Reduzir, reutilizar e reciclar

Saiba como deixar um legado impactante na sua escola e formar uma geração mais consciente


Quando falamos em sustentabilidade, um dos primeiros pensamentos que nos vêm à cabeça é ponderar uso demasiado de papéis e plásticos, porém os reais cuidados necessários não se resumem a estes materiais. Isso porque, infelizmente, vivemos em um planeta que está pedindo socorro constantemente. E a tendência é que nas próximas gerações encontremos a situação ainda mais grave, caso não sejam tomadas atitudes drásticas. Mas uma coisa é certa: não há solução simples para problemas complexos, contudo podemos partir de uma certeza: a educação é fundamental para se atingir essa meta.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), plano de ação firmado em 2015 pelos países que integram a Organização das Nações Unidas (ONU) como um marco civilizatório a ser atingido até 2030, vêm se consolidando como um amplo esforço de foco, mobilização, sistematização, acompanhamento, pressão para que prevaleçam boas ideias capazes de produzir transformações. E a escola está inserida nesse cenário. Isso porque, entre os 17 ODS, o de número 4 se refere exclusivamente à educação, embora o tema seja transversal.

Vale ressaltar que a meta 4.7 propõe que até 2030 é preciso garantir que todos os estudantes adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável. Por esta razão, é de extrema importância avançar nessa temática, tendo em vista que os anos de formação são o momento chave para se aprender a importância da sustentabilidade e refletir sobre o aquecimento global, a escassez de água, as montanhas de lixo se acumulando enquanto os recursos se esgotam. Logo, a escola tem um papel fundamental neste processo.

 

Como abordar a política dos 3Rs na escola?

O nome “3 Rs” vem da abreviação das três medidas a serem adotadas pelas pessoas para a melhoria do meio ambiente: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. A política foi criada para que as pessoas diminuam a produção de lixo. Trata-se de um incentivo ou uma campanha para influenciar a população a poluir menos o meio ambiente através de um consumo consciente e também de um manejo sustentável dos produtos e materiais utilizados no dia a dia.

 

Reduzir: para reduzir os resíduos, é preciso primeiro frear o consumo. Isso é extremamente complexo em uma sociedade que nos estimula a comprar o tempo todo. Portanto, é importante plantar essa semente nos alunos desde cedo.

Reutilizar: o segundo passo é buscar reutilizar aquilo que não foi possível reduzir. Fazendo uso da criatividade, é viável encontrar novas funções para objetos que antes seriam jogados fora.

Reciclar: depois de tentar reduzir e reutilizar, a última atitude possível é optar por enviar o produto para reciclagem, por meio da coleta seletiva. Além de diminuir o impacto dos resíduos sobre o meio ambiente, isso também ajuda economicamente catadores e cooperativas.

Estudos recentes comprovam que o uso da interdisciplinaridade funciona como fator de transformação pessoal, e não apenas como uma ferramenta de integração entre teorias. Tratando-se o tema da sustentabilidade de maneira integrada com as ciências humanas, exatas, arte, literatura e demais áreas do conhecimento, é possível se aproximar mais do aluno e levar a discussão para além da sala de aula.

 

Como a sua escola se posiciona?

Existem muitas formas da escola introduzir a reciclagem no dia a dia dos alunos de maneira convidativa, como promover palestras com ambientalistas, funcionários da prefeitura ou membros de associação de catadores, por exemplo.

Outra ideia divertida é realizar mutirões de limpeza e educação ambiental, onde os alunos participem do processo de coleta de resíduos, entrando em contato com a realidade da comunidade e levantando a discussão sobre o tema.

 

Atividades lúdicas também fazem o maior sucesso. Realizar gincanas, onde as provas estimulem a coleta, reciclagem e reaproveitamento de materiais sempre dá certo. Além disso, também é interessante abordar a importância da redução do consumo de papel e ensinar pelo exemplo. Algumas formas de fazer isso:

•  Incentivando o reaproveitamento de livros e materiais impressos

• Orientando os alunos a destinarem seus cadernos usados para a reciclagem

• Cultivando uma cultura de somente usar material impresso quando for imprescindível

• Investindo na substituição de papéis-toalha por secadores de mão nos banheiros. O que, além de econômico, é mais higiênico

• Substituindo a papelada por um sistema de gestão automatizado, que permita que documentos como boletins e diários de classe sejam acessados digitalmente

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ESG: O tema do momento

No cenário empresarial tem sido muito utilizada a sigla ESG para avaliar investimentos, profissionais e companhias. As três letras são as iniciais de Enviromental, Social e Governance (governança ambiental, social e corporativa) e resgatam as nossas responsabilidades como seres humanos. Essas palavras mostram quanto uma empresa está comprometida em ter uma operação mais sustentável em termos ambientais, sociais e de governança. Esse comprometimento deve ser aprendido e empregado nas organizações, as quais pretendem manter competitividade e alinhamento com seu público.

Tal termo não deveria ser uma novidade, tendo em vista que a educação precisa ser iniciada em casa, deixando para a escola seu desenvolvimento e por consequência uma ação natural no âmbito profissional, mas isso não vem acontecendo.

Outro ponto para que o ESG esteja tão em evidência é em decorrência da nova leva de investidores que têm um perfil mais consciente: os investidores millennials. Essa geração está entrando no mercado de trabalho e assumindo cargos de gestão e docência e não consegue entender um ambiente que não esteja engajado com essas preocupações.

Por isso, integrar o tripé ESG ao setor de educação é mais do que cuidar dos colaboradores e preservar o meio ambiente com práticas sustentáveis: é uma verdadeira oportunidade de embutir essa cultura das escolas.

Renata Frischer Vilenky, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e construtora de pontes entre pessoas e negócios, lista alguns passos possíveis para que seja aplicada a temática em sala de aula.

Trabalhar com a criação de hortas verticais e plantar pequenos alimentos em casa ou, na aula de química, testar o uso de carvão ativo para filtrar a água. Assim oferecemos aprendizagem aplicada, através de processos baratos e fáceis de fazer.

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Na aula de artes pode-se construir pequenas maquetes de casas ou lojas físicas usando lixo reciclável.

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Na aula de matemática ensine cálculo usando desde troca de materiais necessários para as outras aulas até a questão da redução do lixo que a sala consegue alcançar.

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Na aula de história pode-se trazer o contexto atual dos países que aplicam economia circular, para que os alunos entendam o benefício para a sociedade e se engajem na causa no Brasil.

 

Veja alguns exemplos práticos

> Exemplo de aplicação de economia circular: Upcycle Brasil

> Gerar sabão a partir do óleo de cozinha: Reportagem da Bahia no G1

> Como fazer uma horta vertical em casa: Vídeo YouTube

> Como criar filtro caseiro: Vídeo do guia do sobrevivente


Por Richard Günter
Fontes: ONU | Abrasca | Escolas do Futuro


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