercado de trabalho e na vida cotidiana, competências como comunicação, empatia, adaptabilidade, criatividade e inteligência emocional são tão importantes quanto o conhecimento técnico, especialmente em um contexto de crescente automação e globalização”, aponta Audrey. A especialista sugere que para desenvolvê-las a escola precisa privilegiar trabalhos em grupo e projetos interdisciplinares que incentivem a colaboração, a comunicação e a liderança, impactando também a formação de cidadãos completos, capazes de contribuir de maneira significativa para a sociedade e de prosperar em um futuro incerto. “A pessoa que tiver as so s skills mais refinadas terá em seu currículo um diferencial. Quando ela for chamada para uma entrevista, essas habilidades a colocarão à frente dos demais candidatos e concorrentes a uma vaga de emprego, por exemplo. São a cereja do bolo da formação do profissional: saber conviver, respeitar e liderar é o que faz a diferença”, explica.

Revista Appai Educar Mudanças no currículo e educação mais inclusiva Não podemos falar de educação sem falar sobre inclusão e planos educacionais individualizados. Christine Lourenço acredita que em 2025 essa questão ganhe ainda mais força com a crescente de diagnósticos de necessidades educacionais não convencionais. “Práticas como planos educacionais individualizados (PEIs) e atividades personalizadas para alunos superdotados ou com altas habilidades mostram um compromisso com a equidade. Além disso, treinamentos contínuos para os professores são algo fundamental para garantir o ensino de excelência em diferentes cenários e a integração de todos os alunos”, destaca.

Revista Appai Educar Para Fatima Lopes, o currículo da educação precisa evoluir para incluir cada vez mais conteúdos que reflitam a diversidade cultural, étnica e social, para que os alunos se reconheçam nos materiais e desenvolvam empatia e respeito pelas diferenças. “É preciso ainda incentivar o aprendizado de idiomas estrangeiros e o entendimento de diferentes culturas, o pensamento crítico, a colaboração e a criatividade. Outros temas que precisam de reforço são: sustentabilidade, direitos humanos, cidadania digital, resolução de conflitos, uso estratégico de tecnologias, integração de metodologias Steam (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática)”, exemplifica. A diretora acredita que a educação será cada vez mais acessível e inclusiva, independentemente da localização geográfica e status socioeconômico. “Há ummovimento já de algum tempo de valorização da diversidade de pessoas e ideias, tornando a escola um ambiente de empatia e harmonia, adaptando à educação às necessidades diferentes de cada aluno. Muitas escolas, inclusive a nossa, estão implementando práticas pedagógicas que valorizam a diversidade e promovem a equidade, oferecendo suporte individualizado. Além disso, a tecnologia está proporcionando uma transformação significativa, com as ferramentas digitais e plataformas de ensino remoto permitindo o acesso a novos conteúdos e formatos que podem enriquecer o aprendizado do aluno, independentemente de onde estejam”, destaca Fatima.

Revista Appai Educar O futuro da educação é logo ali! São inúmeros os desafios a serem enfrentados, questionamentos a serem respondidos e áreas que necessitam de melhorias para promover um avanço significativo. Para enfrentar os desafios globais do futuro, a diretora acredita que os jovens precisarão assumir uma postura curiosa e questionadora, além de mostrar maior flexibilidade e habilidade na resolução de problemas. “Nesse sentido, é fundamental que as escolas proporcionem aos alunos oportunidades de aprendizagem que ampliem seu repertório acadêmico, pessoal e cultural, contemplando a diversidade e a singularidade de cada indivíduo”, afirma Fatima. Fotos: Banco de imagens gratuitas do Pexels. Com tantas mudanças e avanços previstos, o futuro da educação básica caminha para ser mais personalizado, tecnológico, dinâmico e alinhado às necessidades de uma sociedade em constante transformação. “Ao adotar inovações tecnológicas, metodologias personalizadas e um foco crescente no bem-estar e no aprendizado contínuo, as escolas têm a oportunidade de formar cidadãos mais preparados, resilientes e conscientes de seu papel no mundo. A jornada de 2025 promete ser um marco na construção de uma educação mais humanizada e conectada aos desafios do século XXI”, finaliza Christine.

