REVISTA APPAI EDUCAR - EDIÇÃO 169

SAÚDEEMOCIONAL NASESCOLAS Promoverobem-estarpsicológicoéfundamental paraumaprendizadodequalidadeeinclusivo Ano27-169-2024-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA-DISTRIBUIÇÃOGRATUITA

Revista Appai Educar Conselho Editorial Julio Cesar da Costa Ednaldo Carvalho Silva Andréa Schoch Jornalista Editora Antônia Lúcia Figueiredo (M.T. RJ 22685JP) Assistente de Editorial Jéssica Almeida Designer Yasmin Gundim Revisão Sandro Gomes Professores, enviemseus projetos para a redação da Revista Appai Educar: End.: Rua Senador Dantas, 117/229 2º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ. CEP: 20031-911 E-mail: jornaleducar@appai.org.br redacao@appai.org.br www.appai.org.br EXPE DIEN TE

Revista Appai Educar LÍNGUA PORTUGUESA POR SANDRO GOMES* ESQUECER, UMA VÍRGULA: SEMPRE É TEMPO DE VOLTAR A ESSA QUESTÃO Nessa edição vamos atender aos comentários de vários leitores que apresentamdúvida com relação ao uso de vírgulas. Aqui vamos listar vários casos que vão facilitar a sua vida na hora de escrever. Você não deve esquecer a vírgula: – antes e depois de termos intercalados na oração. Celebre a vida, isto é, sejamoderado. – emcaso de elipse do verbo. Algumas pessoas precisamde sossego, outras (pessoas), de agito. – paramarcar termos coordenados. Esteja atento, forte, vigilante, ativo!

Revista Appai Educar – quando usar aposto. Paris,aCidade-luz, sediouasolimpíadas. – emcaso de predicativo no início ou nomeio da frase. Odoutor, atencioso, escreveu a receita. Atencioso, o doutor escreveu a receita. Obs.: Se o predicativo estiver no final da frase a vírgula não deve ser usada. Veja: O doutor escreveu a receita atencioso. Você pode usar ou não a vírgula: – depois de adjuntos adverbiais que não sejam longos. Antes, nós agíamos commais rigor. Antes nós agíamos commais rigor. – Antes de orações adverbiais. Eu te dou uma ajuda se você quiser. Eu te dou uma ajuda, se você quiser. – Se o sujeito for uma oração. Quemama perdoa. Quemama, perdoa. Você jamais deve usar a vírgula: – entre o verbo e o seu complemento. Certo: Eu penso que amar é um dom. Errado: Eu penso, que amar é umdom. – entre o sujeito e o predicado. Certo: Gente elegante evita certos hábitos. Errado: Gente elegante, evita certos hábitos. – antes de “e” emorações conjugadas comoutras com sujeitos diferentes. A chuva começou a cair, e o vento agitou as árvores. Obs.: Quando as duas orações tiveremomesmo sujeito, a vírgula não deve ser usada. Acompanhe. A chuva começou a cair e provocou medo nos moradores. É claro que o uso da vírgula é umassuntomuito vasto, de forma que seria inviável abarcar todos os casos possíveis, até porque emmuitos momentos o uso ou não depende do contexto. Mas aí já temos umbomnúmero de situações que vão ajudar você a decidir. Até a próxima, pessoal! *Sandro Gomes é graduado em Língua Portuguesa, Literaturas brasileira, portuguesa e africana de língua portuguesa, redator e revisor da Revista Appai Educar, escritor e Mestre emLiteratura

Revista Appai Educar EDUCAR SEM LIKES E VIVER NO ESPORTE OPINIÃO POR TIAGO AQUINO * Trago inicialmente inspirações da obra “O Brincar e a Natureza” de Giselle Frufrek: “As crianças cresciam ouvindo o canto dos pássaros, assistiam ao entardecer pintar o céu multicor. Os caminhos no meio da mata e os sons da natureza povoavam a imaginação das crianças. Brincavam livremente, construíam seus brinquedos com elementos que encontravam completamente disponíveis em seu entorno. Suas vidas cresciam profundamente enredadas ao universo natural”. Essas considerações não são frequentes no dia a dia das crianças e preocupam os pais e educadores quando há uma reflexão sobre as questões sociais, motoras e psíquicas. Os estudos sobre os malefícios e a promoção da tecnologia, em excesso, pelas crianças são inúmeros. Estamos ou não, em evolução?

Revista Appai Educar Consideraremos a tecnologia como uma aliada da pesquisa, instrumento de acessibilidade ao conhecimento e que, se utilizada de forma harmônica, seguirá contribuindo nesta evolução. Sabemos que o tempo que as crianças têm permanecido conectadas através das tecnologias, jogos eletrônicos em geral, entre outros, em excesso, é desequilibrador em seu desenvolvimento. As escolas e o brincar podem ser espaços saudáveis para o desenvolvimento da criança brincando. Nas atividades com jogos e brincadeiras o que vale é o prazer, a alegria é o desafio do momento e, na perspectiva das crianças, não se joga para ficar mais inteligente, mas porque é divertido e desafiador. O esporte escolar aparece também como ação potencial no desenvolvimento da criança nas escolas. O objetivo principal é a influência positiva na adesão à prática da atividade física regular na vida adulta. Portanto, é fundamental desenvolver as capacidades físicas e habilidades motoras desde a tenra idade, para facilitar o jovem adulto e o adulto na prática da atividade física regular. Você acredita que seja essencial ser ativo na fase adulta? Pois bem, o incentivo acontece na escola. Os programas esportivos ajudam a criança no combate ao sedentarismo e à obesidade infantil. Segundo Mário Pozzi em seu livro “Biologia do exercício na infância”, um programa de excelência com foco emmovimento e saúde é estabelecido por quatro fatores: uma educação física de qualidade como a base; atividade física antes, durante e após o período escolar; envolvimento de todos os professores e funcionários na promoção da atividade física; e o envolvimento da família e da comunidade. Então não privilegiar a educação física escolar e o esporte escolar tem impactos significativos na família e no futuro da criança. Atenção, professores! Vamos brincar! *Tiago Aquino é consultor da Rent a Pro e especialista em Educação Física Escolar.

