REVISTA APPAI EDUCAR- EDIÇÃO 132

4 Língua Portuguesa Língua Portuguesa Por Sandro Gomes* FIGURAS QUE DÃO EXPRESSIVIDADE! *Graduado em Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa, Revisor da Revista Appai Edu- car, Colunista da Appai, Escritor e Mestre em Litera- tura Brasileira. No cotidiano da língua falada e escrita usamos figuras que têm a finalidade de dar mais expressi- vidade ao nosso discurso. Em boa parte das vezes não percebemos o emprego desses recursos, pois eles se encontram bem inseridos na nossa con- dição de falantes. Mas conhecer essas figuras é uma boa maneira de aumentar nosso domínio da língua, porque vai nos permitir dar, de forma inten- cional, maior brilho a nossas participações como falantes ou escritores. Vamos conhecer algumas dessas formas de exprimir nossas ideias? Figuras de som São aquelas em que a expressividade decorre da estrutura sonora das palavras. – Aliteração : repetição ordenada de vários sons consonantais. Observe esse exemplo no belo tre- cho da poesia de Chico Buarque: Esperando, parada, pregada na pedra do porto. Nota-se a abundância dos sons da letra “P” em- prestando toda expressividade ao conteúdo. – Paranomásia: nesse caso, aproximam-se palavras com sons parecidos, mas sem o mesmo significa- do. Veja: Sempre que posso, penso e passo adiante. Figuras de construção Usamos esse tipo de recurso em grande quanti- dade em nosso cotidiano. – Elipse: é uma omissão intencional e fácil de iden- tificar de algum termo na frase. Observe: Em todo o ambiente, não (há) mais que dois clientes. Suprimiu-se nesse caso o ver “haver”. – Zeugma: trata-se de omissão, mas de um termo que antes já fora pronunciado na frase. Exemplo: Ela costumava se exercitar pela manhã; eu, à tarde. – Polissíndeto: consiste na repetição de conectivos, ligando partes de orações ou de períodos, com fi- nalidade de realçar a expressividade. Veja: E a mulher chorava e sorria e se alegrava e se entris- tecia, tudo ao mesmo tempo. Repare que o abuso do conectivo “e” chama a aten- ção para o texto, porque de modo habitual usaría- mos vírgulas para separar esses verbos. – Silepse: é um recurso no qual se concorda com algo que não vem expresso mas está subentendido. Veja esses exemplos. Vossa Santidade ficou pensativo. No caso, o pronome de tratamento é feminino, mas usou-se o masculino porque está implícito que a pessoa pertence ao gênero masculino. Os Lusíadas entrou para o acervo da literatura uni- versal. O título da obra é no plural, mas, como se sabe que se está falando de um livro, realizou-se a concor- dância no singular. Como se trata de um assunto vasto, dada a quanti- dade de figuras de linguagem adotadas em língua portuguesa, vamos continuar na próxima edição com esse tema, trazendo outras questões interes- santes. Até a próxima, pessoal!

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