Revista Appai Educar FORMAÇÃO ÉTICA E CIDADÃ Projeto leva alunos a umpatamar de excelência na busca por uma educação equitativa LÍNGUA PORTUGUESA E LETRAMENTO DE LÍNGUA PORTUGUESA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar Em um cenário educacional desafiador, no qual o engajamento dos estudantes e o fortalecimento de valores essenciais são cada vez mais necessários, iniciativas que aliam práticas pedagógicas inovadoras à formação ética e cidadã se destacam. É o caso do projeto Diversidade, inclusão e respeito: o caminho para uma educação equitativa, cuja proposta passa por criar estratégias para sensibilizar os alunos sobre o respeito às diferenças, enquanto transforma a escola em um ambiente mais acolhedor e atraente, promovendo práticas significativas de letramento por meio de múltiplos gêneros textuais.

Revista Appai Educar Respeito às diferenças Idealizado pela professora Adriana Maria, que ministra aulas em turmas do Ensino Fundamental (601, 901 e 902) nas disciplinas de Língua Portuguesa e Letramento de Língua Portuguesa, do Ciep 335 Joaquim de Freitas — Escola E>TEC: Escola de Novas Tecnologias e Oportunidades, emQueimados, na Baixada Fluminense, estado do Rio de Janeiro, o projeto visa a promoção de atividades pedagógicas consolidadas e atreladas aos temas que inspirem e considerem a tolerância. “Somos estimulados a promover uma educação para todos, que leve em conta principalmente o respeito às diferenças, as especificidades de cada aluno e suas potencialidades”, ressalta.

Revista Appai Educar O projeto tem feito a diferença entre os educandos, sobretudo nos anos finais do Ensino Fundamental, por estar sendo uma ponte prática para uma reflexão crítica sobre temas tão presentes no dia a dia dos estudantes da comunidade escolar. Na avaliação de Adriana, o universo da sala de aula conta com a multiculturalidade e um alunado diverso, em que cabe aos docentes considerarem também o contexto social e cultural dessa comunidade escolar. “Com isso, a proposta do projeto visa oportunizar aos alunos uma reflexão crítica mediante o estudo dos valores olímpicos (igualdade, equidade, justiça, respeito pelas pessoas, racionalidade, compreensão, autonomia e excelência) aproveitando a grande festa que foi assistir aos jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris em 2024. Atividades pedagógicas Conforme destaca, o projeto contou com diversas atividades pedagógicas lúdicas implementadas a partir nas disciplinas de Língua Portuguesa e Letramento de Língua Portuguesa na turma 601 e leitura de diversos gêneros textuais nas turmas 901 e 902. Segundo a professora, durante as aulas do primeiro semestre de 2024, os alunos foram convidados a participar de diversas atividades pedagógicas atreladas às competições. “Um diferencial que levou em consideração a perspectiva de Educação Especial e Inclusiva que prevê uma escola para todos, respeitando as especificidades de cada aluno e promovendo uma educação emancipatória, protagonista e com equidade. Adriana garante que, nesse contexto, as atividades pedagógicas oferecidas para as turmas envolvidas foram elaboradas com ludicidade mediante o uso de textos norteadores para promover uma reflexão crítica sobre o respeito à diversidade; o conhecimento sobre as deficiências, dentre elas a visual; a origem dos jogos Olímpicos e Paralímpicos e os valores relacionados a essas competições.

Revista Appai Educar Como parte do desenvolvimento prático do projeto, os alunos da turma 601 participaram da Gincana Olímpica, uma iniciativa voltada para promover o florescimento de habilidades psicomotoras, linguísticas, sociais e comportamentais por meio de atividades lúdicas. Entre as brincadeiras realizadas estavam o campeonato de dominó, bambolê, jogo do equilíbrio, Genius e a produção de palavras-cruzadas, entre outras. A proposta buscou integrar diversão e aprendizado, incentivando a interação e o crescimento integral dos estudantes. Alunos participaram da Gincana Olímpica Visita a ex-atletas paralímpicos Cabe ressaltar, relembra a educadora, que nessa etapa foi possível contar com a participação, o apoio e o suporte da professora do Atendimento Educacional Individualizado (AEE) Bianca Trindade, que também esteve presente na aula-passeio na Urece Esporte e Cultura, onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer ex-desportistas paralímpicos. O grupo foi recebido pelo atleta e presidente Anderson Dias para uma experiência incrível. Ummomento único de aprendizagem além dos muros da escola sobre diversidade, inclusão e respeito às diferenças. Foram agraciados pelo presidente da Urece commedalhas no fim do evento. Para a aluna Débora de Souza Paulo, da turma 901, conhecer e participar de uma partida na Urece foi uma experiência incrível! “O ambiente era cheio de energia, com jogadores animados e prontos para se divertir. Assim que cheguei ao campo, já podia sentir o clima de amizade e competição saudável. O jogo começou e eu fiquei impressionada com a dinâmica. As equipes se movimentavam rapidamente, utilizando estratégias