Revista Appai Educar UM SOM ALÉM DAS SALAS DE AULA Projeto canta e encanta promovendo inclusão e autoestima TEMA TRANSVERSAL POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar Diz a sabedoria popular que quem canta seus males espanta, e que a música prepara o ambiente em um sinal de favorecimento daquilo que está por vir. No Colégio Estadual Desembargador Ferreira Pinto, coordenado pelos diretores Tiago Costa e Cecília Azevedo, existe um projeto fixo em que membros da comunidade escolar se reúnem para cantar e tocar músicas variadas, de gosto popular, com o objetivo de estimular o interesse musical, desenvolver o senso de cooperação, inclusão e trabalhar a autoestima dos participantes. Idealizado pelo professor Tiago Costa, também diretor da unidade, o projeto Educasom é realizado entre todas as turmas do Fundamental II e do Ensino Médio. De acordo com o docente, entre os resultados esperados, destacam-se a motivação de ampliar o repertório musical de cada integrante do projeto, bem como a valorização do trabalho coletivo através dos ensaios em conjunto para praticar, além de estimular a progressão musical, tudo resultando em apresentações em eventos pedagógicos da escola e de outras unidades da rede.

Revista Appai Educar Por ser uma linguagem altamente pertencente ao universo das pessoas, todas as disciplinas abordam o tema dentro de seus conteúdos, mas sempre com apelo maior para linguagens – leitura, pronúncia, prosódia – e ciências humanas no contexto histórico/social/psicológico de cada letra cantada. “O projeto foi uma surpresa linda! Fiquei todo animado quando me falaram sobre ele. Foi através dele que pude fazer alguns dos amigos que tenho e me apaixonar ainda mais pelo Ferreira Pinto”, pontua Pedro Henrique Graciano, o Pê Agraci – aluno do 3° ano do Ensino Médio, baixista e guitarrista do Educasom. Ensaios e apresentações Dentro dessa atmosfera musical, várias atividades já foram desenvolvidas, relata Tiago. “Geralmente os nossos ensaios são quinzenais, podendo ocorrer esporadicamente em semanas seguidas. Em relação às apresentações, em novembro de 2022, realizamos o lançamento oficial do projeto Educasom na Feira Cultural do CEDFP, com apresentação de repertório de música brasileira. Para a Professora Diretora Cecília Azevedo, vocalista e coordenadora do projeto Educasom, participar dessa atividade é uma experiência única. Ela destaca que a iniciativa de reunir a comunidade escolar através da arte tem sido extremamente gratificante: “A música é essencial no ambiente escolar, revelando talentos, promovendo interação social, auxiliando na aprendizagem e conectando as novas gerações com o legado cultural, tanto nacional quanto internacional. É emocionante ver o Educasom cumprindo esse papel e trazendo tanta alegria a todos. Desejo vida longa ao projeto e que outras escolas também possam usar a música para promover conhecimento e desenvolvimento de forma abrangente, afetiva e social”, afirma a diretora.

Revista Appai Educar Ao longo do ano letivo várias apresentações estiveram presentes no calendário escolar, fosse nos intervalos/recreios, nas entradas e saídas de turno, e especificamente em 2023, nos sábados letivos de reposição da greve. As datas importantes, não somente para a comunidade escolar, bem como para toda a sociedade, como, por exemplo, festa junina, Halloween, feiras culturais, Setembro Amarelo, Dia da Consciência Negra, Dia da Conscientização pela Luta da Pessoa com Deficiência e Formatura do Ensino Médio, foram embaladas pelo repertório acústico musical do projeto Educasom. Educasom em seu primeiro ensaio

Revista Appai Educar Ambiente inspirador Para a Professora Diretora Cecília Azevedo, vocalista e coordenadora do projeto Educasom, a experiência é única. Ela ressalta que reunir a comunidade escolar através da arte é extremamente gratificante: “A música revela talentos, promove interação, apoia a aprendizagem e conecta as novas gerações com o legado cultural. É emocionante ver o projeto cumprir esse papel e trazer tanta alegria. Desejo vida longa a ele e que outras escolas também explorem essas atividades para promover conhecimento e desenvolvimento de forma abrangente e afetiva”, enaltece a diretora. Educasom - primeira apresentação

Revista Appai Educar No final de 2023, como parte dos trabalhos de encerramento, o Educasom participou de um ensaio especial em um estúdio profissional de produção musical em São Gonçalo. Nesse ambiente inspirador, os participantes tiveram a oportunidade de gravar as canções mais tocadas ao longo do projeto, vivenciando o universo da produção musical. Durante a experiência, eles aprenderam sobre a divisão de vozes e instrumentos em uma gravação, e, o mais importante, se divertiram fazendo o que amam e dominam! Um relato apaixonado vem de Júlia Joaquim, aluna do 7° ano e vocalista do Educasom, e seu pai, Alexandre Pinto, conhecido como Xandinho Ilha. “Eu entrei no projeto para incentivar minha filha e acabei me apaixonando”, diz ele emocionado. Júlia complementa: “Sempre gostei de cantar, mas a vergonha me impedia. Meu pai sugeriu que entrássemos juntos, e a primeira experiência foi ótima. A vergonha passou, e hoje não me vejo fora desse projeto”, revela. Sobe o som do pertencimento Outros alunos também apontaram o seu orgulho pelo que o projeto promove e proporciona. “O Educasom é uma ótima maneira de expressar meus sentimentos, seja alegria, raiva ou tristeza. Muitas vezes, não conseguimos falar o que sentimos, seja por insegurança ou por não querer descontar em alguém. Encontrar uma forma de expressão faz a alma vibrar de alegria e me ajuda a evoluir como pessoa”, afirma Rute Alves, aluna do 9° ano, vocalista. Educasom - Estúdio de Gravação e Produção Zeus

