Revista Appai Educar nº 124 On-line

Revista Appai Educar 41 Juventude negra periférica: do extermínio ao protagonismo Outra brasileira finalista do prêmio foi Lília Melo, docente de Lín - gua Portuguesa e projetos na escola Brigadeiro Fontenelle, localizada em Terra Firme, em Belém no Pará. Em 2014, impactada pela violên - cia recorrente no bairro em que dava aulas, a professora começou a notar que a evasão escolar aumentou. Em uma tentativa de trazê-los de volta, estimulando a sua autonomia, ela lançou o projeto Juventu- de negra periférica: do extermínio ao protagonismo. A ideia era aprimorar e produzir arte na escola e para a comu- nidade, dentro e fora da sala de aula. A partir de oficinas de teatro, saraus, poesia, dança, capoeira, música e cinema, os estudantes de Ensino Médio passaram a ocupar a escola e as ruas com suas pró- prias vozes, criando vínculos e narrando suas vivências. Esse projeto rendeu à Lília o Prêmio Professores do Brasil, realizado pelo Ministé- rio da Educação (MEC), em 2018. Para trabalhar ainda mais a questão da representatividade, a edu- cadora mobilizou uma campanha, com a ajuda da imprensa local, para levar seus estudantes ao cinema. Nem todos tinham condições de comprar os ingressos para assistir o filme “Pantera Negra”, da franquia Marvel, que conta a história de um herói negro e uma comunidade única capaz de sal- var o mundo com a sua cultura e tecnologia. Na época, empresas se uniram para tornar essa opor- tunidade possível, custeando a viagem e os ingressos de cerca de 400 estudantes. As reflexões posteriores foram essenciais para motivar e estimular as produções audiovisuais do Cine Clube TF, feitas pelos próprios estudantes e exibidas na rua, para que toda a comunidade pudesse participar. Cine Clube TF. (Foto:Acervo Pessoal/Lília Melo)

RkJQdWJsaXNoZXIy MTA5NTc=