E-BOOKEXCLUSIVO Otemadeste e-bok precisaserdiscutidonasescolas!Elesepropõeaexplorarosdesafios, estratégiaseabordagenstransformadoras,oferecendovaliosos insights Ano27-164-2024-CIRCULAÇÃO DIRIGIDA-DISTRIBUIÇÃOGRATUITA
2 E-book Revista Appai Educar Nos últimos anos, fenômenos naturais têm impactado significativamente nossa rotina, alterando a maneira como nos relacionamos e cuidamos do ecossistema. Nesse contexto, as escolas assumem um papel fundamental na formação de cidadãos comprometidos com a preservação ambiental e na construção de um futuro sustentável. E é nesse contexto que a Revista Appai Educar apresenta, nesta edição, o e-book “Educação Ambiental nas Escolas”, destinado a investigar os desafios, estratégias e potenciais transformadores dessa abordagem educacional fundamental. Para enriquecer e ampliar essa discussão, convidamos a professora universitária Simone Viana, Mestre em Políticas Sociais, pedagoga e historiadora, que nos oferecerá insights valiosos sobre o tema. Além dela, conversamos também com a Dra. Andressa Pinter dos Santos Ninin, que obteve mestrado e doutorado em Oceanografia Biológica, além de graduações em Ciências Biológicas e Pedagogia. Atua como coordenadora da Área de Ciências da Natureza no Colégio Santa Marcelina em São Paulo.
3 E-book Revista Appai Educar Começamos a nossa conversa por um dos pontos mais discutidos na sociedade, que é a real importância da Educação Ambiental na formação dos estudantes em termos de consciência sustentável. A Mestre em Políticas Sociais Simone Viana argumenta que a educação ambiental possibilita desenvolver o conhecimento vivido no cotidiano de cada aluno, relacionando conteúdos e práticas na preservação do meio ambiente e oportunizando mudança de atitudes, hábitos e valores. Segundo ela, é a preservação da vida humana, que também inclui a conservação do bem comum e da natureza do ser humano, um trabalho de conscientização possível a partir da integração entre educação, sustentabilidade, reciclagem e responsabilidade social.
4 E-book Revista Appai Educar Para a especialista Andressa Pinter, a Educação Ambiental é um processo que visa sensibilizar, conscientizar e educar as pessoas sobre questões ambientais, promovendo a compreensão da relação entre seres humanos e o meio ambiente. “Ela é fundamental na formação dos estudantes, pois desenvolve uma consciência sustentável, incentivando a adoção de práticas e atitudes que promovam a preservação do meio ambiente e a construção de um futuro mais sustentável”, explica. “É importante ressaltar que, a partir da Rio-92, a Educação Ambiental passou a ser inserida no contexto escolar de maneira cada vez mais abrangente e diversificada, estritamente dependente da perspectiva educacional e da conotação que se tem de ambiente, mas de modo geral com uma orientação para a sustentabilidade, enfatizada em 2002 na declaração da ONU, que decretou o período de 2005-2014 como o decênio da educação para o desenvolvimento sustentável”, frisa.
5 E-book Revista Appai Educar Desafios e oportunidades Não tem como falar de mudança de atitude, de conscientização, sem proferir os desafios que cruzam esse caminho de renovação e de revolução socioambiental. E no contexto educacional, educar para a sustentabilidade é uma proposta desafiadora, pois implica criar condições para que as iniciativas educacionais sejam estratégicas na realização das mudanças necessárias, motivando os alunos a agir com responsabilidade em direção às metas de sustentabilidade e responsabilidade social. A Mestre em Políticas Sociais enfatiza que todos esses atores contribuem na formação de sujeitos críticos, responsáveis e ativos na sociedade em que vivemos. “Aplicados a novas descobertas e formas de aprender, utilizando materiais e metodologias diferenciadas para ampliar o saber fazer, permitindo que o conhecimento se alie com a prática em um ambiente de aprendizagem”, ressalta. Ainda segundo Simone Viana, repensar a questão da sustentabilidade na Educação em seu contexto ampliado envolve uma perspectiva mais aberta, clareza da finalidade do ato educativo, posição política e concepção de homem e mundo. “Precisamos vencer grandes desafios no processo educativo, e para isso se faz necessário desconstruir paradigmas sociais e acadêmicos da linearidade do conhecimento, da fragmentação do saber, e oportunizar um planejamento didático que viabilize o diálogo, a cooperação e a troca entre educação e sustentabilidade”, atesta. Já para Andressa, um dos principais desafios é a falta de integração da Educação Ambiental de forma transversal em todas as disciplinas, já que muitas vezes é tratada de forma isolada. “Além disso, ocorre a ausência de formação dos professores e a escassez de materiais didáticos adequados”, completa a coordenadora da área de Ciências da Natureza.