Revista Appai Educar Já Victoria Marques, do 2° ano do Ensino Médio, garante que o projeto libera muita energia positiva. “Antes, eu achava dias nublados tristes e cansativos, mas foi em um desses momentos que nasceu o Educasom. Um som e vários resultados positivos Quando se trata de resultados, o tom sobe e fica notória uma forte integração entre alunos de diferentes segmentos e membros da comunidade escolar, aumentando a autoestima de cada participante, inclusive a de Tiago, que estuda violão desde os 12 anos, tocando em bandas, igrejas, bares e em festas de família. Com o tempo, e com a faculdade e minha carreira de professor, meu contato com o violão diminuiu. “E a minha forma de manter esse vínculo foi trazê-lo para as escolas onde trabalho, cantando com os estudantes”, comemora o professor que em 2022 conseguiu reunir colegas para tocar e cantar no pátio para mais de duzentos alunos. Com isso, entendi que as melhores surpresas da vida surgem de onde menos esperamos. O projeto é como um dia ensolarado para nós, alunos e professores, trazendo arte, sonhos e renovação”, ressalta. Educasom - Teatro Municipal de São Gonçalo

Revista Appai Educar Desde então, afirma o diretor, que o projeto cresceu e ultrapassou os muros da escola. “Houve também o desenvolvimento de um olhar mais crítico em relação às letras das músicas interpretadas. Além disso, a iniciativa possibilitou uma valiosa troca de experiências entre músicos mais e menos experientes, oferecendo a oportunidade de conhecer as obras de artistas de variados gêneros musicais e incentivando cada integrante a expandir seu repertório e sair da ‘bolha musical’. Cada segundo valeu a pena. Viva a música!”, comemora o Professor Tiago Costa, guitarrista, vocalista, idealizador e coordenador do Educasom. Colégio Estadual Desembargador Ferreira Pinto RuaNestorPintoAlves, s/n–BairroVilaTrês–SãoGonçalo/RJ Tel.: (21) 3708-2834 E-mail: cedesembargadorferreirapinto@educacao.rj.gov.br Instagram: @fepinto_ / @educasom.fepinto_

Revista Appai Educar 30 ANOS DE MEMÓRIAS Projeto cria e-books e faz um resgate histórico e visual do Ciep Brizolão 156 Dr. Albert Sabin EDUCAÇÃO MIDIÁTICA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar O Ciep Brizolão 156 Dr. Albert Sabin, localizado em Seropédica, celebra seu 30º aniversário de uma forma especial: por meio de dois volumes digitais repletos de fotografias que documentam a trajetória da escola e de sua comunidade ao longo de três décadas. Idealizado pelo professor Erivelto Reis, o projeto busca resgatar memórias e celebrar a identidade da escola, promovendo ummaterial acessível e inovador que une tecnologia, história e arte. A ideia começou a ser viabilizada através da cooperação de várias áreas do conhecimento. Com o apoio das disciplinas de Linguagens Aplicadas às Tecnologias e Tecnologia, Inovação e Ambiente, o professor Erivelto Reis conduziu os estudantes do Ensino Médio em um processo criativo e colaborativo, utilizando recursos de captação e edição de imagens. O objetivo foi produzir um e-book visual que não só registrasse a trajetória do Ciep, mas também estimulasse o senso de pertencimento e identidade nos alunos. “A ideia era criar ummaterial que fosse mais do que uma simples celebração. Queríamos uma homenagem que unisse o passado e o presente da escola, destacando a importância de cada pessoa que fez e faz parte dessa história”, explica o professor idealizador da atividade.

Revista Appai Educar Engajamento e criatividade A princípio, explica o professor que seria apenas uma publicação, mas, como decorrer das pesquisas e desdobramento das atividades práticas, logo chegou-se à conclusão de que seriamnecessários dois volumes do e-book. Cuidadosamentemontados para apresentar a evolução da escola, desde sua fundação até o presente, os volumes 1 e 2 capturaramatravés das fotografias e conteúdos os momentos marcantes da instituição e de sua comunidade, construindo uma narrativa visual da unidade escolar e de sua relevância para todos os envolvidos. Na esteira prática, os estudantes puderam vivenciar todas as etapas do projeto de maneira efetiva e criativa através das oficinas, aulas de imersão e das atividades de produção visual. Ainda na parte prática, as turmas do segundo ano criarammateriais digitais, como fotos que deram origem aos e-books e um clipe com imagens do Ciep, enquanto os alunos do primeiro ano desenvolveram cartazes com colagens e outras tarefas que ajudaram na composição final.

Revista Appai Educar A fim de que todo o trabalho tivesse uma base sólida de pesquisa, durante as aulas os alunos também assistiram a filmes e documentários sobre a história da fotografia, arquitetura urbana e grafite, ampliando sua visão sobre o uso da tecnologia na arte. “Foi emocionante ver os estudantes engajados e criativos. A cada clique, eles descobriam uma nova forma de ver o mundo ao seu redor e de expressar suas próprias histórias”, diz Luciane Viana de Oliveira, uma das primeiras professoras do Ciep. “Essa experiência fortaleceu o vínculo dos alunos com a escola e mostrou o poder da imagem como ferramenta de expressão”. Volume 1: Raízes e Fundamentos De acordo com a equipe pedagógica, o primeiro volume foi desenvolvido pelas turmas do segundo ano do Ensino Médio, mais especificamente a 2.001 e a 2.003. O trabalho começou com a captação de imagens históricas e fotos contemporâneas que representam a trajetória da escola desde sua fundação. Os alunos, orientados pelo professor Erivelto, participaram de oficinas de fotografia, onde aprenderam sobre conceitos básicos de composição, iluminação e edição. “A ideia era capturar a essência do que foi o Ciep nos primeiros anos e conectar com o que ele é hoje. Então, reunimos fotos antigas do arquivo e combinamos com novas imagens captadas pelos alunos, criando um contraste visual entre passado e presente,” pontua o professor. Além disso, o primeiro volume incluiu depoimentos e testemunhos de antigos alunos e professores, complementando as fotos com histórias e reflexões sobre o que a instituição representou para cada um deles. Esse volume foi finalizado ao longo de várias semanas de aulas práticas, com o professor guiando os alunos em cada etapa de edição, resultando em um e-book que celebra as raízes e o desenvolvimento inicial da escola.

