REVISTA APPAI EDUCAR - EDIÇÃO 133
33 Revista Appai Educar De acordo com Sara, o ideal é construir um novo processo de aprendizagem que envolva a au- toestima e mostre que é possível, sim, continuar na escola mesmo tendo em vista esse período de ruptura. “Gostaria de pedir aos meus colegas professores que entendam que muitos dos alu- nos que vão retornar as nossas salas de aula estão entre aqueles que precisam reaprender não so- mente o conhecimento curricu- lar, mas também a lidar com os colegas, com as regras escolares e com novos saberes adquiridos na pandemia. Tenhamos paciên- cia, empatia para que não so- mente os estudantes tenham um retorno saudável, mas para que nós, trabalhadores da educação, também nos sintamos respeita- dos como profissionais e como pessoas, tendo em vista que to- dos nós estamos nesse proces- so”, afirma a especialista. A educadora Bárbara Fernan- des acredita que a empatia seja o fator principal. “Vejo muitos colegas julgando alunos sem ao menos pensar na realidade de- les. Reclamando que as tarefas que entregam estão malfeitas ou incompletas. É o que aquele estudante pode oferecer sem o apoio presencial do professor. O que para a gente é fácil, para o aluno, na realidade que se apre- senta, não é. Só o fato de ele mostrar vontade de fazer a tarefa emmeio ao contexto em que ain- da estamos já é válido”, garante. Bárbara afirma ainda que o professor tem que se permitir ser acessível. “A gente tem que estar presente e também se colocar no lugar do aluno compreendendo as dificuldades por que a maio- ria passa, principalmente na rede pública. Se muitos colegas apre- sentam dificuldades em mexer na plataforma ou mesmo nas mí- dias, isso também se reflete no alunado que por vezes não tem nenhum meio de se comunicar e o pouco que ele entrega é o máxi- mo que conseguiu. Basta termos a reflexão: foi o aluno que se evadiu da escola ou a escola que o aban- donou?”, indaga a educadora. Para Eduardo Madeiro, quan- do falamos da adaptação das es- colas privadas emcomparação às públicas, fica nítida uma discre- pância de como os alunos dessas últimas foram prejudicados. “Se existiram relatos de estudantes de instituições particulares com dificuldades de acesso à inter- net, imagina nas redes de ensino dos estados e municípios, onde grande parte das famílias mal ti- nha condições de manter as suas necessidades básicas. Um cami- nho saudável para esse retorno é criar um ambiente agradável na escola. Pode ser um início de aproximação com esses alunos que já se encontravam por quase dois anos fora do espaço esco- lar”, pontua. Por Antônia Lúcia, Jéssica Almeida e Richard Günter Fotos: Banco de imagens gratuitas do Freepik. Fontes: Agência Câmara dos Deputados | Agência Brasil | CNN Brasil | Cenpec | Unicef * Sara Zarucki é doutora e mestra emCiências Sociais, especialista em Sociologia Urbana, Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais. Além disso, é pesquisadora no Laboratório de Pesquisas e Estudos em Edu- cação Superior (Lepes) e no Ciências Sociais e Educação (ICS). Publi- cou diversos artigos e capítulos de livros sobre a relação entre a socio- logia da educação e o ensino de sociologia. Além da pesquisa sobre a formação de professores de ciências sociais e o mercado de trabalho do cientista social. E-mail para contato: sara.zarucki@gmail.com.
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