Revista Appai Educar - Edição 128

30 Revista Appai Educar Uma forma de traduzir o pertencimento do estudante para o processo de autoestima na construção do aprendizado Ensinar é descobrir o que os alunos já sabem. É uma forma de lecionar o que eles vão ter de aprender e ajudá-los a realizar as associações entre os conte- údos. Existem muitos estudos com o objetivo de compreender os processos que envolvem a aprendizagem. Jean Piaget e Lev Vygotsky tiveram grande influência no estudo da psico - logia do desenvolvimento. Mas recentemente, de enorme rele- vância para o conhecimento da cognição humana, tem sido a colaboração dos pesquisadores no campo da neuroeducação. Para esses autores, a aprendi- zagem se baseia em processos cerebrais nos quais os resulta - dos cognitivos se ampliam pa- ralelamente ao desenvolvimento do cérebro infantil. Quando o professor enten - de como o cérebro processa, reconhece, lembra e transfere informações ao nível de circuitos neurais, sinapses e neurotrans- missores e, em seguida, com- partilha seu conhecimento com os alunos, a capacitação para ambos enriquece a motivação, a resiliência, a memória e os su- cessos da aprendizagem. Em uma explanação exclusi- va à Revista Appai Educar, Marta Relvas, doutora em Educação e especialista em Neurociência, nos explica de forma clara como funciona este processo estrutural no cérebro. Sobre a importância da neurociência na educação: “Quando a gente fala do cé - rebro, estamos falando de suas divisões relacionadas a proces- sos cognitivos, emocionais e as funções vitais. Por muito tempo houve uma dicotomia entre o processo cognitivo e a emoção, separando a razão para o cére- bro e a emoção para o coração. E isso perdurou por muito tempo nos campos filosóficos. Hoje a ciência vem dar como evidên- cia que o cérebro que pensa é o mesmo que se emociona. O corpo reage à emoção e à razão na elaboração do processo cog - nitivo. É aí que surge o grande diálogo com a educação. É por meio do cérebro que o compor - tamento e a aprendizagem se estabelecem. Para acontecer o aprendizado é necessário que se tenha interesse, atenção e memória. Nós não queremos nossos estudantes memorizando 'como um papagaio', mas sim memorizando com compreen- são. E a função da escola é ser a possibilidade de praticar algo importantíssimo, próprio de uma única espécie no planeta, que é a capacidade de transformar em gráfico o som e o visual, que são as letras e os números. Por isso é preciso conhecer o funciona- mento do cérebro, já que não nascemos com o conhecimento específico da leitura e da escrita. Todavia, nós desenvolvemos e potencializamos esses neurônios da parte superficial do cérebro, que é o processo cognitivo, por isso se faz necessário que o educador reconheça essa fun- cionalidade sistêmica”.

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