Revista Appai Educar Volume 2: Presente e Projeções Futuras Já o segundo volume focou no presente da escola e nas novas gerações. Produzido pelas classes do primeiro ano e pela turma 2.002, esse volume inclui imagens captadas mais recentemente e registros das atividades escolares atuais. Em uma ação colaborativa, os alunos criaram cartazes e colagens, conectando a arte visual com os temas de identidade e pertencimento. Segundo os envolvidos, cada imagem deste volume reflete não apenas os alunos e professores que atualmente fazem parte da escola, mas também o ambiente e a arquitetura que evoluíram ao longo dos anos. Os alunos exploraram o Ciep com um olhar contemporâneo, buscando retratar como a escola se tornou um lugar de acolhimento e transformação. De acordo com a professora Luciane Viana de Oliveira, este volume também conta com depoimentos mais recentes, incluindo falas de alunos atuais que descrevem o que a escola significa para eles hoje. Durante o processo de produção, houve oficinas sobre o uso de tecnologia e mídia digital, proporcionando aos alunos a oportunidade de aprender sobre edição de imagem e design. Esse aprendizado resultou em um material final que equilibra a tradição do Ciep com a inovação, oferecendo uma visão do presente e perspectivas sobre o futuro da escola.

Revista Appai Educar Impacto e resultados alcançados Mais que registrar a memória da escola, o projeto fomentou o desenvolvimento de habilidades tecnológicas e artísticas nos alunos. “O uso de programas de edição e de fotografia despertou o interesse dos jovens pela tecnologia e proporcionou uma compreensão mais profunda da fotografia como linguagem artística e de preservação histórica. Agora, mais do que nunca, percebemos que as inovações podem ser usadas de maneira significativa na educação,” ressalta Erivelto Reis, enfatizando que, através desses e-books, os alunos exploraram temas como identidade e história, aprendendo a ver a escola como parte de sua própria trajetória. Os volumes dos e-books se tornaramuma homenagemvisual acessível e inovadora, repleta de imagens que dialogamcomo passado e reforçamo papel da escola na vida dos alunos. O projeto incentivou a autonomia, o protagonismo e o respeito pelamemória coletiva, ressaltando a importância da educação na formação de cidadãos críticos e conscientes.

Revista Appai Educar Uma comunidade reunida em um clique Para marcar o lançamento dos dois volumes dos e-books, foi realizado um evento que reuniu professores, alunos, ex-alunos, diretores e outros membros da comunidade escolar. Como parte da celebração, houve apresentação das fotografias e vídeos produzidos, trazendo à tona recordações emocionantes para muitos presentes. “Ao ver as imagens, senti como se estivesse viajando no tempo,” compartilha Daniele da Fonseca Vieira Muniz, diretora-geral do Ciep. “Essas fotos contam a história de nossa escola, de uma família que cresceu e evoluiu, que compartilhou momentos bons e difíceis”.

Revista Appai Educar Angela Bravin dos Santos, professora e colaboradora do projeto, também expressou seu orgulho ao ver os alunos como protagonistas dessa experiência de aprendizagem. “O mais importante foi perceber o brilho nos olhos deles. Eles não apenas aprenderam sobre fotografia, mas também sobre o valor da história e do pertencimento”. A diretora Daniele acrescenta que o lançamento dos e-books foi uma ocasião muito especial para a comunidade escolar. “Foi uma maneira de reunir diferentes gerações e celebrar o impacto que o Ciep teve e continua a ter na vida de todos nós. Ver as fotos trouxe uma sensação de nostalgia e orgulho, especialmente ao revisitar momentos tão importantes da nossa história e reconhecer o legado deixado por alunos, professores e funcionários ao longo desses 30 anos. Cada imagem capturada, cada depoimento compartilhado, reforçam nosso compromisso com a educação e com a formação de cidadãos conscientes e comprometidos. Esses e-books são mais do que um registro; eles são uma homenagem à comunidade que construiu o Ciep e continua a mantê-lo vivo como um espaço de aprendizado e transformação,” conclui Daniele, emocionada. Ciep 156 Dr. Albert Sabin Antiga Rodovia Rio-São Paulo, km40 – DomBosco – Seropédica/RJ CEP: 23894-026 Tel.: (21) 3787-8854 E-mail: ciep156@educacao.rj.gov.br

Revista Appai Educar SAÚDE EMOCIONAL NAS ESCOLAS Promover o bem-estar psicológico é fundamental para umaprendizado de qualidade e inclusivo EDUCAÇÃO EMOCIONAL / MATÉRIA DE CAPA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar A promoção da saúde emocional nas escolas é um investimento no futuro dos nossos jovens. Ao criar ambientes acolhedores e seguros, oferecendo suporte emocional e desenvolvendo habilidades socioemocionais, as escolas contribuem para a formação de cidadãos mais felizes, saudáveis e preparados para enfrentar os desafios da vida. Esse olhar para com nossos jovens precisa ser a cada dia mais direcionado, uma vez que, a cada ano, mais e mais crianças brasileiras são diagnosticadas com transtornos como TDAH, autismo e ansiedade. No entanto, a maioria das escolas não está preparada para atender a essa diversidade. A falta de professores capacitados, recursos adequados e uma cultura inclusiva cria barreiras para o aprendizado desses alunos. Como garantir que todas as crianças tenham o direito de aprender e se desenvolver em um ambiente escolar acolhedor e desafiador?

Revista Appai Educar Educação emocional contribui para o bem-estar dos alunos Paty Fonte, consultora educacional, especialista em Pedagogia de Projetos e Educação Infantil, também autora de livros (entre eles, “Competências socioemocionais na escola” e “Práticas socioemocionais para dinamizar o ambiente escolar”, ambos pela WAK Editora), pontua como é possível contribuir para o bem-estar dos alunos, especialmente daqueles que enfrentam transtornos psicológicos como ansiedade, depressão e TDAH, além de deficiências físicas e intelectuais. Diante de tantas perguntas sobre o tema, a Revista Appai Educar reuniu três especialistas para oferecer insights, propor direcionamentos e colocar seus pontos de vista. A ideia é fortalecer a colaboração entre professores, famílias e comunidade, garantindo uma educação inclusiva de qualidade, equidade e bem-estar para todos os estudantes. Afinal, a educação inclusiva, sobretudo o papel da inteligência emocional no processo de ensino-aprendizagem, é uma responsabilidade de toda a sociedade.

