REVISTA APPAI EDUCAR- EDIÇÃO 132

16 Revista Appai Educar Alunos compartilham seus olhares Para os alunos, os sentimentos acerca da mu- dança gerada através do projeto parecem ter sido o real prêmio nesse processo de aprendizagem, afirma dona Jacyra Maria da Silva, de 61 anos. “Eu não es- tudava, estava em casa e a minha vizinha, dona Ge- raldina, foi a causadora de tudo isso. Ela já estudava aqui, conhecia a professora e o projeto que estava acontecendo e graças a Deus ela me incentivou e mui- to, eu agradeço muito a ela e a Deus tudo que fez por mim. Eu também queria aprender a ler melhor e a es- crever. Eu sabia alguma coisa, mas na escola mesmo não pude estudar muito por causa da minha mãe e do meu irmão, pois sempre ajudei em casa. Então, prati- camente, não estudei nem na infância nem na juven- tude. A escola para mim está sendo muito boa, muito mesmo, estou aprendendo a cada dia mais, apren- dendo muitas coisas que eu não sabia direito, muitas coisas boas aqui na sala. Estou convivendo com os amigos e gosto muito das pessoas daqui, me fazem bem. Quando me sinto sozinha, eu pego meu cader- no, fico no meu quarto e começo a estudar aquelas coisas todinhas. Tudo isso eu percebi no projeto, montei com muito carinho meu livro pessoal, sem- pre com capricho, colorido, e foi me dando vontade de escrever mais nele. Construí trabalhos que eu não imaginava ser capaz de realizar e vi que nossas histó- rias de vida aqui são valorizadas. Graças a Deus, é isso que eu tenho que falar da escola”, assegura a aluna. Quem também está radiante é a aluna Izaêu- da Paiva, de 49 anos, ao comentar o quanto é bom aprender. “Estou gostando, a Gisele é boa professo- ra, tempaciência. Eunão sabia de nada, estou apren- dendo o alfabeto todo, estou tendo aprendizado. Eu nem sabia falar direito, principalmente essa palavra: aprendizado. Estou aprendendo com a idade. Eu gostei de aprender a ler e escrever. A escola é boa, a professora, os outros professores e a dona Kátia é uma boa pessoa. Estudamos que temos ‛ escrevivên- cias " , que são as nossas vivências, eu nunca ia saber isso antes do projeto da escola. Eu consigo naquele tempo esquecer os problemas, tenho apoio como se fosse uma família e cada atividade do projeto fiz com organização e capricho. Às vezes parecia até que era criança de novo. A professora dizia sempre que éra- mos artistas, que podíamos escrever e termos nos- sas histórias”, exalta Izaêuda. Ter a oportunidade de volta à sala de aula e aprender a reaprender acrescentou um novo senti- do às vivências de Luiz Carlos Reis Nunes. “Está re- cente, mas eu falo uma coisa, eu estou me sentindo bemmelhor, melhorou bastante. Acho que a mente está ficando até mais limpa. Eu andava nervoso e no trabalho estava me aborrecendo, agora eu es- tou ignorando tudo, me desliguei das pessoas que me aborreciam, porque agora eu voltei a estudar. Ir para a escola mudou a minha mente. Estou com a mente boa, me sentindo bem, estou feliz de estar vindo pra escola. Eu largo 5 horas, entende, lá para as 4 horas já voume organizando e quando dá o ho- rário monto na bicicleta e venho correndo, chego em casa alegre à beça. Até minha esposa comen- tou que estou até mais positivo, me sentindo bem e que eu estou diferente. Acho que mudou muita coisa eu ter vindo estudar, porque no meu tempo de garoto eu não quis nada com estudo, mas agora estou interessado, gostando e muito feliz de estar estudando. No dia que comecei, a turma estava en- volvida com as atividades do projeto e o pouco que participei desde que comecei já me proporcionou tudo isso”, valoriza Luiz Carlos, de 57 anos.

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