6 E-book Revista Appai Educar Integração interdisciplinar Mas nesse cenário de perspectivas positivas e outras nem tanto, como a Educação Ambiental pode transcender as fronteiras disciplinares, conectando diferentes áreas de conhecimento em uma abordagem abrangente? Na opinião de Simone Viana, para que haja o alcance dessa proposta, é necessário implementar a disciplina no processo ensino-aprendizagem de acordo com as especificidades da BNCC (Base Nacional Comum curricular) acerca da sustentabilidade e consciência ambiental, além de disponibilizar material didático-pedagógico para auxiliar os profissionais de educação na abordagem destes temas. “É necessário também realizar pesquisas para o monitoramento e avaliação desse trabalho. Nesta perspectiva, a BNCC proporciona à escola refletir sobre o seu currículo, sobre as necessidades de sua comunidade escolar quanto à realidade de diversificar as práticas pedagógicas e ampliar um leque de possibilidades para a formação do educando. Nessa concepção, ainda segundo a historiadora, o ensino-aprendizagem oportuniza um espaço-tempo de reflexão crítica acerca
7 E-book Revista Appai Educar da realidade social sendo, sobretudo, referência para o processo de construção das identidades desses sujeitos e dos grupos aos quais pertence, o que é determinante na construção da leitura de mundo deste aluno. “Por isso, se faz necessário e urgente refletirmos nossas práticas educacionais, por uma educação ambiental crítico-social”, revela a Mestre. Para Andressa Pinter, a Educação Ambiental pode ser integrada de forma interdisciplinar, proporcionando uma compreensão ampla e contextualizada das questões ambientais. “Por exemplo, com Ciências Naturais e Biologia, os alunos podem explorar os ecossistemas locais e entender os impactos da atividade humana na biodiversidade. Já a Geografia pode abordar as relações entre sociedade, economia e ambiente, enquanto a Matemática pode auxiliar na coleta e análise de dados ambientais. Além disso, Língua Portuguesa, Artes e Educação Física podem contribuir com projetos e atividades que envolvam reflexão, expressão e contato direto com o meio ambiente, promovendo uma aprendizagem significativa e o desenvolvimento de cidadãos mais conscientes e responsáveis”, sugere.
8 E-book Revista Appai Educar Formação de professores O cotidiano da sala de aula é muito mais que um local de ensinar e aprender, de trocar saberes, é um lugar cercado de muitas nuances, alegrias e oportunidades, dentro desse panorama macro. E para fazer jus ao desafio de abordar questões ambientais no cotidiano escolar, a escola precisa criar condições para que o docente possa mobilizar-se, pontua Simone Viana. “Precisa-se construir um ambiente socialmente justo e ecologicamente equilibrado, criando e ressignificando possibilidades na construção de novos saberes aliando teoria e prática, buscando ações dialógicas, interativas, um ensino reflexivo e relevante para o cenário atual, um exercício do aprender a aprender, aprender a ser, aprender a conviver e aprender a fazer”, sinaliza a Mestre. Simone destaca outros dois pontos cruciais: pesquisa e extensão na docência. Na opinião da docente estas dimensões são vitais, pois capacitam os educadores a compreender plenamente o papel da docência, fornecendo-lhes uma base científico-pedagógica robusta para lidar com os desafios contemporâneos. Isso inclui a capacidade de se tornarem agentes ativos de sua prática profissional, integrando uma variedade de conhecimentos sobre Educação Ambiental e Sustentabilidade. Ressalta-se a importância da abordagem plural e interdisciplinar, combinando conhecimentos científicos com uma compreensão mais ampla das relações humanas, ambientais e culturais. “Essa abordagem valoriza a diversidade cultural e busca estabelecer uma conexão significativa entre o currículo escolar e as tendências emergentes na sociedade”, esclarece.