Revista Appai Educar “Através da Educação Emocional, crianças e adolescentes aprendem a reconhecer, identificar, entender e gerenciar suas emoções. É um processo de autoconhecimento que inclui estratégias para lidar com emoções negativas. Assim sendo, os alunos se tornammais resilientes e menos propensos a desenvolver problemas de saúde mental. Agora, aqueles que já enfrentam transtornos psicológicos como ansiedade e depressão, ao conseguirem identificar os sinais, os gatilhos que agravam tais transtornos, devem buscar ajuda de forma mais rápida e assertiva. Além disso, as técnicas de relaxamento e mindfulness ensinadas na Educação Emocional ajudam a reduzir os sintomas”, completa.

Revista Appai Educar Paty Fonte ainda destaca que pessoas com TDAH que são educadas emocionalmente desenvolvem habilidades de autocontrole, organização e planejamento, o que contribui, consideravelmente, para ummelhor desempenho escolar e social. “A Educação Emocional promove maior compreensão e aceitação do grupo, de forma que os indivíduos com deficiências físicas e intelectuais desenvolvem habilidades como autoconfiança e autoestima mais elevada, o que os torna mais participativos”, atesta a especialista. Para Sheyla Baum, Professora de Educação Infantil e pós-graduada em Neuroaprendizagem e Psicomotricidade (autora das obras “Livro da vida – pensar, sentir e se emocionar” e coautora de “O cérebro que se comunica – diálogo entre a neurociência e as diversas ciências”, ambos pela WAK Editora), a educação emocional mostra-se de suma importância, uma vez que a escola é o lugar apropriado para qualquer aluno desenvolver suas habilidades e superar seus limites. “É um rico espaço que possibilita o aprendizado por meio da interação e do interesse. E a inteligência emocional e as competências socioemocionais podem contribuir grandemente para todos os envolvidos, seja alunos, professores e equipe de apoio”. Sheyla afirma também que ser afetivo é trabalhar com as qualidades, as emoções, os interesses e sonhos que temos. E aponta três dimensões afetivas no ambiente escolar que podem ser estimuladas.

Revista Appai Educar - Pessoal: desenvolvendo a autoestima do professor e dos alunos, revelando as raízes da motivação e do interesse. - Social: estabelecendo as relações com aqueles que estão no campo escolar e que podem tornar o ambiente estimulante para a aprendizagem. - Pedagógica: estimulando os vínculos do aprendente e do professor com o objeto do estudo, produzindo um diálogo que facilite no processo de aquisição do conhecimento, na troca de saberes docentes e discentes, na cumplicidade de fazer o percurso de forma prazerosa.

Revista Appai Educar Mediante as análises da professora, nossas emoções são poderosas em determinar como pensamos, agimos e reagimos em cada um dos momentos de nossa vida. Não podemos separar razão e emoção. “A emoção é, inclusive, parte integrante do processo do raciocínio e torna-se impossível dissociá-los. Sistema emocional e comportamento são inseparáveis, portanto as emoções, por si só, já são uma forma de comportamento”, assegura. Já para Priscila Romero (Especialista emOrientação Educacional e Pedagógica, Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e Educação Especial com Ênfase em Autismo, além de autora dos livros “Aluno TDAH – a pedagogia e a realidade do transtorno” e “Aluno com deficiência intelectual – conceitos, perspectivas e orientações pedagógicas”), a estima dos alunos na escola é um ponto crucial na importância da avaliação na educação emocional. “Muitos dos nossos alunos, independentemente de suas condições – um transtorno mental, uma deficiência ou uma questão emocional, social ou econômica que lhes causa prejuízos –, frequentam as escolas com uma autoestima muito baixa. Muitos outros fogem! São estudantes que necessitam compreender quem são, o que estão passando e como ‘emergir’ e ‘respirar’. É inconcebível olhar para um aluno e só conseguir enxergá-lo como um indivíduo que deve estudar, deve tirar boas notas, deve obedecer”, lamenta Priscila.

Revista Appai Educar Ainda segundo ela, a educação emocional estimula a reflexão, auxilia a compreensão do “hoje e agora” e, inevitavelmente, fortalece o elo entre aluno e aprendizagem. “Indivíduos que se conhecemmelhor, que compreendem o próximo e se coFlexibilizar currículos e metodologias nectam com seu ‘entorno’ são capazes de realizar escolhas sábias, optar por melhores amigos, ter maior tempo de concentração e melhor compreensão de conteúdos, dentre tantas outras situações”, destaca. Considerando a importância de flexibilizar currículos e metodologias para atender as necessidades individuais dos alunos com deficiência e transtornos emocionais, é primordial que se entenda como a educação emocional pode ser incorporada em salas de aula inclusivas, onde alunos com autismo ou outros transtornos podem ter necessidades diferenciadas. Na opinião de Paty Fonte, é necessário planejar e implementar projetos de educação socioemocional que atendam a realidade de cada instituição, quiçá, de cada turma. “Isso passa pela formação continuada de professores, os quais também necessitam de atenção e cuidado para que se sintam seguros e desenvolvam a própria educação emocional”.

Revista Appai Educar Outro ponto levantando pela Consultora Educacional foi o de se ter um ambiente propício, estruturado de forma segura e acolhedora onde todos se sintam confiantes e à vontade para expor seus sentimentos e emoções. “Parcerias com psicólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais da saúde também são fundamentais em um espaço educacional que visa oportunizar Educação Emocional e Socioemocional”, pontua. Ao falar sobre o tema, a professora Sheyla Baum defende uma abordagem educacional que valorize as emoções e as individualidades, visando promover o desenvolvimento integral de todos os alunos. Segundo ela, é preciso deixar claro que nosso processamento emocional é uma rede importantíssima para mobilizar nosso comportamento e tem estreitos vínculos nas funções mais corticais auxiliando-as de inúmeras formas. “A autorregulação emocional inclui reconhecer e gerenciar as suas próprias emoções, ter autoconfiança e autocontrole, controlar a impulsividade, o nervosismo, a agressividade e a euforia excessiva, saber o quanto seu estado emocional pode interferir nas suas tomadas de decisão, na realização de tarefas e no seu comportamento. Todos esses valores são de grande valia na vida pessoal e profissional”, afirma.