Revista Appai Educar Ciep 335 Joaquimde Freitas – Escola E>TEC: Escola de Novas Tecnologias Rua Nélio Chambarelli, s/nº – Jardim São Miguel – Queimados/RJ CEP: 26311-040 Tels.: (21) 99497-4984 / (21) 980755360 / (21) 3698-3328 E-mail: cieppjf335@gmail.com *Adriana da SilvaMaria Pereira é Doutoranda no Programa de Pós-Graduação emEducação – Faculdade de Educação/Uerj; Mestre em Educação Inclusiva pelaUnesp, comgraduação emLetras, Ciências Sociais e Pedagogia. Atua como docente nos ensinos Fundamental, Médio e Profissionalizante e como tutora/ mediadora emcursos de capacitação/aperfeiçoamento na área da Educação Especial e Inclusiva na Fundação Cecierj no estado do Rio de Janeiro. Os estudantes foram agraciados com medalhas no fim do evento de jogos da Urece para avançar com a bola e marcar pontos. A mistura de força e agilidade era evidente, e cada jogada exigia trabalho em equipe. Além da adrenalina do jogo, a Urece também promoveu um ótimo espírito de união entre todos os participantes. Mesmo os que estavam começando aprenderam rapidamente e se divertiram muito. Foi uma experiência incrível, que não só proporcionou uma boa dose de exercício físico, mas também fortaleceu laços de amizade”, relata encantada a aluna. Em seu depoimento, a aluna Lívia Soares Bento, da turma 902, conta que foi um dia super agradável onde aprendemos muito com o projeto Urece, com seus atletas paralímpicos. “Que, além de super habilidosos, eram alegres e receptivos. Foi uma experiência única, pois conhecemos pessoas que, mesmo com suas deficiências físicas, provaram para nós que são capazes de conquistar o que quiserem apesar das suas limitações. Como aprendi neste dia... Descobri que, na vida, foco e determinação são essenciais para alcançarmos nossos objetivos. Parabéns a todos os envolvidos e principalmente a nossa professora Adriana, que sempre incentiva a irmos além. Que venham outros passeios!”, reforça.

Revista Appai Educar PRÁTICA DE ESCRITA: ATIVIDADES PARA PENSAR E ESCREVER OPINIÃO POR SÉRGIO SIMKA E CIDA SIMKA* A escrita sempre foi e sempre será fator essencial na existência de qualquer ser humano. Ela representa a porta de entrada de oportunidades para que se viva mais dignamente, e a de saída de pessoas conscientes da transformação que ela proporciona, seja no aspecto intelectual, pessoal, profissional ou social, além de ser facilitadora para se conviver melhor em sociedade. E não há como dissociar a escrita da leitura, recurso igualmente primordial para o despertar do pensamento crítico, possibilitando ao cidadão exercer a sua capacidade de analisar e refletir sobre os mais diversos assuntos e, assim, adquirir autonomia para a tomada de decisões e o protagonismo do próprio existir. É na escola que o aluno tem, geralmente, o primeiro contato com a escrita e com a leitura. Daí a importância do trabalho do professor, que pode contribuir para o aumento da autoestima textual do estudante, ao proporcionar-lhe atividades de escrita que, ancoradas em uma visão fraterna, resultarão no aperfeiçoamento de sua vida do ponto de vista humano, com clara melhoria na dimensão discursivo-textual, pois ele passará a acreditar em si mesmo e em seu potencial para redigir textos. Não obstante as iniciativas bem- -sucedidas por parte de professores e os avanços percebidos, ainda persistem os calafrios no quadro ensino- -aprendizagem, quando o aluno precisa fazer uma redação, ou mesmo fora dele, ao preencher uma ficha de emprego, para justificar o porquê de ser merecedor de determinada vaga. Essa insegurança, ou medo, decorre das aulas nas quais a produção de texto é vista como um produto, em que o aluno se sente intimado a escrever um conteúdo, a ser entregue ao final dos 45 ou 50 minutos de aula, sem que ele domine a sequência de um texto ou possua conhecimento que o habilite a escrever algo de forma segura. Agindo-se dessa forma não há como se indignar diante do fato de que um em cada dez brasileiros com 15 anos ou mais não sabe ler e es-