9 E-book Revista Appai Educar Estratégias pedagógicas Quando se fala em estratégias pedagógicas nos deparamos com procedimentos pensados e implementados. Entretanto, sensibilizar os alunos sobre a importância da sustentabilidade e incentivá-los a adotar práticas mais conscientes também fazem parte dessa colcha de ações e processos que visam alcançar o aluno com uma educação qualitativa e plural. “É preciso que o professor desenvolva em suas aulas recursos diversos, de acordo com os seus objetivos propostos, pois assim possibilitará uma aprendizagem mais dinâmica e de fácil apreensão por parte dos alunos, propiciando a formação de valores e atitudes que se associam com a sustentabilidade ambiental e a equidade social”, avalia. Nesse contexto Simone Viana listou (veja abaixo) alguns recursos que podem ser adotados em sala de aula, a fim de garantir um ensino mais complexo, dinamizado, eficaz e de qualidade onde os alunos possam ver, ouvir e relacionar com o que já sabem e com a realidade, despertando o interesse dos educandos e tornando a aula mais dinâmica, além de contribuir na formação de cidadãos críticos, transformadores e sensíveis ao meio em que vivem.
10 E-book Revista Appai Educar • Recursos visuais – slides, painéis, recortes de revistas, trabalho com diversos textos que favoreçam facilidade na interpretação deles, podendo ampliar estes recursos com trabalhos em grupo. • Recursos auditivos – músicas, paródias, por exemplo, são muito eficazes para facilitar o processo de ensino-aprendizagem e a integração entre os alunos. • Recursos audiovisuais, como filmes, documentários, vídeos, são grandes facilitadores na compreensão dos conteúdos, podendo-se elaborar relatórios, debates sobre eles. • Recursos múltiplos – jogos, elaboração de trabalhos criativos e manuais como livros, maquetes, atividades em grupo, oficinas de artes, leitura, poesia, elaboração de jogos com material reciclável que atenda as diversas disciplinas. • Metodologias ativas de aprendizagem – são aplicadas com o suporte de tecnologias. E essa combinação pode trazer ótimos resultados para as práticas envolvendo educação ambiental e a formação integral dos alunos, permitindo o desenvolvimento de habilidades e competências essenciais para o futuro, como investigar, questionar, analisar, criar, interpretar, resolver problemas e desenvolver soluções.
11 E-book Revista Appai Educar Empatia, família e responsabilidade social Ao ser indagada como a Educação Ambiental pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos, como empatia e responsabilidade social, a Mestre Simone Viana enfatizou que, para promover o avanço dessas habilidades, o professor deve criar diversas situações de ensino-aprendizagem. “Isso permite que eles construam soluções, reflitam sobre elas e aprendam a discernir limites e possibilidades em sua atuação e transformação da realidade ambiental. Reconhecendo a importância de contemplar o ser humano como um todo e estabelecendo uma conexão do indivíduo com o meio, esse processo educativo visa desenvolver capacidades de percepção crítica, empatia, responsabilidade social e autoconhecimento”, aponta.
12 E-book Revista Appai Educar Sabemos que, quando se trata de envolver pais e responsáveis de maneira mais ativa na promoção da consciência sustentável, entre outras, as abordagens usadas pela escola são as mais variadas. Que vão desde convites para se assistir reuniões, palestras e outros eventos, mas nem sempre essas estratégias surtem os efeitos desejados, uma vez que é essencial que a escola conheça e respeite o entorno cultural e social dos alunos. “Isso envolve compreender suas memórias, tradições familiares e valores, além de valorizar suas vivências e cultura. A escola deve ter clareza de seu currículo e projetos pedagógicos, promovendo discussões sobre a possibilidade de mudar a realidade e repensar a Educação Ambiental no entorno escolar. Essa abordagem contribui para a formação de cidadãos capazes de transformar e preservar o ambiente em que vivem”, afirma Viana. De acordo com a especialista Andressa Pinter, essas habilidades podem ser desenvolvidas ao se promover a reflexão sobre as consequências das ações humanas sobre o meio ambiente e a vida de outras pessoas e seres vivos. A Educação Ambiental estimula o respeito, a cooperação, a solidariedade e o senso de pertencimento à comunidade global.