Revista Appai Educar Já na perspectiva de Priscila Romero, a educação emocional deve ser também considerada geradora de conteúdos importantes, dentro da escola. “E para trabalhar tais questões, os professores devem utilizar recursos de amplo alcance, pensando em nosso cotidiano tecnológico que invade nossas casas. A leitura de um bom livro é indispensável, sem dúvida, mas o professor (do presente) necessita alcançar a atenção de seus alunos, e acredito que consiga fazê-lo trazendo apontamentos, questões, exemplos por meio de vídeos curtos, podcasts, atividades dinâmicas com conteúdo pertinente ao que nossas crianças e adolescentes passam e/ou conhecem. É importante lembrar que devemos ouvir nossos alunos sem pensar em críticas e repreensões”, sugestiona a especialista em Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

Revista Appai Educar As diversas artes como ponte para o desenvolvimento socioemocional A busca por práticas eficazes para desenvolver as habilidades socioemocionais dos alunos é constante. No entanto, a diversidade de contextos escolares e as necessidades individuais dos estudantes exigem abordagens personalizadas, descartando a ideia de uma receita única. Paty Fonte concorda que as práticas são inúmeras, inclusive em um dos seus livros aponta várias dinâmicas, propostas de atividades e relata projetos que foram realizados com sucesso.

Revista Appai Educar Paty destaca que tais atividades podem ser integradas de maneira interdisciplinar. “As artes ensinam aos alunos que os problemas reais podem ter mais do que uma solução possível, que é necessário analisar as tarefas nas diferentes perspectivas. Que a imaginação é poderosa nos processos de resolução e que nem sempre existem regras definidas quando temos que tomar decisões. A expressão artística ajuda a diminuir a ansiedade, os sentimentos de raiva e depressão. Todo este processo criativo melhora as habilidades cognitivas, fomenta uma maior autoconsciência e ajuda na autorregulação”, enumera a especialista. A aprendizagem alegre estimula a memória, conforme aponta Sheyla Baum, realçando que ler com prazer ajuda a reter as palavras, assim como cantar alegremente as tabelas aritméticas mentais torna mais fácil integrá-las. “Por outro lado, uma grande onda de emoção interrompe a compreensão. Este é o caso quando ficamos chateados com notícias desagradáveis e então temos dificuldade de nos concentrar. Essas descobertas são comprovadas cientificamente pelas neurociências, disciplinas que estudam os mecanismos neuronais. Aqueles chamados de ‘afetivos e sociais’ giram em torno da interatividade do cérebro e das emoções. Eles devem ser diferenciados das neurociências cognitivas que observam os mecanismos cerebrais de percepção, habilidades motoras, memória etc. Os dois estão, no entanto, intimamente ligados”, endossa a professora. “Asartesensinam aosalunosqueos problemas reais podemtermaisdo queumasolução possível...”

Revista Appai Educar Formação continuada x diversidade em sala de aula A crescente diversidade nas salas de aula, marcada pela presença de alunos com diferentes necessidades especiais, como TDAH, transtornos de ansiedade e deficiências físicas, impõe novos desafios aos educadores. A fim de garantir uma educação de qualidade e inclusiva, torna-se imprescindível que as escolas invistam na formação contínua de seus professores. Priscila Romero evidencia que as escolas precisam compreender que todos os alunos devem ser olhados como indivíduos, como entes em suas particularidades, como crianças e adolescentes que (ainda) estão formando sua identidade, seu caráter e sua personalidade. Essas crianças e adolescentes, como todos nós, possuem tanto necessidades quanto habilidades diversas. “As instituições precisam investir em seus profissionais. Devemos ressaltar que todos os membros da escola precisam conhecer a diversidade encontrada em seu corpo discente. Não devemos apenas capacitar professores, coordenadores, mas, sim, diretores, inspetores e funcionários em geral. Pois quando conhecemos o ‘diferente’ temos uma melhor compreensão de quem ele é e de como podemos nos relacionar”, esclarece a especialista em Orientação Educacional e Pedagógica, Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e Educação Especial com Ênfase em Autismo.

Revista Appai Educar Priscila acrescenta que, alémdisso, os professores devem receber apoio emocional dentro da escola e que a educação emocional deve ocorrer para todos que são sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. “Diversos mestres necessitamde auxílio em muitas situações, dentro de sala de aula com seus alunos, sejamelas esperadas ou não. Ter alguémda equipe que possa elaborar uma escuta amiga, agir positivamente e estimular o docente é de suma importância na rotina educacional.”, pontua. De acordo com Sheyla, para aumentar o envolvimento dos alunos, é fundamental ser sensível e atento aos interesses, necessidades e paixões da turma. As instituições devem se intensificar em sua preparação para atender estudantes com diferentes transtornos, como TDAH, distúrbios de ansiedade e deficiências físicas, além do autismo. “Os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem constituem um grupo muito diverso, portanto é necessário implementar várias intervenções, como a utilização de recursos audiovisuais, realizar ajustes no ambiente, diminuir a complexidade das tarefas, fornecer feedback positivo, explicar de forma clara, alterar as instruções e métodos de execução das atividades e minimizar a quantidade de textos escritos que precisam ser copiados”, adverte a professora.

Revista Appai Educar Integração de alunos com transtornos emocionais e cognitivos na rotina escolar Um dos muitos desafios enfrentados por nossos educadores centraliza-se na integração de alunos com transtornos emocionais e cognitivos na rotina escolar, e como o currículo pode ser adaptado para promover uma aprendizagem inclusiva. Sabemos que a inserção de alunos com necessidades especiais na rotina escolar é um desafio que exige uma abordagemmultidisciplinar e personalizada. No Brasil, a diversidade cultural e social amplifica essa complexidade. Apesar dos obstáculos, a mudança é possível quando cada membro da comunidade escolar assume seu papel, contribuindo com ações concretas para adaptar o currículo e criar um ambiente inclusivo. Para nossos especialistas a soma de pequenos esforços individuais pode gerar um impacto significativo na vida dos estudantes. Sheyla Baum elenca que os educadores precisam compreender os transtornos de aprendizagem e suas implicações no processo educativo. Segundo ela, essa formação pode ser incentivada dentro das próprias escolas, através da criação de grupos de estudo e do uso de bibliografia fundamentada na Ciência.

