Revista Appai Educar - Edição 123

Revista Appai Educar 3 * Carlos Magalhães é licenciado em Física, mestre em Jornalismo e crítico de cinema. Reflexões sobre a docência no Ensino Superior Elizabete da Silva Machado* Este artigo é parte de um projeto maior, cuja meta principal foi refletir sobre a docência na educação superior, destacando tanto os retrocessos e impasses, bem como as possibilidades de avanço e crescimento do professor. Assim, buscamos fazer uma breve caracterização da docência universitária, descrever as iniciativas implementadas em função da capacitação do professor universitário e verificar junto a um grupo de profissionais de ensino superior que projeções eles fazem de si e da própria prática na docência superior. Este último ponto é aqui abordado. Como estratégia metodológica, fizemos entrevistas a partir de um conjunto de 6 perguntas, levadas a um grupo formado por 30 professores. Apenas 11 deles nos devolveram o questionário respondido. Para a análise das 66 respostas recebidas, estabelecemos um parâmetro de respostas, destacadas do referencial teórico utilizado. A partir daí tabulamos as respostas, para verificar até que ponto elas refletiam, em algum alcance, nossos parâmetros teóricos. Em nosso percurso, tomamos como diretriz central verificar em que medida o docente do ensino superior se veria como um “intelectual orgânico”, aquele que está sempre em interação com outros profissionais e com os alunos e, acima de tudo, não se vendo como mero gestor de conhecimentos, sem se deixar gerir, uma vez que a capacidade intelectual e criadora é inerente a todo e qualquer ser humano (LUCKESI, C. et al , Fazer universidade : uma proposta metodológica,1991). Tais colocações, longe de serem meras acepções teóricas, agregam implicações de ordem profissional, política e ideológica. Agregam projeções do sujeito-professor, dos seus “que- fazeres”, de sua prática e daqueles com quem este sujeito se relaciona. geralmente factual e seu verniz de objetividade e neutralidade, ainda que essas obras sejam clara- mente calcadas em um ponto de vista autoral e interpretativo. Quando se trata de longas baseados em fatos históricos reais, no entanto, nada mais natural que haver uma maior relutância devido jus- tamente a esse problema de veracidade. Mesmo assim, é importante não subes- timar a capacidade que esses filmes possuem de motivar alunos a aprenderem sobre história, principalmente por fazerem parte de uma cultura jovem e serem mais interessantes para eles do que aquilo que lhes é ensinado através de livros didáticos. A grande questão, então, seria como professores de história poderiam utilizá-los para ensinar de maneira crítica. Tendo em vista que filmes são discursos – ou textos –, eles podem ser debatidos e anali- sados como qualquer outro tipo de documento textual passível de interpretação, oferecendo também perspectivas sobre seu contexto de criação e sobre como o passado se relaciona com o presente. Basta apenas que os profes- sores saibam filtrar as informações corretas das incorretas, deixando claro para os alunos que esses filmes são perspectivas atuais – e moder - nas – de eventos passados.

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