13 E-book Revista Appai Educar Conexão com a Educação Ambiental Fortalecer os princípios da Educação Ambiental, e conectar os alunos com questões ambientais globais ao integrar novos recursos tecnológicos na prática educativa, parece algo simples. Mas na prática ainda há muitas variantes que precisam ser conectadas a esse propósito ativo. “Todavia, hoje, por meio de multimídias, como texto, mapas, gráficos e vídeo, os professores podem problematizar o conhecimento ambiental apresentado em suportes digitais, incentivando os alunos a se apropriarem dele e utilizá-lo na construção de atitudes ecológicas,” frisa a professora, enfatizando que os indicadores tangíveis de sucesso na implementação de programas de Educação Ambiental nas escolas incluem a contextualização da educação ambiental à realidade dos estudantes, de maneira interdisciplinar e alinhada com a legislação educacional vigente, como a Política Nacional de Educação Ambiental.
14 E-book Revista Appai Educar Nesse contexto, Andressa Pinter ressalta que podem ser utilizados recursos como vídeos, jogos educativos, aplicativos, simulações, plataformas on-line, redes sociais e projetos de educação a distância. “Além disso, no desenvolvimento de projetos podem ser construídos dispositivos de monitoramento ambiental, como sensores de qualidade do ar e da água, que os estudantes possam usar para coletar dados ambientais em suas comunidades. Uso de softwares de visualização de dados para analisar e interpretar informações ambientais coletadas por eles. Experiências imersivas em realidade virtual (RV) e realidade aumentada (RA) que permitam aos alunos explorar ecossistemas naturais em todo o mundo e entender melhor as interações entre os seres humanos e o meio ambiente”, exemplifica.
15 E-book Revista Appai Educar São Paulo. Pensando no futuro Para preparar os estudantes para enfrentar os desafios ambientais em constante evolução, é essencial incentivá-los a se engajar nos processos de desconstrução e reconstrução dos paradigmas na Educação Ambiental. Com o reconhecimento legal da Educação Ambiental como política pública, estabelecida pela Política Nacional de Educação Ambiental (Pnea), Lei nº 9.795/1999, vemos um avanço significativo no compromisso com a construção da sustentabilidade e do conhecimento crítico. E nesse viés de sustentabilidade socioambiental, Simone Viana destaca que proporcionar aos alunos um novo olhar sobre o ambiente, transformando e ressignificando seus conhecimentos, é fundamental para uma aprendizagem significativa e interdisciplinar. “A Educação Ambiental amplia a percepção sobre o ambiente, promovendo atividades sensibilizadoras que incentivam a comunidade escolar a repensar, reaprender e avaliar a conscientização planetária.
16 E-book Revista Appai Educar Para ela, o processo ensino-aprendizagem se apresenta de forma complexa na contemporaneidade e, para preparar os estudantes para enfrentar os desafios ambientais em constante evolução, faz-se necessário incentivar o engajamento nos processos de desconstrução e reconstrução dos paradigmas, das abordagens e das narrativas na montagem de conhecimentos acerca da Educação Ambiental. “O Decreto nº 4.281, de 25 de junho de 2002, reconheceu legalmente a Educação Ambiental como uma política pública no Brasil, estabelecida pela Política Nacional de Educação Ambiental (Pnea). Esse marco valoriza o compromisso com a construção da sustentabilidade, consciência ambiental e conhecimento crítico. É essencial proporcionar aos alunos um novo olhar sobre o contexto, transformando e ressignificando seus conhecimentos ambientais para uma aprendizagem significativa e interdisciplinar. A Educação Ambiental amplia a percepção do ambiente em que vivemos, promovendo atividades sensibilizadoras que incentivam a comunidade escolar a repensar, reaprender e avaliar a conscientização planetária”, completa a professora Simone Viana.
17 E-book Revista Appai Educar Por Antônia Figueiredo e Jéssica Almeida Simone Viana é Mestre em Políticas Sociais, pedagoga e historiadora. Professora da Universidade Estácio de Sá. Andressa Pinter dos Santos Ninin tem Mestrado e Doutorado em Oceanografia Biológica pelo Instituto Oceanográfico da USP, além de graduações em Ciências Biológicas e Pedagogia. Atua como coordenadora da área de Ciências da Natureza no Colégio Santa Marcelina, em São Paulo, onde também exerce as funções de assessora das aulas de Ciências do Ensino Fundamental anos iniciais e de professora de Ciências e Itinerário formativo Steam no Ensino Médio. E-mail: andressa.pinter@gmail.com.
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