Revista Appai Educar “A avaliação psicopedagógica, que visa identificar as facilidades e dificuldades dos alunos, é também uma ferramenta fundamental para elaborar intervenções adequadas. Os educadores enfrentam significativos obstáculos ao incluir alunos com distúrbios emocionais e cognitivos no ambiente escolar, especialmente pela desarmonia entre a escola, os pais e os professores. “A criação de uma rede de suporte para todos os participantes é essencial”, atesta Sheyla certificando que, para garantir uma educação inclusiva, precisamos entender que, na verdade, não são os estudantes que não aprendem. A escola é que, muitas vezes, não está habituada a lidar com a diferença e, assim, não oferece estratégias pedagógicas que favoreçam a criação de vínculos, as relações de troca e o acesso ao conhecimento. Em sua avaliação, Priscila Romero menciona que o maior desafio sejam as cobranças que são feitas a si mesmos, principalmente aos novatos. “Queremos fazer o melhor e sabemos que lidamos com vidas, não com objetos. Somos exemplos e parâmetros para muitos dos nossos alunos e devemos agir como tal. A cobrança é inevitável. Muitos professores, que não se especializaram em Pedagogia e se formaram em um passado em que não havia estudos sobre inclusão e transtornos mentais no ambiente escolar, podem, hoje, sentir insegurança ao receber, em sala de aula, um público tão desigual”, constata.

Revista Appai Educar Romero prossegue ao afirmar que é preciso lembrar que, no passado, mesmo não ocorrendo uma preparação, um estudo voltado para a (d) eficiência, muitos mestres já realizaram Inclusão Escolar, mesmo antes de haver uma política educacional voltada para pessoas com necessidades educacionais. Esses professores, sem possuírem diagnóstico de um discente, perceberam suas particularidades e agiram da melhor forma possível para acolhê-los e auxiliá-los ao aprendizado. “O currículo escolar deve proporcionar a ocorrência de aprendizagens dinâmicas, uso de recursos tecnológicos apropriados, auxiliares de turma ou mediadores quando turmas grandes ou de maior complexidade, adaptações necessárias aos materiais educativos e às avaliações, além de garantir a existência de um currículo mínimo e funcional natural.”, completa.

Revista Appai Educar A partir de tudo que ouvimos e aprendemos, fica evidente que a construção de uma escola verdadeiramente inclusiva passa pela valorização da diversidade e pela promoção do bem-estar emocional de todos os estudantes. A educação emocional, nesse contexto, desempenha um papel fundamental, ao proporcionar ferramentas para que os alunos desenvolvam habilidades socioemocionais como empatia, autoconhecimento e resolução de conflitos. Ao integrar a educação emocional às práticas pedagógicas, as escolas podem criar ambientes mais acolhedores e equitativos, onde todos se sintam valorizados e pertencentes. É o que todos nós queremos, buscamos e trabalhamos juntos para que aconteça! Fontes: - Priscila Romero - Especialista emOrientação Educacional e Pedagógica, Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e Educação Especial com Ênfase em Autismo. Autora dos livros “Aluno TDAH – a pedagogia e a realidade do transtorno” e “Aluno com deficiência intelectual – conceitos, perspectivas e orientações pedagógicas”. - Sheyla Baum - Professora de Educação Infantil e pós- -graduada em Neuroaprendizagem e Psicomotricidade. Autora do livro “Livro da vida – pensar, sentir e se emocionar” e coautora de “O cérebro que se comunica – diálogo entre a neurociência e as diversas ciências”. Ambos pela WAK Editora. - Paty Fonte - Consultora educacional, especialista em Pedagogia de Projetos e Educação Infantil. Entre os livros publicados estão “Competências socioemocionais na escola” e “Práticas socioemocionais para dinamizar o ambiente escolar”, ambos pela WAK Editora.

Revista Appai Educar FOLCLORE VIVO Projeto estimula a recomposição da aprendizagem por meio de atividades que valorizama diversidade cultural HISTÓRIA POR ANTÔNIA FIGUEIREDO

Revista Appai Educar A cultura popular brasileira é uma ponte entre o passado e o presente, conectando gerações por meio de tradições, histórias e manifestações que refletem a identidade de um povo. Em um país rico em diversidade como o Brasil, projetos educativos que promovam o resgate do folclore desempenham um papel fundamental na preservação da cultura. Foi com esse objetivo que o Colégio Estadual Manoel Bandeira, em Duque de Caxias, implementou o projeto Vivendo as tradições folclóricas em parceria com a ACDAS de Entretenimentos Culturais e o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP/Iphan), possibilitando uma experiência cultural e educativa imersiva para os alunos.

Revista Appai Educar O projeto teve como meta estimular a recomposição da aprendizagem por meio de atividades que valorizam a diversidade cultural e incentivam a pesquisa e a criatividade. Para isso, cada uma das 13 turmas da escola, desde o Ensino Fundamental até o Médio, foi responsável por uma temática específica relacionada ao folclore brasileiro, abordando disciplinas como Arte, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, História e Geografia. “As turmas exploraram diversos aspectos da cultura popular, criando salas temáticas, que abrangeram desde brinquedos e brincadeiras folclóricas até a culinária típica de cada região do Brasil”, destaca a equipe de professores. Com 359 alunos envolvidos, o projeto não apenas reforçou a integração entre as disciplinas, mas também fortaleceu o sentimento de pertencimento e orgulho cultural.

Revista Appai Educar Durante a culminância do projeto, o colégio se transformou em um verdadeiro espaço cultural. Salas decoradas com trabalhos manuais e exposições museológicas proporcionaram aos alunos e à comunidade escolar uma vivência autêntica do folclore brasileiro. Os visitantes tiveram a oportunidade de explorar lendas regionais, como a do lobisomem e do Bumba Meu Boi, ver de perto esculturas inspiradas no artesão Mestre Vitalino e degustar pratos típicos das diferentes regiões. A exposição incluiu ainda acervos bibliográficos e visuais do CNFCP, que enriqueceram a experiência dos participantes.

