REVISTA APPAI EDUCAR- EDIÇÃO 135
4 Revista Appai Educar Língua Portuguesa Por Sandro Gomes* *Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Revisor da Revista Appai Edu- car, Colunista da Appai, Escritor e Mestre em Litera- tura Brasileira. Emprimeiro lugar é preciso entender que as vogais são a base das sílabas, já que é nelas que recai a tonicidade, ou seja, a pronúnciamais intensa, por issomesmomais facilmente perceptível. Dito isso, va- mos observar que, dentre os fenômenos linguísticos que envolvemo uso de vogais, está aquele que tende a conduzir, principalmente na língua falada, a altera- ções nomodo correto de pronunciar. É o que vamos abordar agora. Observe algumas palavras: Pães - Pã i s / Regente - Regent i / Cortiço - C u rtiço / Nódoa - Nód u a Nesses vocábulos, as vogais destacadas são frequentemente pronunciadas utilizando-se o som de outras vogais. Isso ocorre em função de “leis” que presidem o fenômeno da fala e que em geral ganham esse contorno devido a uma maior facilidade ao pronunciar, ou seja, uma lei de menor esforço. Em tese, seria mais difícil, do ponto de vis- ta da fluência do aparelho fonador, pronunciar um e no final, por exemplo, da palavra regente . Como a mais básica função da língua é satisfazer a necessi- dade comunicativa, essa troca no som de algumas vogais torna-se algo extremamente comum. Sons de vogais e a semântica Se essas alterações na maneira de pronun- ciar são comuns na linguagem falada, é preciso ficar atento quando questões semânticas estive- rem envolvidas. Imaginemos a seguinte sentença: Esse é o comprimento ideal. Muitos utilizariam a pronúncia com u ( cumprimento ), caso em que, em tese, se estaria referindo à ideia de saudação ou mesura (cumpri- mentar alguém). Se o objetivo de quem proferiu a frase fosse se referir à ideia de medida (tamanho de algo), poderíamos estar diante de um “belo” equívoco semântico. É claro que, em grande parte dos casos, o contexto em que a sentença foi em- pregada tenderia a desfazer o mal-entendido, mas nem sempre isso ocorreria, daí a importância de se atentar para a mudança de som de vogais quando envolver problemas de semântica. Sons de vogais e falas regionais Dissemos acima que muitas vezes a troca de sons de vogais ocorre em função de uma espécie de “lei do menor esforço”. Apesar de isso ser algo bastante comum, não constitui uma questão uni- versal entre os falantes de uma língua, haja vista as diferenças entre falas regionais, que muitas vezes evitam essa mudança na pronúncia de vogais. Assim, emmuitos falares do mundo lu- sófono certos casos de pronúncia alterada não ocorrem. São exemplos: c o rtiço e não c u rtiço , em estados como São Paulo e Paraná, ou valent e e não valent i , em regiões do sul do Brasil. Da mesma forma, certos tipos de falares regionais são responsáveis por outras diferenças na pronúncia de vogais, como podemos ver em expressões como conheci menhin to , na fala dos paulistanos; pa iz (um i pronunciado na palavra paz dos cariocas) ou a pronúncia quase imperceptível de algumas vogais no falar dos portugueses, em termos como barata ( b’r ata ) ou careta ( c’re ta ). Sobre a pronúncia de vogais esse foi o pano- rama básico. Muita saúde e paz a todos no ano que temos pela frente. Até a próxima, pessoal! ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE PRONÚNCIA DAS VOGAIS
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