Revista Appai Educar crever, conforme a pesquisa do Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf Brasil), realizada em 2018. Nem se abalar com a informação de que 95.788 estudantes zeraram a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2021, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2022), com 43.391 redações entregues em branco. Mas há esperança de mudar essa realidade? Sempre. Nós, os professores, não devemos desistir jamais. No intuito de contribuir com nossos colegas de sala de aula, sugerimos três atividades para despertar o interesse do aluno pela escrita, lembrando que, no início desse processo, é indispensável mostrar a ele que, para ser escritor, é necessário ser um exímio observador do cotidiano. Enxergar o que os comuns não veem. Enxergar aquela rosa no meio do asfalto, o azul onde há apenas amarelo, a solidão onde há pessoas passando, ouvir o som do silêncio, o som do seu choro [...]. VAMOS ÀS ATIVIDADES 1. Olhos de positividade Essa atividade ajudará a despertar no aluno o senso de observação, auxiliando-o a dar aos acontecimentos o significado que desejar, mas exigirá do mestre muita dedicação, já que terá de devolvê-la ao discente com as suas considerações, elogiando sempre a iniciativa. Peça que escreva, diariamente, durante 15 dias, a respeito de situações com as quais se depara na escola, no lar, com amigos etc. Exemplo: . Situação: No dia 10 de abril, presenciei uma briga de trânsito quando me dirigia à escola. . Aprendizado: Devemos praticar a paciência quando dirigimos, a fim de evitar confusões, e, acima de tudo, cumprir as leis de trânsito. O exercício poderá ser repetido sempre que o professor achar necessário retomar a atividade de observação, instrumento valioso para o olhar diferenciado do escritor que estará surgindo. O ideal é que, com o passar do tempo, ele aprenda a não ser tão sucinto nas palavras, conforme o exemplo acima. 2. Criatividade Além de o professor procurar, constantemente, escritores, precisa estimular a criatividade e a autoestima de seu aluno, enxergando-o como um ser humano único.

Revista Appai Educar Peça que imagine, em um cenário futuro, que terá feito algo tão extraordinário, alguma coisa absolutamente inusitada, que aparecerá em todas as emissoras de televisão e nos telejornais. Solicite que escreva os fatos. Faça-o entender que sua história vale muito mais do que uma nota. 3. Autoestima textual Independentemente de qual seja a metodologia, para que o processo de ensino-aprendizagem tenha êxito, necessário se faz que ela contribua para a mudança interior do aluno e o desenvolvimento de suas potencialidades, sendo a autoestima textual uma delas. Ele escreverá tão somente quando acreditar que é capaz. E praticando. Peça para que faça o seguinte exercício: Idealizar uma casa abandonada, que as más línguas dizem ser mal- -assombrada. Como não acredita em fantasmas e é superdestemido, quase um Batman, resolve explorá- -la para depois contar, por escrito, a sua história. Incentive-o a imaginar- -se parado em frente à porta, após ter entrado pelo portão de ferro enferrujado, andado pelo jardim, com mato até o joelho. Ao abrir a porta, que não estava trancada, e antes de dar o primeiro passo, ouve um barulho vindo do interior da residência e... E, a partir daí, deverá imaginar: O que aconteceu? Que barulho era aquele? Que vozes eram aquelas? Vozes? Sim, para incrementar a história poderá contar que, além do barulho, escutou vozes. Sugerir roteiros é uma boa iniciativa para despertar a criatividade do aluno, até que ele adquira autonomia para caminhar sozinho. O professor, ao adotar uma postura que incentive a escrita, ajudará a libertar o escritor que existe em cada um de seus alunos, e eles, por sua vez, reproduzirão essa ação com todos a sua volta. *Cida Simka é professora e escritora. Sérgio Simka é Mestre e Doutor em Língua Portuguesa. São autores dos livros “O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática” e “Prática de escrita: atividades para pensar e escrever”

Revista Appai Educar Professor, quer ver seu projeto pedagógico publicado na Revista Appai Educar? Envie um e-mail para redacao@appai.org.br e nos conte sua metodologia. Estamos ansiosos pelo seu material! Clique aqui e envie

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