Revista Appai Educar Explorar as raízes culturais O projeto Vivendo as tradições folclóricas gerou grande impacto entre os alunos, despertando o interesse em explorar as raízes culturais e os costumes regionais. A experiência permitiu aos jovens desenvolver habilidades criativas e lúdicas, contribuindo para uma educação mais diversificada e conectada com o cotidiano. “Foi uma experiência incrível conhecer e viver nossa cultura brasileira, se vestir, apresentar e ouvir músicas sobre o nosso folclore. Desejo que todas as crianças e adolescentes possam ter o prazer de viver isso um dia. Viva a nossa cultura!”, expressou Alexia da Silva Macedo, aluna da turma 901. Ana Sophie Menezes Romualdo, da turma 3.001, ressaltou a importância de projetos como esse na preservação da cultura: “Participar do projeto do folclore, além do aprendizado, significa que a cultura continua viva, já que estamos falando de uma tradição passada de geração para geração”. Já Bruna, da turma 702, destacou a experiência de experimentar comidas típicas e a união que o projeto proporcionou entre os colegas.

Revista Appai Educar Colégio Estadual Manoel Bandeira Rua Itaguaçu s/nº – Santa Lucia – Duque de Caxias/RJ CEP: 25271-210 Tel.: (21) 98127-5229 E-mail: mpenhaquimica@gmail.com Valorização da cultura e integração comunitária Além de ampliar o conhecimento sobre o folclore brasileiro, o projeto também serviu como um elo entre os alunos, a escola e a comunidade, promovendo o respeito às culturas indígena e quilombola e ao sincretismo religioso. O envolvimento de todos os setores escolares foi fundamental para o sucesso da iniciativa, que reforçou a importância do trabalho em equipe e o prazer de aprender de forma dinâmica e criativa. O Colégio Estadual Manoel Bandeira segue firme em seu compromisso de educar e formar cidadãos conscientes da importância da preservação cultural. Em tempos em que as tradições são desafiadas pela modernidade, projetos como o Vivendo as tradições folclóricas são vitais para que as gerações futuras conheçam e valorizem a riqueza de seu país. Conheça as salas temáticas Turmas 601/602 Brinquedos e brincadeiras folclóricas / Canções, cantigas e cirandas Turmas 701/702 Literatura: Lendas das regiões –Norte e Nordeste Turmas 801/802 Literatura: Lendas das regiões – Sul, Sudeste e Centro-Oeste Turmas 901/902 Culinária de todas as regiões Turmas 1.001/1.002 Ervasmedicinaisdetodasas regiõeseartesanatosquilombolas Turma 2.001 Confecção das bonecas de pano, lenda do Lobisomem Turma 2.002 Artes, produção de tintas e esculturas doMestre Vitalino Turma 3.001 Danças, confecção dos bois Garantido e Caprichoso

Revista Appai Educar AMARELO É MAIS QUE UMA COR Projeto promove ações educativas interdisciplinares para destacar a importância de abordar a saúdemental nas escolas SAÚDE EDUCACIONAL POR ANTÔNIA FIGUEIREDO Durante o mês de setembro, campanhas em todo o Brasil se voltam para a conscientização e prevenção do suicídio, uma iniciativa conhecida como Setembro Amarelo. Entretanto, a urgência do tema nos leva a entender que em todos os meses, dias e anos, são necessários alertas, sobretudo nas escolas, com o objetivo de promover o bem-estar e criar um ambiente de apoio e acolhimento entre os estudantes. Isso porque, de acordo com dados de pesquisas, o Brasil enfrenta um dos momentos mais sensíveis, principalmente no que diz respeito ao alto número de suicídios entre jovens brasileiros de 15 a 29 anos, sendo esta considerada a quarta maior causa de morte. Ainda segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente ummilhão de pessoas dão fim à própria vida ao redor do mundo todos os anos.

Revista Appai Educar A fim de trazer luz a esse tema sensível, mas de suma relevância, a equipe pedagógica do Colégio Estadual Nova Alvorada, sob a orientação das professoras Elza Fuly e Daniella Vailant desenvolveram o projeto Setembro Amarelo – pela valorização da vida, com os estudantes do Ensino Médio, durante o segundo e o terceiro bimestres do ano letivo, a fim de que no mês da campanha as ações educativas de forma interdisciplinar fossem desenvolvidas, juntamente com os demais professores que refletiam sobre a proposta.

Revista Appai Educar Tratar de forma aberta e educativa Educadores e especialistas na área destacam a relevância de tratar o assunto de forma aberta e educativa, desmistificando tabus e construindo um espaço seguro onde crianças e adolescentes se sintam ouvidos e acolhidos. “Diante deste cenário atual e dos dados alarmantes, é necessário que abordemos o tema ‘saúde mental’ ainda nos primeiros anos de escolarização de maneira descomplicada, mostrando a importância de respeitar as próprias diferenças e entender os próprios sentimentos”, pontua a professora Elza Fuly. De acordo com a também idealizadora do projeto Daniella Vailant, a atividade objetivou contemplar ações de combate à depressão e ao suicídio, produzir uma reflexão sobre a importância da saúde mental e desenvolver habilidades socioemocionais mais efetivas, por meio de atividades que favorecessem o alunado, no sentido de entenderem a si próprios e aos outros sem julgamento, dando espaço ao acolhimento. “E para tanto, é necessário que todos os envolvidos estejam atentos ao desenvolvimento das questões socioemocionais. A escola deve fomentar essas competências por meio do aperfeiçoamento das inteligências emocionais, portanto é necessário que estimulemos a descoberta desta dimensão por meio do comportamento e da interação com o outro”, destaca Daniella.

Revista Appai Educar Prevenir e identificar os sinais As atividades práticas realizadas entre os alunos buscaram também conscientizar a comunidade escolar e os familiares sobre a importância de identificar sinais de sofrimento emocional entre os jovens e aparentados. Para complementar as ações, os estudantes produziram cartazes nos quais continhammensagens de apoio e solidariedade, gráficos com dados estatísticos, mitos e verdades sobre o tema e as principais causas de suicídio com ênfase no bullying, além das informações sobre órgãos responsáveis por atendimentos, dentre outros. Segundo a professora Elza Fuly, os materiais confeccionados foram afixados no pátio da escola e todo o conteúdo explorado, bem como a história e a importância da campanha, foram explicados pelos próprios alunos, além de apresentações de músicas e poemas alusivos ao tema. O projeto contou, também, com a participação voluntária de uma formanda do curso de Psicologia, Bruna Thimóteo, que pontuou questões muito relevantes sobre o tema e propôs aos ouvintes refletirem sobre a importância do acolhimento para a saúde mental.

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